Oposição de Lagoa Grande rebate denúncias de Cappellaro e afirma: “Prefeito precisa é mostrar trabalho”

por Carlos Britto // 26 de julho de 2017 às 09:49

Integrantes da bancada de oposição de Lagoa Grande (PE), no Sertão do São Francisco, decidiram rebater as denúncias feitas a este Blog pelo atual prefeito, Vilmar Cappellaro (PMDB). O gestor disse, entre outras coisas, ter encontrado um ‘rombo’ de R$ 12 milhões ao assumir a administração municipal e que teve dificuldades em obter informações da gestão anterior. Líder da oposição na Câmara de Vereadores, Carlinhos Ramos (PSB) assegurou que Cappellaro “falta com a verdade” e “precisa é mostrar trabalho”.

Segundo o vereador, até agora Cappellaro fala muito em “herança maldita”, mas ainda não apresentou números concretos para provar o que diz. Já Carlinhos, munido de vários documentos, mostrou ao Blog que, ao contrário do que afirma o atual prefeito, os restos a pagar até o dia 31 de dezembro de 2016 eram de R$ 6.363.447,66 – portanto, bem abaixo do “rombo” de R$ 12 milhões revelados pelo gestor.

Carlinhos afirmou, inclusive, que o antecessor de Cappellaro, Dhoni Amorim (PSB), tinha assumido a Prefeitura de Lagoa Grande com saldo negativo de R$ 9 milhões. “Ou seja, Dhoni ainda pagou mais de R$ 3 milhões”, observou o líder oposicionista.

Ele afirma que o problema do atual gestor é que, além de não ter ainda conseguido cumprir as várias promessas de campanha, Cappellaro tem dificuldades até mesmo de tirar do papel obras licitadas e convênios em execução ou em andamento. Como exemplo o vereador citou a Academia da Saúde, que ficou com 20% dos serviços iniciados, mas está paralisada. A mesma situação se encontra a Praça da Juventude do Povoado de Vermelhos e a Cozinha Comunitária.

Até as obras do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), que até o final do ano passado estavam sendo feitas, só foram retomadas – segundo Carlinhos – após seis meses da atual administração. “O prefeito mentiu tanto para a população, que não está conseguindo executar nem mesmo as obras que ficaram empenhadas da gestão passada”, alfinetou.

O vereador afirma ainda que única obra, de fato, que começou, foi a pavimentação da Avenida Flávio Ramos de Amorim (também licitada por Dhoni). Ainda assim, garante, foi fruto de um esforço do então deputado federal Fernando Filho, o qual o vereador da oposição afirma ter sido o único parlamentar a apresentar emendas ao município, mas o atual prefeito estaria evitando reconhecer. Além disso, Cappellaro também não diz quem de seus aliados está priorizando Lagoa Grande com emendas.

Transição

Outro integrante da bancada, Professor Vavá (PSB) também endossa as críticas. O oposicionista lembra que o atual gestor comprometeu-se em apresentar o tal “rombo” nos cofres municipais em 90 dias, mas já se passaram 180 dias e ele fica apenas “na conversa”. “Se existe, que ele prove, e não que fique só falando”, disse.

A bancada também questiona a informação de Cappellaro, em não ter conseguido as informações do governo passado, uma vez que o próprio prefeito participou da equipe de transição. Carlinhos, que foi secretário de Saúde no Governo Dhoni por dois anos e meio, lembrou inclusive que o atual prefeito chegou a elogiar as ações da Pasta.

Os vereadores de oposição dizem que eles é quem estão encontrando dificuldades em levantar informações da atual gestão. Segundo Carlinhos, nem mesmo a relação de convênios e contratos referentes ao Governo Dhoni ainda foram repassados. Já Professor Vavá mencionou um polêmico projeto de lei do Executivo para reparcelar dívidas relacionadas à Previdência dos servidores, que seria votado esta semana, mas ficou para a próxima segunda (31). Ele explica que a oposição pediu vistas ao projeto porque precisa de mais detalhes de como aconteceria esse reparcelamento – o que já foi solicitado à gestão e eles estão no aguardo dessas informações. Se o projeto não for aprovado, a prefeitura ficará sem ter como obter recursos de novos convênios.

Por esta razão, a vereadora Lindaci (PT) assegura que a bancada não agirá com “revanchismo” em relação ao Governo Cappellaro. Mas ela ressalta que o grupo não aceitará atitudes de “má-fé” por parte do prefeito, como vem fazendo, ao querer colocar na conta do seu antecessor dívidas contraídas também por outros ex-gestores. Com 11 vereadores, a atual legislatura de Lagoa Grande tem cinco integrantes da oposição e cinco da situação. Mas Iara, filha do ex-vereador Joaquim da Rocinha, é a presidente da Casa e também compõe o grupo adversário de Cappellaro.

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