Política é jogo esquisito. Quem diria, há um ano, que Jair Bolsonaro seria candidato forte? Ou que Manuela D’ávila se ajoelharia na igreja? Que tal o PT esquecendo o vermelho e virando verde-amarelo? E Fernando Haddad, que chegou a dizer que ele era Lula e Lula era ele, dando apoio a Sérgio Moro?
E há, claro, aquilo que só político fala, porque ninguém mais entende. A candidata do PT ao Governo do Rio falava em “laicizar o cu”, e Alexandre Frota explicava que existe o “sexo anal técnico”. Pois é. Laicizado, talvez. (Por Carlos Brinkmann)
As premissas do comentário são inválidas:
1. Naturalização do fenômeno Bolsonaro. Longe de ser uma esquisitice, uma mera obra do acaso, este, outra cousa não é, que o seguimento de um curso de desmantelamento do Estado e ataque frontal aos direitos dos cidadãos: Vide reforma trabalhista, da previdência, ataque aos direitos civis. Os métodos têm sido muito bem descritos: Guerra híbrida, massificação da mentira (eufemisticamente chamada de “fake news”), criação de um inimigo interno inexistente, o comunista. A violência como método prioritário de atuação política. O debate se restringe a anúncios e à ameaça e à perpetração da violência ao contraditório. Por outro lado, não haverá outra saída a um possível governo de extrema direita senão recorrer à violência generalizada, pois a sua agenda real, a entrega do patrimônio público e desmonte de um ainda frágil sistema de direitos e garantias, foi desde de 2002 rejeitada nas urnas;
2. PT era vermelho e agora é verde amarelo. É clara a alusão a uma adesão do partido ao comunismo (quem dera o fosse, realmente!!). Esta “tese”, no entanto, não resiste a uma análise, ainda que superficial, da história do PT e, sobretudo, dos seria governos. O PT sempre foi um partido trabalhista, nasceu no chão da fábrica. Além disso, como é que Lula, supostamente, comunista teria como vice presidente, em seus dois governos, um dos maiores industriais do país, José Alencar?