Os estudantes sertanejos, a Univasf e o “bônus regional”

por Carlos Britto // 17 de novembro de 2014 às 09:00

UnivasfApós a aplicação das provas do Enem 2014, resta aos estudantes aguardar o resultado e iniciar a competição pelas vagas que são oferecidas através do Sisu, em janeiro/2015. As vagas do Sisu seguem regras próprias de cada Universidade.

Em outubro a UFPE, cujas vagas são pelo Enem/Sisu, anunciou o “Bônus Regional”, que corresponde a um acréscimo de 10% na nota do Enem dos alunos que concluíram os ensinos Fundamental e Médio, integralmente, em escolas públicas ou privadas da Zona da Mata ou do Agreste e pretendem estudar nos campi de Vitória de Santo Antão ou Caruaru.

Após vermos essa importante posição da UFPE, passamos a nos questionar: se a UFPE adota o “bônus regional”, por que a Univasf não faz o mesmo? Isso é discutido em nossa região há muitos anos.  Os jovens que estudaram em escolas públicas ou privadas, nos Ensinos Fundamental e Médio, em municípios dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí, circunvizinhos aos campi da Univasf, seriam contemplados com esse “bônus regional”.

O Conselho Universitário da Univasf tem autonomia para decidir sobre esse tema. Não podem dizer que é inconstitucional, pois se a UFPE adota, é porque é permitido. Além do mais, esse “bônus regional” é, de fato, uma política pública que fortalecerá o desenvolvimento regional, e isso é um papel ímpar que a Univasf, com uma década de existência, poderá implementar.

Nenhum jovem do Sertão pernambucano, baiano ou piauiense receberá o “bônus regional” da UFPE. Então, não é justo que jovens do Agreste e da Zona da Mata pernambucana possam competir com os nossos jovens, quando os nossos não podem competir com eles nas mesmas condições. Isso sem considerar as desigualdades entre diversas regiões brasileiras.

Esperamos o bom senso da Univasf, que hoje representa o sonho dos nossos jovens. Porém, como as vagas são pelo Enem/Sisu, nossos sertanejos enfrentam competição nacional. Um “bônus regional” de 10%, ou mais, seria um incentivo extra, pois bons alunos de escolas públicas e privadas teriam com esse bônus a possibilidade de competirem melhor, estudarem numa grande universidade – a Univasf – e serem os novos profissionais de um semiárido mais tecnológico, mais competente.

Os estudantes sertanejos, a Univasf e o “bônus regional”

  1. Raimundo Francisco Filho disse:

    Parabéns Carlos Britto, por suscitar esta questão. Ela é pertinente e deve ser discutida e implementada.

  2. L. disse:

    Seria mt bom, pois os cursos mais concorridos da univasf tem mais gnt de fora do que da região. Até porq não se compara a educação daqui com a do sul e sudeste.

  3. 39 disse:

    Certas matérias neste blog permeiam o cúmulo do absurdo, em primeiro lugar, a universidade é federal, ou seja, os recursos para mantê-la vem de todo o país, e não apenas da região, em segundo lugar, um bônus regional, só iria favorecer os estudantes que já fazem cursinho pré-vestibular e/ou são mais favorecidos economicamente, ou seja, o panorama é o mesmo, quem é pobre não entra na universidade. Deviam questionar a qualidade do ensino público na região, e não a possibilidade de ”bônus regional”

  4. Carolina disse:

    A universidade é publica. O ingresso deve ser democrático. Se em alguns casos os estudantes de fora conseguem entrar mais que os daqui, paciência. Parabéns a eles pela competência. Aos q n passaram, resta estudar mais para próxima.

  5. Pela educação pública e de qualidade para todos disse:

    A área de abrangência da UFPE é Pernambuco, já a UNIVASF é o Vale do São Francisco. E essa bacia hidrográfica do São Francisco possui uma área de aproximadamente 634 mil quilômetros quadrados, inicia em Minas Gerais e percorre Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Além dos estados de Goiás e o Distrito Federal. Para pensar!!

  6. Daniel Monteiro disse:

    Tema muito interessante. A UNIVASF já deveria ter feito isso a muito tempo. Se a universidade federal é do vale do são francisco, é correto que estudantes do vale tenham mais chances de entrar do que outros.

  7. Adeon Pinto (Professor da UNIVASF) disse:

    Prezados Leitores

    Nós devemos lutar para melhorar a educação em todos os segmentos (Ensino Básico, Médio e profissional) e não diminuir nível para que um estudante possa entrar em universidade sem conhecimento básico suficiente para dar continuidade à sua formação. Vale ressaltar que os estudantes graduados na UNIVASF vão competir no mercado de trabalho com outros profissionais formados em todo território nacional e até mesmo de outros países (bem vindos ao século XXI). Temos que acabar com este protecionismo exacerbado, pois o “coronelismo” acabou e estamos formando profissionais para o mundo.

