Estudante critica falta de tempo no concurso da Infraero

por Carlos Britto // 22 de junho de 2009 às 16:54

infraeroO estudante Diego Bruno manifesta ao Blog sua indignação contra a organização do concurso público da Infraero, realizado ontem (21). Segundo Diego, o tempo de realização das provas não foi compatível com o grau de dificuldade das mesmas. Confira:  

Caro Carlos Britto,

Venho expor a minha indignação com a organização do 2º concurso público da INFRAERO, realizado pela Fundação Carlos Chagas. A realização do exame ocorreu na manhã de domingo (21) para o nível médio e à tarde para o nível superior. Após os procedimentos iniciais feitos por fiscais, deu início a prova que tinha duração de três horas. Até aí, tudo bem. Inscrevi-me para concorrer a uma vaga no nível médio, sendo que esse concurso só disponibilizou cadastro de reserva. A sequência das provas era português, Legislação da Infraero, matemática e informática, num total de 60 questões.

Minha revolta se deu pelo nível das questões da prova. É um absurdo colocarem 60 questões de dificuldade considerável para serem feitas em 3 horas (na verdade menos de 3 horas, considerando o tempo reservado para marcar o gabarito). O que me surpreende é uma empresa, que já tem tradição em realizar provas de concurso para todo o Brasil, tenha uma atitude tão amadora e tão irresponsável.

Questões de interpretação de texto e matemática demandam tempo. No momento em que tinha feito menos de 25 questões dessas disciplinas, as quais dei prioridade, a fiscal da minha sala comunica que faltava uma hora para o fim da prova. E pude perceber nas expressões de alguns candidatos à mesma insatisfação que a minha, e o que nos restou foi o velho e conhecido “chute”. Outro aspecto meio obscuro foi a não entrega da prova para os candidatos. Foi entregue somente um canhoto para anotar as respostas e conferi-las quando saísse o gabarito, sendo que em outras provas da mesma instituição o candidato poderia levá-las consigo.

Talvez possam me interpretar como alguém que não estudou e que achou a prova difícil, o que não é meu intuito. Quero manifestar a minha opinião sobre a realidade de alguns concursos. Hoje em dia, é difícil não conhecer alguém que ainda não tenha prestado algum tipo de concurso público. A busca crescente pelo “tão sonhado” emprego público é analisada por diversos profissionais do mercado. Porém, devem ser expostas as realidades não muito utópicas desses concursos.

Não é difícil localizar aqueles que lograram êxito na referida empreitada, todavia, nunca foram chamados para assumir o cargo. Ou cidadãos brasileiros desacreditados de si mesmo e da realidade empregatícia do país, que embarcam na onda dos concursos públicos. Isso fez gerar um mercado que não me surpreende se já andar pela “casa dos seis zeros (milhões)”: das empresas que realizam as provas; apostilas mal confeccionadas (algumas de textos incompletos da internet); cursinhos preparatórios que surgem na velocidade da luz.

Enfim, concurso público se tornou um filão ótimo. Já ouvi barbaridades de pessoas que já estão no seu trigésimo concurso. Sendo que esse dinheiro poderia estar sendo investido numa capacitação própria que garantiria também um bom emprego. Só que a idéia da estabilidade e segurança já paira o imaginário das pessoas… Enquanto isso, processos obscuros como do último domingo continuam a acontecer, e os concurseiros de plantão continuarão aceitando certos absurdos.

Diego Bruno, 19 anos, estudante de jornalismo da UNEB.   

Estudante critica falta de tempo no concurso da Infraero

  1. shirley disse:

    Essa é a realidade do nosso país: A indústria dos concursos públicos.
    Parabéns, Diego pela real manifestação.

  2. Ivan disse:

    A verdade é que esses concursos são feitos para reprovar e não para aprovar, só passa quem está afiado, preparado mesmo. É uma verdadeira olimpíada. Se fossem feitos só para para aprovar passaria todo o mundo, e aí????? Então o grau de dificuldade tem que ser alto mesmo. Difícil para todos é melhor do que fácil para todos. A dica é uma leitura geral da prova, lendo-a todinha e marcando as questões que sabemos resolvê-las ou que achamos que sabemos. Deixando para o depois as questões mais ou menos e em seguida as mais dificeis.

  3. Roberto Guedes disse:

    Gostaria de me opor a opnião dos demais. Concurso é feito para aprovar os mais bem preparados. Ao contrário do vestibulares de faculdades particulares onde o questionário sócio-econômico tem peso maior do que o gabarito da prova, as provas de concurso são sim eliminatórias. São eliminados desde aqueles que não tiveram a oportunidade de se preparar adequadamente pelos mais diversos motivos até os filhinhos de papai (playboys e patricinhas) que tem costume de comprar aprovação.
    O que se deveria reinvidicar é sim que Petrolina e Juazeiro tenham uma empresa voltada a cursos preparatórios para concursos e com professores qualificados. Assim as pessoas daqui poderiam se preparar para os concursos aqui e não ter de ir para Recife ou Salvador atrás destes cursos.

  4. Alex Portela disse:

    Tem que tentar concurso mesmo, porque o curso que você está valendo (jornalismo), não vale mais de nada.

    Boa sorte e que você tenha êxito.

  5. Alex Portela disse:

    Onde tem valendo, Leia-se “Fazendo”.

  6. Maicon disse:

    Menos de 3hrs (20m p/ a folha de respostas) é com certeza insuficiente para a resolução de todas as questões. E nessa, até quem está “afiado” sai prejudicado. Pior ainda pra Infraero, que consequentemente vai deixar de ter muita gente realmente capacitada nas primeiras colocações, considerando a verdadeira loteria que tornou-se esse concurso. Pois, é impossível chegar ao melhor de seu aproveitamento se dificilmente vai chegar a ler com tranquilidade as 60 questões…

  7. Nilzete disse:

    A verdade é que no nosso país nós somos feitos de palhaços o tempo inteiro. A gente paga, e paga muito caro por sinal, para se inscrever e se preparar para fazer um concurso público e, no entanto, há uma total falta de respeito com os candidatos. Tudo bem que há aqueles que fazem a prova “por fazer”, mas e aqueles que se preparam? Parece que as instituições que organizam os concursos só estão interessadas no nosso dinheiro! E o governo então nem se fala. Quando se consegue, com muito esforço, obter uma vaga, concorrendo com dezenas (às vezes até centenas de outras pessoas), não se é chamado. Se a gente faz um concurso é porque precisa do emprego e porque precisa logo. Enquanto isso, mais e mais pessoas pagam para a realização deste sonho, sem saber se vão e quando vão entrar no setor público do nosso país.

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