Representante do CBHSF faz ressalvas à interligação das bacias do Tocantins e São Francisco

por Carlos Britto // 02 de julho de 2017 às 10:58

Alardeado pelo deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE) como a “salvação” do povo ribeirinho, o projeto de interligação das bacias dos Rios Tocantins e São Francisco, proposto no ano de 1990 pelo socialista, ainda não é uma questão de consenso. O assunto foi um dos temas em pauta durante boa parte da audiência pública da última sexta-feira (30/06), na Casa Plínio Amorim, em Petrolina, solicitada pelos vereadores Ronaldo Cancão (PTB) e Osinaldo Souza (PTB).

Para o representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Aumax Luís Silva, antes de qualquer outra iniciativa de transposição, o foco prioritário deve ser a revitalização do Velho Chico – o que, segundo ele, não tem sido feita até o momento.

Aumax explicou que não se trata de ser contra a interligação das bacias. “Mas se existe verba do governo federal para um projeto dessa natureza, tem de existir também para a revitalização”, analisou. Ele justifica ainda que nesse processo de transfusão das águas do Tocantins, a vida aquática no Rio São Francisco pode ser prejudicada com espécies vindas do Tocantins. “Não podemos achar que só vem água. A natureza é muito complexa. Precisamos muito detalhar esses projetos”, frisou.

Segundo Aumax, a interligação corre o risco de se tornar uma “obra inacabada” por conta do projeto de transposição do São Francisco para os Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Ele explica que o CBHSF sempre considerou viável o Eixo Leste, mas não o Eixo Norte (da forma como está sendo gerido). O cenário hídrico local é a principal razão, uma vez que o projeto prevê a retirada de 127 metros cúbicos por segundo (m³/s), destinados sobretudo à irrigação nesses Estados. O detalhe é que a condicionante do Ibama era de o Reservatório de Sobradinho (BA) tivesse 80% de sua capacidade, o que não ocorre desde o ‘apagão’ de energia registrado em 2001. Na época a barragem chegou ao volume morto, e de lá para cá nunca mais voltou ao mínimo exigido.

Gonzaga

Quem também é contrária à interligação das bacias é a Agência Nacional das Águas (ANA). Mas o deputado Gonzaga Patriota é entusiasta do projeto. Ele, aliás, foi considerado “louco” quando apresentou sua proposta, à época, na Câmara Federal. Ele voltou a destacar que a ideia é de o governo federal aplicar, ainda este ano, R$ 600 milhões do Orçamento da União em estudos de viabilização do seu projeto. O parlamentar ressaltou ainda que, mesmo com a interligação, é necessário um apoio fortalecer as ações do CBHSF no intuito de garantir o desenvolvimento sustentável da região.

Representante do CBHSF faz ressalvas à interligação das bacias do Tocantins e São Francisco

  1. ops disse:

    600 milhoes para o estudo? esta correto e ssa conta?

  2. Cidadão consciente disse:

    Muito inocente esse povo que lida com questões ambientais. Não precisa ser especialista para constatar que água é prioridade para salvar o rio São Francisco. Pois se este secar, acabam-se os peixes, matas ciliares, ecossistema da região etc.
    Esse bate boca só faz atrasar a recuperação do rio.
    Primeiro ponham água nele para que não seque, depois revitalizem e preservem.

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