Pelo Brasil: Candidata faz campanha com número errado

por Carlos Britto // 09 de outubro de 2012 às 09:20

Cristiane Baliza, cozinheira de 35 anos, resolveu encarar a campanha para vereadora de Paraguaçu (MG) nas eleições de 2012. Durante três meses ela fez sua propaganda para conquistar uma das nove vagas da Câmara Municipal da cidade. Seu número era 14.999, partido PTB. No entanto, no domingo (7), dia das eleições, todos que votaram em Cristiane anularam o voto. Aparentemente, o número não existia. E não existia mesmo: o que constava no Tribunal Superior Eleitoral de candidatura da vereadora era o 14.888. Na verdade, um erro na impressão dos santinhos fez com que ela fizesse campanha com o número errado.

Eu aceitei o convite para ser vereadora, mas não entendia nada disso”, comentou Cristiane por telefone. Segundo ela, o partido do qual seu pai é presidente, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a convidou para ser candidata nessas eleições para substituir Terezinha Goulart, que renunciou à candidatura, após ser chamada para preencher o mínimo de 30% de candidaturas de mulheres.

Cristiane contou que recebeu os santinhos do partido com o número 14.999 e não conferiu se estava certo. Só descobriu no dia das eleições. “As pessoas passavam na minha casa no dia e diziam que não estavam conseguindo votar em mim, me perguntavam se minha candidatura tinha sido cancelada por algum motivo, porque quando digitavam o número estava anulando o voto”.

Ao procurar o Cartório Eleitoral no próprio domingo de eleição, acompanhada do pai, foi apresentado aos dois um documento com firma reconhecida e assinado por Cristiane, pelo Presidente da coligação da qual ela fazia parte e pelo representante do cartório em que constava o nome dela como candidata e o número 14.888. O mesmo havia sido publicado em Diário Oficial e no site do TSE. Não havia nada a ser feito.

“Eu não sei o que aconteceu, porque em todos os documentos em que prestei contas para o partido, inclusive notas fiscais, estava esse número (14.999) e ninguém viu nem me falou nada. Não culpo ninguém, mas só queria saber por que deixaram eu trabalhar tanto tempo com o número errado”, disse, indignada, Cristiane.

A candidatura

José Maria Ramos é presidente do Democratas (DEM) municipal, e também o presidente da Coligação Majoritária “Reconstrução com Experiência e Seriedade”, da qual o PTB faz parte em Paraguaçu. Foi ele que assinou o documento que constava o número correto da candidatura de Cristiane. “Eu era o responsável por assinar a candidatura de todos da coligação, mas eram muitos candidatos. Não ia lembrar de todos”. Segundo ele, o que foi informado a coligação é que ela iria substituir a candidatura de Terezinha Goulart. Neste caso, ela ficaria com o mesmo número da outra candidata.

A chefe do Cartório Eleitoral da cidade, Patrícia Daniele Caputo do Amaral, não confirma a informação. Segundo ela, na resolução 23.373 de 2011, da lei 9.504/97 que regulamentou as eleições deste ano, não existe a exigência do mesmo número de candidato em caso de substituição. Somente constava a exigência de 30% para candidatura de mulheres que a coligação precisou preencher. E ainda no caso de Cristiane, a solicitação era de registro de vaga remanescente e não substituição. (Do G1 c/foto)

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