Ser técnico agrícola no Brasil ainda não é sinônimo de reconhecimento unânime. A profissão, que em 2011 será centenária, ainda não tem o devido valor em muitos lugares do País. Mas em Pernambuco, a ideia é mudar essa realidade. Pelo menos essa é a proposta da Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas (Fenata). E Petrolina, com forte vocação agrícola, pode ser o carro-chefe dessa mudança na região, tendo uma sede regional da entidade.

Na assembleia extraordinária realizada na cidade no último sábado (10), que ocorreu na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape), uma das pautas era discutir a nova diretoria do Sindicato dos Técnicos Agrícolas de Pernambuco para os próximos três anos. A outra era exatamente a criação da sede em Petrolina. O presidente da Fenata, Mário Limberger, veio acompanhar de perto o processo. Ao Blog, ele se disse otimista nos avanços que a categoria pode ter na região com a regional do sindicato, sobretudo porque dos 8 mil técnicos que atuam em Pernambuco, cerca de 2 mil estão na região.

Limberger argumentou que o técnico agrícola é o profissional mais capacitado para lidar com o produtor rural, porque simplesmente fala a língua do produtor, de maneira simples. “Muitos são filhos de produtores”, completa. Ele afirma também que o técnico não tem o papel somente de empregado. Pode ser empreendedor – no caso da região, na fruticultura irrigada – ou elaborar projetos de créditos rurais. Também é responsável pelo licenciamento ambiental e o georeferenciamento de imóveis rurais. “Esses espaços foram preenchidos por pessoas que não têm nada a ver com a atividade”, analisa Limberger.

Por isso crê no fortalecimento da profissão com a instalação de uma regional do sindicato por aqui. Mas dá algumas dicas da experiencia de mais de 30 anos como sindicalista. “O grupo é coeso, mas tem que ter plano estratégico, assessoria jurídica, arrecadação, para assim formar sua estrutura”.

O empresário Vilmar Cappellaro, que há sete meses vem discutindo o assunto com a comissão do sindicato de Pernambuco, sabe disso. Segundo ele, a sede regional não vai beneficiar apenas Petrolina e a região, mas Pernambuco como um todo. “Existe a necessidade de defender os interesses da categoria, que está fragilizada, assim como o sistema produtivo da região”.

O diretor de Relações Sindicais da Fenata, Gustavo José Barbosa, ressaltou que o trabalho da entidade também passa pela negociação do piso salarial dos técnicos agrícolas, entre outras funções. Uma das principais, no entanto, é tentar diminuir o corporativismo do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) em relação aos engenheiros agrônomos. “Não queremos invadir o espaço de ninguém, mas temos capacidade, prática e teórica, de exercer essas funções dentro do que a lei permite”, ponderou.