Artigo do leitor: “As festas literárias e as celebrações da cultura no Sertão do SF”

por Carlos Britto // 25 de novembro de 2024 às 21:38

Foto: Divulgação

A literatura, como expressão das vivências e da identidade regional, encontra nas festas literárias um espaço de fortalecimento e celebração. No último sábado (23), a Festa Literária de Curaçá (FLIC) reafirmou essa potência cultural, reunindo escritores, artistas e leitores em um evento que transformou a cidade em um epicentro de troca de saberes. João Gilberto Guimarães – cientista social, poeta e editor – compartilha sua experiência no evento e reflete sobre a importância dessas iniciativas para o Vale do São Francisco. Confira:

Um universo chamado Curaçá e a importância das festas literárias para o fortalecimento da literatura no Sertão do São Francisco

No último sábado (23), tive a honra e o prazer de participar do terceiro dia da Festa Literária de Curaçá (FLIC). Um evento que, além de reunir escritores, artistas, alunos, profissionais da educação e leitores, transforma a cidade em um verdadeiro epicentro de cultura e troca de saberes. Foi um privilégio integrar a mesa temática sobre “As Literaturas nas Margens do São Francisco”, ao lado das mentes inspiradoras de Juazeiro, Petrolina e Curaçá, em um ambiente que respira identidade cultural.

O evento ganhou um brilho especial com a reabertura para visitação pública, do Teatro Raul Coelho, o segundo mais antigo da Bahia, que foi um dos cenários principais da FLIC. O espaço, com sua arquitetura histórica e iluminação deslumbrante, trouxe um charme inigualável e criou uma atmosfera mágica para as atividades realizadas ali. A sensação era de estar em um espetáculo à parte, onde o próprio teatro parecia participar das celebrações, relembrando sua relevância como um símbolo cultural de Curaçá.

A curadoria do evento, sob a batuta do professor Josemar Martins, o Pinzoh, trouxe uma programação rica e plural. A apresentação das atrações musicais ficou a cargo do cordelista Ademir Santana, que deu o tom da festa. Cada momento do dia parecia nos lembrar do papel crucial que as festas literárias têm no fortalecimento da literatura regional. Elas são mais do que eventos: são celebrações da palavra como um espelho das vivências, das lutas e sonhos que formam a identidade de um lugar.

Outro ponto que merece destaque é o imprescindível apoio do deputado estadual Zó do Sertão, cuja emenda parlamentar tornou possível a realização da FLIC. Este investimento não apenas viabilizou a festa literária, como também evidenciou o compromisso do parlamentar com o fortalecimento da cultura no território do Sertão do São Francisco.

É inegável que a atuação de Zó tem sido um pilar para a manutenção e ampliação de eventos que valorizam a arte, a cultura e a literatura regional, reafirmando a relevância cultural da região no cenário estadual. Sua dedicação e parceria foram fundamentais para o sucesso da FLIC, consolidando o evento como um marco cultural de Curaçá e de toda a região.

O encerramento foi um espetáculo à parte. Nomes como Luiz do Humaitá, Pinzoh, Roberto Possídio, Libório e a combustão espontânea, Semiáridas e Jéssica Caitano (que fechou a noite com energia arrebatadora) marcaram o palco com performances que uniram poesia e música. Cada apresentação reforçou o poder transformador da arte em conectar pessoas e contar histórias ao som de ritmos diversos.

Se as margens do São Francisco sempre foram fonte de inspiração para poetas e artistas, a FLIC se consolida como uma ponte entre o passado e o presente, abrindo caminhos para que vozes regionais alcem novos voos.

Em tempo, faço também um chamado à continuidade da valorização da literatura no Vale do São Francisco. É imprescindível que esforços sejam feitos no sentido de retomar também a Festa Literária de Juazeiro (FLIJUA), cuja primeira edição, realizada em 2021 pela Editora CLAE, com o apoio da classe artística de Juazeiro e com recursos da Lei Aldir Blanc, encantou os amantes da cultura literária da cidade. A FLIJUA é mais do que um evento; é um sonho coletivo da comunidade artística e literária juazeirense, um espaço para celebrar a diversidade cultural do Vale do São Francisco.

Sua retomada seria um marco não apenas para Juazeiro, mas para toda a região, reafirmando a cidade como um polo cultural de destaque no Interior da Bahia. Que esse sonho continue a inspirar ações e projetos que mantenham viva a chama da literatura no território do Sertão do São Francisco. Vida longa à literatura que margeia o Velho Chico e que venham mais festas literárias.

João Gilberto Guimarães/Cientista social, Pesquisador de políticas públicas de cultura, Poeta, Editor, Fundador da Editora CLAE e idealizador da Festa Literária de Juazeiro (FLIJUA)

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Últimos Comentários

  1. So os nutela chama o periodo de 64 de ditadura! Ditadura ta hoje, e pior, ditadura do judiciario, a pior…