Artigo: Médicos não são deuses, são instrumentos usados por Deus

por Carlos Britto // 16 de dezembro de 2013 às 09:45

Neste artigo, o professor e guarda municipal de Petrolina, Antonio Damião Silva, ressalta que os médicos não podem se resumir apenas ao seu trabalho e também destaca que a relação entre esses profissionais e seus pacientes – mesmo com toda a tecnologia – não pode mudar.

Confiram:

médicosEste artigo objetiva falar da importância do médico, os cuidados que os mesmos devem ter com eles mesmos, a relação médico-paciente, mudança no organograma do SUS concernente à distribuição de recursos e a tecnologia crescente na área da ciência médica.

Há médicos que vivem numa espécie de rota suicida. Fazem vistas grossas para o repouso do corpo, trabalham em excesso, são vacilantes no sentido de verificar como está a sua pressão arterial, comem muito sal, e, muito pouco se preocupam com a própria alimentação, precisando de uma reeducação alimentar e um estilo de vida mais saudável.

Passam o tempo todo orientando os pacientes com dicas de saúde, mostrando como ter uma qualidade de vida, mas esquecem de si mesmos exercendo a profissão sob muito estresse. Não têm tempo para a família, não têm tempo para dialogar com os filhos. Aliás, alguns suprem essa deficiência com presentes caríssimos, pagam viagens etc.

Têm uma carga de trabalho tão massacrante que às vezes comprometem o convívio familiar, devido ao acúmulo de atividades. O dia de 24 horas é insuficiente. Deus fez o mundo, segundo o relato bíblico em seis dias literais, e no sábado descansou. Não significa que o mesmo teve um cansaço físico, apenas parou para contemplar a grandeza da sua criação.

Se o Todo Poderoso projetou esse gigantesco universo num espaço de seis dias, obviamente dentro de um planejamento, organização e controle, poderemos também exercer nossos compromissos e agendas nesse intervalo de tempo e, pelo menos tirar um dia para o repouso e oxigenar as energias num entretenimento alegre e divertido, deixando de lado a rotina de trabalho do dia a dia, vivendo cada momento como se fosse único. Partindo do pressuposto, por que os médicos que têm uma agenda tão cheia não controlam a quantidade dos pacientes em seus consultórios?

Essa sugestão seria interessante no sentido deles trabalharem com qualidade de vida e as pessoas teriam um atendimento mais eficaz. Os cuidados que devemos ter com a saúde e outros aspectos da nossa vida não se limitam à classe médica, e sim a qualquer cidadão que deseja prolongar alguns anos de vida aqui na terra. Alguns médicos do passado, que hoje convivem com limitações físicas, foi porque não atentaram para essas questões e se pudessem voltar no tempo agiriam diferente.

Quais são as evidências que mostram que o profissional de saúde está dentro de um fator de risco? Fadiga, estresse, cansaço permanente, mal estar, falta de disposição, se exaspera com muita facilidade, sempre está descontente com tudo. Então, que tal uma viagem não a trabalho, curtir mais a família, ter uma rotina mais leve, exercitar o cérebro com atividades prazerosas, ter um bichinho de estimação, apreciar os caprichos da natureza, mergulhar nas águas do Rio São Francisco, ajudar alguma instituição filantrópica ou uma pessoa carente, valorizar a sua vida e suas conquistas…quem só pensa em trabalhar não tem tempo para usufruir o fruto dos seus esforços, é necessário priorizar o que é mais importante porque tudo é efêmero.

Todavia, aqueles que já enxergaram essa realidade e mudaram seu comportamento nesse sentido eu os parabenizo, continuem assim, como modelos de inspiração. As pessoas precisam entender que médico é ser humano, também tem problema financeiro, familiar, dificuldade como educar os filhos, dificuldade para suprir sua ausência em função dos plantões (principalmente aquele no início de carreira), participação de congressos, viagens de negócios, atendimento emergentes etc. Como ele não é um deus e é feito de carne, osso e sangue, também adoece, sente cansaço e tem problema de saúde, até porque tem um ritmo alucinante e uma vida corriqueira. Alguns dizem que os médicos são mercenários. Se são rotulados assim, indivíduos de outras profissões também são. Não os vejo dessa maneira porque há uma tabela e valor de mercado nos preços das consultas, exames e cirurgias. Além disso, essas pessoas dedicaram longos anos de estudo nas faculdades e especialização em determinada área e, como tal, precisam ser bem remunerados em suas atividades.

O que precisa ser repudiado é o médico que não tem compromisso e nem zelo pelo ser humano, aquele que exerce seu ofício de maneira relaxada, que é desonesto e não se preocupa em fazer o diagnóstico correto do paciente, que faz uma consulta em poucos minutinhos e na pressa receita o remédio errado. Lamentavelmente, enriquecendo com a desgraça dos outros. Entretanto, o médico que trabalha com qualidade merece ser bem pago, porque faz jus à profissão.