    Att.

    1. Maria disse:

      De pleno acordo. A luta é mais ampla e as soluções menos simplistas. Além disso, o custeio da Universidade Pública Federal é feita por todo os cidadãos desse país. Não há espaço para um protecionismo embasado apenas em questões regionais que não são representativas de algum tipo de desigualdade injusta. Afinal, nasceu-se aqui e isso não é nenhum desmérito que garanta privilégios sobre outros jovens, pobres ou não, que buscam em uma formação profissional a chance de mudar a sua realidade ou de seu país, seja aqui em PE ou em qualquer lugar desse país.Se queremos aumentar o número de alunos de nossa região nesta instituição,devemos investir, antes de tudo, em melhorar as outras esferas de ensino, inclusive aquelas de responsabilidade estadual e municipal.

      Boa semana a todos.

  8. AGNUS DEI disse:

    Esta proposta remete-se a apenas um curso: MEDICINA. Para os demais cursos, a UNIVASF tem abrigado estudantes oriundos do Vale do Sao Francisco.
    Se a proposta de bonus for para alunos das escolas publicas e privadas do vale, isto quer dizer que apenas alunos que estudaram no GEO, Dom Bosco ou Auxiliadora entraram.
    O que alavancou o desenvolvimento da regiao, apos a irrigacao, foi a chegada de alunos e professores procedentes de outras regioes do pais.
    Reafirmo, o problema diz respeito apenas ao curso de MEDICINA.

  9. MARY ANN SARAIVA disse:

    Parabéns por suscitar a discussão. Embora a denominação seja Vale do São Francisco, há outras universidades federais em outras áreas do Vale. Logo, a Univasf não precisa abranger toda a bacia. Realmente o ensino deve ter qualidade. mas até essa qualidade ocorrer, o Vale terá perdido umas duas décadas de formação profissional. Quanto ao Prof. Adeon Pinto, gostaria de tecer um comentário. A adoção do Enem como processo seletivo, fez a UNivasf e todas as universidades brasileiras perderem bons alunos. Não é aprovado o melhor aluno, é aprovado aquele que tem muito conhecimento, mas também a frieza/sorte de responder a questões em menos de 3 minutos e pensarem o correto, além da sorte de terem sua redação bem corrigida (é uma aberração os erros de correção de redações do Enem). O Enem tornou-se um vestibular tão conteudista quanto aqueles que o governo federal criticava. E, se o bônus é adotado pela UFPE, uma das 10 melhores universidades do Brasil, é porque isso não é ruim. Seguir bons exemplos não faz mal ao Sertão. A UFPE está sim, protegendo o Agreste e a Zona da Mata. A Univasf poderá fazer o mesmo. E 10%, quando a diferença é de milésimos não seleciona incompetentes. Mas, os melhores estudantes das escolas públicas daqui para os cursos mais concorridos e não os melhores da escola de aplicação da UFPE, do Colégio Militar da Bahia, de Salvador, que hoje são maioria dentre os cotistas da UNIVASF. É preciso, como disse o jornalista, ter bom senso nessas questões. Chega de achar que está tudo bem. Não está.

    1. Com sorte eu serei Aprovado. disse:

      Depois dessa, simplesmente concordo com muitos profissionais da área de educação, manobra essa será para privilegiar os alunos de escolas particulares da região e cursos preparatórios.
      Agora dizer que a sorte aprova o candidato, e melhor botar 90% de “Bônus Regional”.
      Ate hoje nunca vi aqueles alunos que nunca se esforçaram em nada passar na “sorte”.

  10. Sertanejo coerente disse:

    Esse é um bairrismo desnecessário. Além disso, a UNIVASF é bancada com impostos provenientes de todas as regiões do Brasil: logo não faz sentido falar em “reserva de vaga para aluno sertanejo”. Há estudos (salvo engano feitos pela Pró-Reitoria de Ensino da UNIVASF) que mostram que o percentual de estudantes de municípios da região do Vale em nossa instituição é majoritário.

  11. Fábio (Professor da UNIVASF) disse:

    Proponho que sejam dados os bônus, com exceção do curso de medicina!

  12. Maria disse:

    Parabéns Carlos Britto por essa iniciativa!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários

  1. Era tão articulado que foi eleito sem voto pelos militares. Não ganhou por mérito próprio, foi imposto.