A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) está promovendo, de hoje (2) até sexta-feira (4), uma série de consultas públicas para discutir a revisão da categorização do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Tatu-bola, no Sertão de Pernambuco. Os encontros acontecem nas comunidades de Baixa Alegre, em Petrolina, e nos distritos de Jutaí e Açude Saco II, em Lagoa Grande, envolvendo diretamente a população afetada.
O diretor-presidente da CPRH, José de Anchieta, destaca que a medida busca equacionar a conservação ambiental com as necessidades econômicas e sociais dos habitantes locais. “A Unidade de Conservação foi criada sem um olhar mais atento à população, o que resultou em restrições severas ao acesso ao crédito, impedindo agricultores e criadores de gado de manterem suas atividades“, explicou, ao Blog do Carlos Britto.
Segundo Anchieta, o estudo que embasa a revisão da categoria do RVS Tatu-bola foi elaborado por técnicos da CPRH ao longo de 14 meses, com visitas a campo e reuniões com os moradores. “A falta de acesso ao crédito e a impossibilidade de obter serviços essenciais, como ligação de energia, comprometeram a dignidade de mais de 20 mil pessoas. Não se trata apenas de um problema ambiental, mas também de uma questão social grave“, afirmou o diretor.
Anchieta enfatizou que a governadora Raquel Lyra priorizou a revisão dessa política. “Temos que encontrar uma solução definitiva. Essa população está angustiada, e sob a angústia, ninguém consegue viver. A governadora já determinou que enquanto o caso do Tatu-bola não for resolvido, nenhuma outra unidade de conservação com o mesmo modelo será implementada“.
A expectativa é de que, após as consultas, um relatório seja concluído e encaminhado para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). “Unidade de conservação se cria por decreto, mas para qualquer alteração é necessário um projeto de lei. O trabalho que apresentamos agora tem embasamento técnico e o apoio tanto de deputados da base do governo quanto da oposição“, reforçou o diretor da CPRH.
Refúgio de Vida Silvestre Tatu-bola
Criado em 2015, o Refúgio de Vida Silvestre Tatu-bola abrange 110.110 hectares nos municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina. O modelo de proteção integral impõe restrições severas ao uso da terra, afetando principalmente a agricultura familiar e a caprinovinocultura – atividades tradicionais da região.
