Artigo do leitor: “Às vezes, quem faz o bem é discriminado”

por Carlos Britto // 04 de setembro de 2021 às 20:27

O leitor Mário Gomes deixa uma reflexão profunda neste artigo enviado ao Blog. Confiram:

“Uma família de cinco pessoas estava um dia passeando na praia. As crianças estavam tomando banho de mar e fazendo castelo na areia, quando, ao longo, apareceu uma velhinha.

Seu cabelo grisalho esvoaçado ao vento e suas roupas estavam sujas e esfarrapadas. Resmungava qualquer coisa, enquanto apanhava coisas da praia e as colocavam em um saco.

Os pais chamaram as crianças e pediram-lhe que ficassem longe da velha.

Quando ela passou, curvando-se de vez em quando para apanhar coisas, sorriu para a família, mas seu cumprimento não foi correspondido.

Semanas mais tarde, souberam que a velhinha dedicava a vida à cruzada de apanhar caquinhos de vidro da praia para que as crianças não cortassem os pés”.

Hoje, especialmente entre pessoas que se dizem ateias, não acreditando em Deus, não acreditam no seu semelhante, seu comportamento sempre tende a desacreditar do outro. Não aceitar que os demais sejam fraternos ou caridosos. Sempre levando o bem praticado por outros, para o lado do mal. Certa vez, presente na Estação da Luz, em São Paulo, procurando um irmão meu, desaparecido há anos, conversando com algumas criaturas de rua, uma senhora elegante me deu sinal. Fui ao seu encontro, e ela, com boa intenção, me disse: o  senhor é daqui? – Não. Sou da Bahia. – cuidado com essas “criaturas”, algumas pacíficas e outras criminosas.

Aqui em Juazeiro, tive outra decepção. Dois professores de música, querendo salvar duas crianças/jovens, acompanhando todos os seus passos, inclusive ensinando sem cobrar nada, pois não tínhamos conseguido padrinhos/madrinhas, passaram por apuros, através da guarda municipal, que os  agredindo e ameaçando, levaram os meninos para a casa da mãe, alcoólatra, separada do pai e, segundo os vizinhos, sofria de esquizofrenia.  O bem que eles estavam fazendo transformou-se no mal, levado por mentiras de fofoqueiros e ignorância dos guardas.

Joalina. Juazeiro e Petrolina. Essa era a marca da empresa pioneira de transporte coletivo das duas cidades.  Serviu às comunidades por muitos anos. Hoje, quase somente lembranças. Seus proprietários: Diniz e Leãozinho estão no ostracismo. Diniz Cavalcante chegou a ser prefeito de Petrolina – um dos melhores – e Leãozinho comandavam a empresa, sempre solícito, pacífico, do bem, servidor e solidário.

Não estou dizendo que eram santos, mas faço como a Igreja: “santos e pecadores”. Aqui quero apenas louvar seus feitos, bons, justos e comunitários. Hoje estão silenciosos. Não estamos ouvindo suas vozes e seus passos. Há quem afirme: “No silêncio ouvimos as passadas do tempo e escutamos a voz da eternidade”. Que eles sejam sempre lembrados pelo bem que fizeram.

Abraço amigo e reconhecido.

Mário Gomes/Leitor

Artigo do leitor: “Às vezes, quem faz o bem é discriminado”

  1. otavio disse:

    Sr.Mário Gomes, pouquíssimas vezes li coisa igual. Muito obrigado por abrir os meus olhos, fazer lembrar as minhas lembranças, o Senhor tem toda razão, como é que nos esquecemos rapidamente das coisas boas desse ou daquele cidadão que de alguma forma ou de outra contribuíram com Petrolina e Juazeiro, mesmo como empresários que eram, ganhando os seus sustentos honestamente. Senhor Mário Gomes, o Senhor tem toda razão, Leãozinho e Diniz merecem todo os nossos aplausos.

  2. Jeronimo de São Luís-MA disse:

    Muitas vezes vi Leãozinho no ponto de ônibus do Itaú, entre as pessoas que esperavam o ônibus para acompanhar de perto a atividade de sua empresa. Em outras vezes ele estava atrás dos ônibus com seu carro, acompanhando o trabalho dos motoristas, que fique o registro e recebam nosso reconhecimento.

  3. Pé no Saco disse:

    Só queria lembrar que tudo nesta terra é passageiro ,um tempo desses só não era passageiro o cobrador e o motorista,o tempo passou e só o motorista agora não é passageiro.

  4. João R. disse:

    Ótimo texto. Apenas uma correção se faz necessária: não são os ditos “ateus” que são pessoas frias e que não acreditam no próximo. Lembre-se do corporativismo evangélico em que, se a senhora da história não era evangélica, eles a condenam ao inferno e a repudiam. “Ateus” são tão caridosos e querem o bem de qualquer pessoa independentemente da religião que segue. Não é a toa que países de maioria ateus são bem mais evoluídos que países em que a religião e um “Deus” domina, ou seja, com mortes, fome, miséria e guerras.

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