Multiartista juazeirense Edy Star morre em SP aos 87 anos

por Carlos Britto // 24 de abril de 2025 às 18:52

Foto: Andres Costa/divulgação

Faleceu na madrugada desta quinta (24) o multiartista juazeirense Edy Star. Ele tinha 87 anos e era considerado um ícone da cultura queer. Edy foi um dos primeiros parceiros musicais de Raul Seixas.

Ele morreu em virtude do agravamento de complicações clínicas após um acidente doméstico sofrido na semana passada. As causas da morte foram insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.

É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do cantor, compositor, ator e performer baiano Edy Star, ocorrido nesta quinta-feira, 24 de abril de 2025, aos 87 anos. Edy estava internado em estado grave em São Paulo após sofrer um acidente doméstico na última semana. A morte de Edy Star ocorreu em decorrência de complicações clínicas que se agravaram nos últimos dias. O artista faleceu de forma serena, sem dor, enquanto recebia tratamento médico. As causas foram insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda – condições que, infelizmente, não puderam ser revertidas, apesar dos cuidados intensivos”, informou sua assessoria.

“Eu só fiz viver”

Edivaldo Araújo de Souza nasceu em 10 de janeiro de 1938, em Juazeiro (BA). Foi artista múltiplo: cantor, ator, performer, artista plástico, pioneiro da cultura queer no Brasil, e teve uma trajetória marcada pela irreverência e desafio às convenções, tendo sido o primeiro artista declaradamente gay no País.

Edy Star fez parte do lendário álbum ‘Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das Dez’ (1971), gravado junto a Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. Em 1974, a estreia solo no álbum ‘… Sweet Edy…’ (1974), com canções de grandes nomes da MPB – Roberto e Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil,  Moraes Moreira – feitas especialmente para ele gravar.

Além da música, sua trajetória inclui trabalhos no teatro, rádio e televisão, sempre marcados pela ousadia estética e liberdade criativa. Sua participação na versão brasileira do musical The Rocky Horror Show é ponto alto destes primeiros anos de trajetória artística.

Na década de 1990, Edy se muda para a Espanha e segue sua trajetória artística no teatro e como produtor de boates. Após quase 20 anos, retorna ao Brasil, retomando sua carreira musical, com o relançamento de ‘… Sweet Edy…’, que, antes obscuro, ganha aura de cult entre as novas gerações. Em 2017, mais de quatro décadas depois, Edy lança seu segundo álbum solo, ‘Cabaré Star’, com produção de Zeca Baleiro e participações de Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Felipe Catto.

Em 2023, ele lança o álbum ‘Meu amigo Sérgio Sampaio’, todo com composições do artista capixaba, seu parceiro no álbum ‘kavernista’. Recentemente, Edy havia lançado a campanha de financiamento coletivo do seu próximo álbum, que se chamaria ‘Ao meu amigo Raul Seixas’.

Vida e obra

Recentemente, a trajetória pessoal e artística de Edy foi revista em duas obras: no final de 2024, foi lançado o documentário ‘Antes que me esqueça, meu nome é Edy Star’, com roteiro de Carollini Assis e direção de Fernando Moraes; e no início deste ano – mais precisamente, no dia do seu aniversário, foi lançado o livro ‘Eu só fiz viver – A história oral desavergonhada de Edy Star’, biografia do baiano, escrita pelo historiador Ricardo Santhiago.

Pernambuco

Na sua trajetória artística, Edy Star também tem relação com Pernambuco, onde chegou através de excursões pelo Nordeste quando integrava a Companhia Baiana de Comédias. Na segunda metade da década de 1960, o artista estabeleceu-se na cidade de Olinda. No Recife, Edy trabalhou como produtor artístico na TV Jornal do Commercio.

Seu nome se destacou à época quando protagonizou, em 1967, o musical ‘Memória de Dois Cantadores’, junto com Teca Calazans, tendo como músicos Marcelo Melo e Geraldo Azevedo (violões), Generino (flauta) e Naná Vasconcelos (percussão). O espetáculo ganhou prêmios de Melhor Musical, Melhor Figurino e Melhor Conjunto no  Festival de Teatro de Pernambuco de 1968.

O sucesso do musical fez com Edy Star fosse convidado a defender a música ‘Dia Cheio de Ogum’, de Capiba, no festival ‘O Brasil Canta no Rio’, em dezembro de 1968, acompanhado de Naná Vasconcelos.

O reencontro de Edy Star com Pernambuco aconteceu 38 anos de seu último show no Recife, em 1977, no Teatro do Parque: em 2015, o artista faz um show junto com a banda Dunas do Barato, no festival ‘A Noite do Desbunde Elétrico’. A dobradinha com a Dunas do Barato se repetiria em 2017, quando se apresentaram na Virada Cultural de São Paulo. (Fonte: Folha/PE)

Multiartista juazeirense Edy Star morre em SP aos 87 anos

  1. Amon Pereira Gomes disse:

    De que família de Juazeiro era filho esse cidadão

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