Termina hoje a tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita

por Carlos Britto // 28 de julho de 2019 às 09:06

A cidade de Serrita (PE), no Sertão Central, vive neste momento as emoções do último dia de sua tradicional Missa do Vaqueiro. Além da celebração em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, que é o ponto alto da festa, o público conferiu shows gratuitos, vaquejadas, pegas de boi, palestras, feira de artesanato, miniexposição e produção de documentário. A 49ª edição da festa acontece no Parque Estadual João Câncio e recebeu cerca de 60 mil visitantes nos três dias.

Shows da banda Cheiro no Cangote, Henrique Brandão, Flávio Leandro, com participação especial de Daniel Gonzaga, Vitor Fernandes e Paixão di Vaqueiro animaram os presentes na festa já na sexta-feira (26), logo após a vaquejada. No sábado (27), depois da vaquejada e pega de boi, Paulo Sampaio, Donizete Batista, Adriano Estigado, Kinho Callou, Nanara Belo e Forró Santa Dose, Chambinho do Acordeon e Petrúcio Amorim fizeram a festa.

Para hoje, domingo (28), dia da Missa do Vaqueiro, foram convocados os artistas Josildo Sá, responsável pela parte musical da celebração religiosa, Flávio Leandro, Sarah Lopes, Pedro Bandeira, Chico Justino e Cícero Mendes, Ronaldo Aboiador, Fernando Aboiador e participação especial de Daniel Gonzaga.

História da Missa
Realizada anualmente sempre no quarto domingo do mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos – padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão – para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – como chapéu de couro, chicotes e berrantes – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.

Termina hoje a tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita

  1. Francesco disse:

    Parabéns pela festa. Só faltou o blog citar que João Câncio, um dos idealizadores da festa, é filho de Petrolina. Como aqui já existia a Missa do Vaqueiro desde 1941, provavelmente foi o que lhe serviu de inspiração para criar a de Serrita.

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