Risco de colapso hídrico preocupa produtores e autoridades no Vale do São Francisco

por Carlos Britto // 11 de fevereiro de 2015 às 21:17

fórum ernergencial (2)_640x360fórum ernergencial (1)_640x360Preocupação. Essa foi a palavra mais proferida durante um fórum emergencial que discutiu os problemas relacionados aos recursos hídricos no Vale do São Francisco. O evento foi realizado na tarde desta quarta-feira (11), no auditório do Senai Petrolina, e reuniu autoridades políticas, produtores de perímetros irrigados e gestores de órgãos governamentais da região.

Um dos que integraram a mesa de debates, o superintendente da 6ª Regional da Codevasf, Alaor Siqueira ressaltou a preocupação do presidente da Companhia, Elmo Vaz, em minimizar o quadro. Ele disse que apesar do orçamento apertado, não vai medir esforços em busca de soluções para reverter o cenário, a fim de evitar comprometer um trabalho de 50 anos (referindo-se à irrigação no polo Petrolina/Juazeiro).

Mas Siqueira foi realista. Com o atual nível da barragem de Sobradinho, em apenas 17% do seu volume (quando nesse período, em anos anteriores, se mantinha em 40%) a tendência é o quadro se agravar ainda mais, caso as chuvas de maior intensidade não ocorram em dois ou três meses. Ele alertou que possivelmente os produtores passem a irrigar apenas uma vez por semana.

Na mesma linha seguiu o gestor da 3ª SR, João Bosco Alencar. Ele lembrou que a Companhia já vinha realizando ações junto aos perímetros do Sertão do São Francisco (Fulgêncio, em Santa Maria, e Brígida, em Orocó). Mas ele relação a Petrolina, ele disse que mesmo se o lago atingir o volume morto, é possível praticar a irrigação. No entanto, ele não deu 100% de garantia por haver controvérsia nos números.

João Bosco salientou ainda que se na reta final do período chuvoso a situação prevalecer, não será somente a irrigação a única prejudicada. Ele afirmou que o abastecimento humano também ficará comprometido, o que deve obrigar a Compesa a realizar obras emergenciais, já que também tira a água do Rio São Francisco. Presente ao evento, o representante da Prefeitura de Petrolina, Newton Matsumoto, falou em “união de forças” para reverter o quadro. O prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, foi representado pelo secretário de Agricultura, Jorge Cerqueira.

Rodízio

Idealizador do encontro, o coordenador da Câmara de Fruticultura, Henrique Holtrup, disse que o maior obstáculo é que a estação chuvosa está no final e, do jeito que vai, provavelmente não haverá água suficiente para a fruticultura irrigada – principal atividade econômica do Vale. “Atualmente entram 600 metros cúbicos por segundo, e saem mil”, informou.

Ele lembrou que uma das soluções será tirar do papel o projeto de bombas flutuantes para atender o canal, que sempre era engavetado porque anteriormente as chuvas chegavam a contento. Holtrup revelou que não está descartada também a possibilidade de um rodízio de água entre os produtores dos perímetros. “Mas por enquanto não há nada de concreto”, disse. Ele não teve dúvidas em afirmar que houve uma falta de planejamento por parte dos governos, uma vez que a situação já vinha sendo alertada. Criticou ainda o “excesso de confiança” nas chuvas, que dessa vez não vieram até agora.

Mas frisou que o momento também não é para alarmismos. “O que espero é que essa crise nos traga uma solução para que uma próxima crise não seja tão difícil assim”, completou Holtrup.

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