Governo Federal seria o grande responsável pelo caos no Hospital Universitário, segundo entidades médicas

por Carlos Britto // 06 de fevereiro de 2014 às 20:05

Coletiva SimepeA falta de repasse do Ministério da Saúde seria a principal causa do caos no Hospital Universitário (HU) da Univasf, em Petrolina. Foi o que afirmaram, em unanimidade, os representantes das entidades médicas durante uma coletiva concedida à imprensa na tarde de hoje (6).

Participaram da entrevista o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital; o presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Silvio Rodrigues; e o diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros.

Segundo eles, o atraso na verba do Ministério da Saúde vem agravando mês a mês a situação do hospital. Sem dinheiro, faltam até pontos de oxigênio para os pacientes. “O repasse atrasa constantemente, o que prejudica tanto os salários dos profissionais da saúde, quanto a compra dos insumos do hospital. Em uma das nossas visitas, por exemplo, só existiam dois pontos de oxigênios para 11 pacientes internados. Se dois deles precisassem do auxílio, os outros nove correriam risco de morte” , explicou Silvio.

Durante as fiscalizações, os representantes das entidades médicas identificaram que há uma sobrecarga de pacientes. A falta de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, fez com que a área amarela do hospital (para casos menos urgentes) se transformasse numa espécie de UTI.

“Não há leitos disponíveis. A área amarela praticamente virou uma segunda UTI do HU. O número de leitos é pequeno para a necessidade da região. Atualmente está faltando alguns antibióticos e pior que isso: não temos uma renovação do material do hospital, os equipamentos são antigos. Não é possível renovar porque não tem verba suficiente para isso”, comentou Silvio.

Com o resultado das visitas em mãos, as entidades irão elaborar um relatório pedindo, junto ao Ministério Público Federal (MPF), o cumprimento de medidas a curto, médio e longo prazo. Segundo Silvio Rodrigues, a solução definitiva para o hospital seria o aumento no número de leitos de 150 para 400.

“Esses leitos seriam divididos em leitos hospitalares, de UTI, nas áreas amarela e vermelha. Com isso, lutaremos por mais suporte dentro da área vermelha, com profissionais fixos, fora aqueles que atuam no atendimento. Ainda precisamos de mais médicos na UTI, além de outros profissionais na sala de recuperação, já que hoje as pessoas não têm o tratamento correto no pós-operatório por haver ausência de um médico nessa sala”, informou.

Hospital de Ensino

Junto ao MPF, as entidades médicas querem acionar a empresa que faz a gestão do HU (Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar – ISGH) e a própria reitoria da Univasf. Para o vice-presidente do CFM, a situação se agrava porque a unidade de saúde ainda é responsável por parte do processo de ensino-aprendizagem de milhares de estudantes da região.

“Além de ser um hospital de assistência, o HU é um hospital de ensino. Ali se formam médicos e vários outros profissionais da área. O MEC também deveria fazer suas contribuições orçamentárias. Se reconheceu a unidade como hospital de ensino, naturalmente a universidade cumpriu com as exigências para isso. Mas, infelizmente, a União mais uma vez se isenta de suas obrigações”, criticou Carlos Vital.

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