Negativa familiar ainda é obstáculo para doação de orgãos em Pernambuco

por Carlos Britto // 16 de agosto de 2022 às 14:05

Foto: Blog do Carlos Britto/arquivo

Entre janeiro e junho de 2022, Pernambuco realizou 654 transplantes de órgãos e tecidos. O número representa 6,2% a mais que o mesmo período do ano passado, quando foram efetuados 616 transplantes. Apesar do aumento, a negativa familiar ainda se configura como um dos principais entraves para a efetivação dos procedimentos no Estado. O percentual chegou a 41% dos motivos da não realização dos transplantes, no mesmo período, segundo dados da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE). Isso significa que 66 famílias não autorizaram as doações.

Neste semestre registramos uma das maiores taxas de negativa familiar dos últimos anos. Este é um número significativo, levando em conta que apenas um doador de órgãos pode salvar muitas vidas e beneficiar vários receptores. É fundamental que as famílias discutam esse tema em casa, que tenham acesso às informações e respeitem a decisão de quem opta, ainda em vida, ser doador depois de sua morte. Temos como missão reforçar a necessidade de ampliar as doações no Estado, ajudando assim mais e mais famílias“, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.

Atualmente, 2.587 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é por rim (1.453), seguida de córnea (916), fígado (153), medula óssea (26), rim/pâncreas (24) e coração (15). No ano de 2021, no mesmo período, a fila de espera era de 2.269 pessoas.

O diagnóstico e a confirmação da morte encefálica são norteados por critérios rígidos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Quando um paciente é identificado com morte encefálica em uma unidade hospitalar, condição que possibilita a doação do coração, rins, pâncreas, fígado e córneas, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) entram em ação para conversar com os familiares e dar informações sobre o processo de doação.

As causas da não realização do transplante podem ocorrer por diversos fatores, inclusive médicos, como nos casos em que não se preenchem os critérios necessários para a doação. Por exemplo, quando os pacientes apresentavam algum tipo de doença sorológica, infecções virais sistêmicas, entre outros. No entanto, para além desses fatores – que já excluem parte das possíveis doações – temos, ainda, a negativa das famílias“, explica Noemy.

Tecidos

Entre janeiro e junho de 2022, Pernambuco realizou 144 transplantes de medula óssea, 29,7% a mais que o mesmo período do ano passado (111) e 306 transplantes de córnea, – 1% que no período anterior (309).

Medula óssea

A CT-PE ainda lembra que, em vida, é possível ser doador de medula óssea. Basta ir ao Hemope e se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para doar, é preciso ter entre 18 e 35 anos e levar RG e CPF. Além de uma palestra informativa sobre a doação de medula óssea, é feita a coleta de uma amostra de sangue do possível doador para os testes de compatibilidade. Uma vez no banco de dados, o possível doador pode ajudar alguém em qualquer lugar do Brasil e também do mundo.

Negativa familiar ainda é obstáculo para doação de orgãos em Pernambuco

  1. Irineu disse:

    Respeite os familiares, Não é Não

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários