Para 62% dos médicos brasileiros, país só terá tratamento efetivo contra novo coronavírus no final do ano

por Carlos Britto // 30 de abril de 2020 às 18:05

Foto: Miva Filho/SES

Uma pesquisa intitulada “Reflexão Médicos Covid-19: onda Brasil”, realizada pela Ipsos em parceria com a Fine Research – um instituto de pesquisa médica on-line -, identificou como 530 profissionais brasileiros de diferentes especialidades estão percebendo a pandemia do novo coronavírus no país. Segundo a opinião de 62% dos profissionais, o tratamento efetivo para a doença pode demorar mais de seis meses até estar disponível.

O pessimismo é ainda maior quando o tema é vacinação. A imensa maioria (95%) acha que tardará mais de um semestre até que o Brasil disponibilize uma vacina eficaz contra a doença. Além disso, três em cada 10 entrevistados (30%) creem que demorará mais de seis meses até haver um teste rápido e em grande escala para o coronavírus.

A pesquisa também listou as medidas mais eficazes, de acordo com os entrevistados, para conter a propagação da Covid-19. Com 87%, o cancelamento de eventos públicos ficou em primeiro lugar. A disseminação de campanhas de conscientização para higiene pessoal ganhou o segundo posto, com 85%. Já o desenvolvimento da capacidade de produzir testes em massa para a população foi citado por 83%, chegando à terceira posição.

O uso em massa de máscaras/materiais de proteção e o investimento em respiradores e recursos para terapia intensiva (UTI) foram as iniciativas que ficaram em quarto e quinto lugar, com 54% e 53%, respectivamente.

Curiosamente, medidas que têm sido utilizadas pelas gestões estaduais brasileiras foram citadas por menos da metade dos médicos participantes do estudo: o fechamento de escolas e empresas foi considerado uma ação eficaz por 49%; já a quarentena obrigatória, por 48%.

Apoio governamental

Oito em cada 10 profissionais (80%) afirmaram ter recebido guias de diagnóstico e informativos fornecidos pelos órgãos de saúde do governo. Dentre estes, 84% disseram que os protocolos disponibilizados eram claros ou muito claros, 11% opinaram que eram pouco ou nada claros e 5% não souberam responder. Quando perguntados sobre a efetividade das iniciativas promovidas pelo governo para conter a propagação do coronavírus no país, 87% consideraram muito efetivas ou efetivas, contra 13% que opinaram como pouco ou nada efetivas. Além disso, para a grande maioria, 80%, as iniciativas são justas; 6% acham muito restritas e 14% pouco ou nada restritas.

Recursos e atendimento médico

Os médicos entrevistados também avaliaram os recursos do país para o tratamento dos infectados pelo coronavírus. Segundo eles, a disponibilidade de testes para a doença é um recurso que se encontra em colapso e com estrutura inadequada. Já a disponibilidade de EPIs, de respiradores e de leitos na UTI foi identificada como recurso de possível colapso e estrutura pouco adequada – ou seja, provavelmente entrarão em colapso em alguns dias ou semanas.

A disponibilidade de médicos para diagnóstico, tratamento em casos de internação e de medicamentos e insumos básicos para tratamento foram categorizados como recursos de possível colapso e estrutura adequada – são aqueles que devem entrar em colapso nos próximos 30 dias.

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