Com relação aos valores dos seus serviços, o problema está na divisão de renda, que é muito injusta, e o baixo salário que é pago ao trabalhador, gerando grandes desigualdades sociais e descontentamento entre as classes, especificamente os de baixa renda da sociedade. Médico também tem sensibilidade, tem suas fragilidades, suas limitações, sofre quando não consegue corresponder como profissional, tem desafios a vencer, tem responsabilidade e corre risco no enfrentamento de uma doença agressiva e procedimento delicado, e, sob muita pressão, a família de tal pessoa espera com ansiedade uma resposta positiva. Médico (o casado, é claro) também é pai, tem uma esposa a zelar, acima de tudo uma família para cuidar, não é um gigante que não possa passar por uma situação adversa, é um mortal como qualquer ser vivente, sujeito à morte.

Quanto ao nosso Sistema Único de Saúde, deveria passar por uma reformulação. Os recursos que são repassados aos entes federativos precisam ser rigorosamente fiscalizados, criar mecanismos que possam detectar onde o dinheiro está sendo aplicado. O que não pode acontecer é ver a saúde num caos e grande soma de dinheiro ir para o ralo ou sendo desviado de sua finalidade e enriquecendo alguém. Os escândalos veiculados pela a imprensa televisiva, com provas documentais, mostra onde está o câncer da saúde no Brasil, porque faltam médicos e remédios nos hospitais e postos de saúde. Mas quem tem a coragem de diagnosticá-lo?

Com relação à ciência médica (computador médico, robótica), chegou um momento tão extraordinário no avanço da medicina, que somos tentados a pensar que os médicos são figuras secundárias. O futuro, numa velocidade incrível vira passado, as quantidades de informações são tão gigantescas nesse universo de descobertas e crescimento que não é possível acompanhar de forma detalhada essa gama de conhecimentos.

Contudo, temos que valorizar a ética, a bioética e a humanização. Daqui para frente o quantitativo de conhecimento num contexto mais amplo sempre desafiará a lógica humana, a velocidade científica se multiplicará numa compreensão inimaginável. Independente do que venha na área da medicina, temos que valorizar a interatividade da relação médico-paciente. A ciência médica evolui incrivelmente num abrir e piscar de olhos. Coisas fantásticas e tremendas estão acontecendo, como por exemplo, os métodos microscópicos. Tem o lado bom, mas tem também seu lado negativo, que são os efeitos colaterais.

Não podemos negar que a medicina do futuro não possa desafiar a lógica dos próprios médicos. A Nasa está trabalhando com as condições da nano-medicina, há um projeto que prevê uma viagem a Marte num período de três anos, uma viagem interplanetária. Já nos dias de hoje é possível um procedimento cirúrgico ser acompanhado por outro médico em outro país sem que o mesmo possa se deslocar do seu espaço físico. Podemos fazer algo fantástico e fenomenal, presenciar o brilhantismo dos grandes homens que fazem ciência, mas não podemos desprezar a importância do ser humano. O contato olho no olho, o contato humanístico entre o médico e o paciente em detrimento de toda essa evolução não pode ser substituído, sempre perdurará. Hoje, precisamos evoluir muito mais no que diz respeito ao acidente isquêmico, uma intervenção nas artérias carótidas e pacientes com AVC, evitando assim sequelas para o resto da vida.

Os médicos sonham que os pacientes que tiveram um dano cerebral, uma deformação física permanente, quem sabe uma complicação cardíaca, encontrem alternativa que possam refazer o tecido neurológico e muscular de forma que essas pessoas possam ter seus casos reversíveis. Existe um médico brasileiro que está tão encantado e otimista com o progresso científico da medicina do século XXI que, segundo ele, chegará um tempo que vai ser difícil uma pessoa morrer. Para o mesmo essa esperança não caduca com o passar dos anos. Esses são os grandes desafios e o tipo de medicina que se espera do futuro, engenhosas maravilhas em prol das pessoas.

Antonio Damião Oliveira da Silva/Professor e Guarda Municipal de Petrolina

Artigo: Médicos não são deuses, são instrumentos usados por Deus

  1. DAVID NOMERO DE MACEDO disse:

    AQUI SÓ POSSO AGRADECER A TODOS OS MÉDICOS EM ESPECIAL OS DO MEMORIAL E NEUROCÁRDIO, JOESMA,DERMEVAL , PAULO COIMBRA E BRENO POR TEREM ME SOCORRIDO EM UMA CRUZADA DE QUASE MORTE E AQUELES QUE NÃO RECONHECI DEVIDO AO COMA MEU AGRADECIMENTOS,MUITO OBRIGADO……………….LEIAM E REFLITAM O ARTIGO,MÉDICOS NÃO SÃO dEUSES,MAS É UM PEDACINHO DE DEUS……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..QUEM NÃO SABE O VALOR DE UM MÉDICO É POR QUE NUNCA PRECISOU DELE DE VERDADE.

    1. DAVID NOMERO DE MACEDO disse:

      LER, NÃO SABER.

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Últimos Comentários

  1. Era tão articulado que foi eleito sem voto pelos militares. Não ganhou por mérito próprio, foi imposto.