Feijoada musical em Juazeiro reverterá renda em prol da tradição dos congos

por Carlos Britto // 26 de abril de 2018 às 21:34

Uma feijoada musical a cargo de Maurício Dias Cordeiro (Mauriçola) e convidados vai reverter a renda em prol da preservação da tradição dos congos em Juazeiro (BA). O evento acontecerá neste domingo (29), no Celeiro Bar, localizado à Rua 8 do Bairro Maringá.

Ingresso para a feijoada custa R$ 20,00. Já a casadinha (ingresso mais um CD especial de Mauriçola) sai por R$ 30,00.

Os interessados podem adquirir o seu na Seculte (Praça da Catedral) ou pelos seguintes contatos: 3611- 4338/3613-0654/74-98846-8738/zap 71-99115-1278.

Os congos

Segundo a professora e antropóloga Odomaria Bandeira, vários africanos, ao virem para o Brasil como escravos, acabaram trazendo esta tradição e adaptando com a cultura local. “O que a gente tem hoje dos congos é o que conseguiu sobreviver ao longo de tantos anos dessa história. Porque na verdade a prática dos congos tem muito a ver com a prática da escravidão que atingiu o Brasil praticamente por mais de 200 anos, e que chegou até essa região. Essa própria presença de Nossa Senhora do Rosário, é bem significativa dessa presença do negro no contexto de escravatura como um segmento social marginal, praticamente sem espaço para manifestar a sua religiosidade”.

Em Juazeiro não se sabe a data exata em que os congos tiveram origem. Segundo relatos dos participantes mais velhos da atual formação dos congos, sabe-se apenas que o senhor José Cassiano, que morava na Ilha de Nossa Senhora, foi quem ensinou esta dança aos primeiros componentes do grupo, formado apenas por homens.

Seu Cassiano foi, portanto, o 1º dirigente dos congos de Juazeiro.  Depois de sua morte em 1935, os senhores Berto e João Lionídio deram continuidade à tradição, e desde 1973 até hoje o responsável pelos ensaios é o senhor José Pereira, mais conhecido como Gó Véi. Com 80 anos, seu Gó Véi relembra que antigamente a bandeira do rosário visitava várias localidades do interior e quase todas as casas da cidade, quando o grupo pedia esmola em forma de cantiga para arcar com as despesas da festa.

Os cantos dos congos são uma mistura de louvor à virgem do rosário e melancólicas toadas de marujos. Seu Go Véi é neto do segundo dirigente dos congos. Aos 10 anos de idade entrou para o grupo. “Eu andava com meu avó e ele sempre me dizia: José, você vai tomar conta do meu encargo, porque meus filhos não dão para isso. Aí eu fui crescendo, crescendo, até que um dia eu, soltando pipa, um pedaço de pau entrou em meu pé e eu fiquei sem poder caminhar. Meu irmão me levava na cacunda para os ensaios dos congos, até que minha mãe fez uma promessa para Nossa Senhora do Rosário: José tem vocação para os congos, e se ele ficar bom dentro de um ano, ele entra para os congos. Aí eu fiquei bom e minha fé por nossa senhora só aumentou”, conta.

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