O silêncio do Trator

por Carlos Britto // 25 de agosto de 2018 às 23:21

E depois de muita luta o velho trator desligou o seu potente motor. E olhe que até tentaram dizer que o motor parou antes do tempo. Tem é tempo que falavam isso, mas ele continuava ali, fazendo barulho. E o som era alto.

Gerado Coelho era “sim, sim, não, não”. Com ele não tinha meia palavra e nem palavra e meia. Era reto, preciso e cirúrgico.

Todos esperavam dele a resolução do problema ou um não sincero. Era um político de antigamente e mais moderno dos que muitos que estão por aí. Inquieto, inconformado e impaciente quando a resolução não chegava. E se não chegava logo, o trovão rosnava com força, longe do raio da Silibrina. Era onde estivesse.

Era duro o nosso Geraldão, mas era amável quando rompíamos sua armadura e tinha um sorriso largo, enorme. Do tamanho de suas ações.

Até o fim manteve o alto astral. José Carlos de Moura e Alexandre Mota, médicos de sua intimidade, me disseram que fazia graça de tudo até quando pôde. E reclamava. Senão não era Geraldo Coelho.

E Geraldo Miranda me disse que suas últimas palavras para ele foi xingando-o e dando risada com a intimidade de um tio e de um grande amigo.

Acompanhei Geraldo Coelho em muitos momentos de nossa vida. No começo com o medo de um iniciante, pela firmeza de sua voz, e no fim com a intimidade que ele permitiu em uma amizade respeitosa. Os mais íntimos ouvem minha melhor história profissional onde ele era o protagonista. Uma boa história que nunca lhe contei. E me arrependo.

Na foto acima eu o apresentava em uma das muitas vezes em que tive essa honra. Eu ficava admirado com sua altivez e seu orgulho de sua cidade. “Êita Petrolina que cresce….Isso é Coelho trabalhandoooo”, repetia o mantra.

Vá lá, Dr Geraldo. Hora mesmo de descansar, pois até os tratores, que são máquinas, precisam parar uma hora. Acompanhar o seu ritmo aqui foi difícil, mas a gente é muito grato. Conte aos seus irmãos que a gente continua pelejando aqui, pois nessa Terra dos Impossíveis não nos é permitido parar.

Carlos Britto

O silêncio do Trator

  1. Amelia Liborio de Alencar disse:

    Acompanho seu blog e nunca fiz comentários, hj com relação A Dr Geraldo Coelho, vc fez uma referência que era sua marca registrada. Sim ! Posso. Não! Não posso . Jamais dava falsas esperanças. Eu posso afirmar pq tive a honra de conviver com este ser humano que os funcionários da Construtora Coêlho se referem a ele como paizão. Ficamos órfãos.

  2. otavio disse:

    Muito bem colocadas as palavras do blog, todas verdadeiras, era um Político Decente que muita falta faz hoje no cenário nacional,

  3. Observador disse:

    Lindas palavras, me emocionei!!!
    O trator parou de bater o seu motor…..

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