Em sua defesa no Senado, Dilma diz ser alvo de “um golpe de estado”

por Carlos Britto // 29 de agosto de 2016 às 11:10

Dilma discursa no senado

A presidente afastada Dilma Rousseff começa a responder a questionamentos dos senadores inscritos no interrogatório, após um discurso de 46 minutos em sua defesa própria no julgamento do impeachment no Senado, que acabou de fazer. Dilma disse ser alvo de um “golpe de estado” e que não cometeu os crimes de responsabilidade pelos quais é acusada. Segundo ela, só os eleitores podem afastar um governo “pelo conjunto da obra”.

Dilma começou a discursar às 9h53, 15 minutos depois da abertura da sessão pelo presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele conclui a fala às 10h39. O pronunciamento da presidente afastada antecede as três últimas etapas do julgamento – o interrogatório de Dilma pelos senadores, o debate entre acusação e defesa e a votação do impeachment pelos parlamentares.

No discurso, Dilma disse que “jamais” renunciaria e que é alvo de um “golpe de estado”. “Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de estado”, declarou.

Segundo ela, o regime presidencialista do Brasil não prevê que, se o presidente perder a maioria dentro do Congresso, o mandato deve ser cassado. Dilma disse que “só o povo” pode afastar o presidente pelo “conjunto da obra”.

“No presidencialismo previsto na Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar o presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade e está claro que não houve tal crime”, disse Dilma. “Não é legitimo, como querem meus acusadores, afastar o chefe de estado e governo por não concordarem com o conjunto da obra. Quem afasta o presidente por conjunto da obra é o povo, só nas eleições“, afirmou.

Ela relacionou o que chamou de “golpe” ao governo do presidente em exercício Michel Temer, ao qual classificou como “usurpador”.

“Um golpe que, se consumado, resultará na eleição de um governo indireto e usurpador. A eleição indireta de um governo que na sua interinidade não tem mulheres nos ministérios quando o povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o pais. Um governo que dispensa negros na sua composição ministerial e revelou profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo em 2014”, disse Dilma.

Dilma iniciou o discurso fazendo referência à tortura que sofreu como presa política durante a ditadura militar. “Não posso deixar de sentir na boca novamente o gosto amargo da injustiça e do arbítrio”, afirmou.

Segundo ela, em seu mandato como presidente, defendeu a Constituição e que jamais agiria contra a democracia. “Sempre acreditei na democracia e no estado de direito. Jamais atentarei contra o que acredito ou praticaria atos contra os interesses daqueles que me elegeram”, afirmou a presidente afastada na parte inicial de sua fala.

“Não luto pelo meu mandato por vaidade ou apelo ao poder como é próprio dos que não têm caráter. Luto pelo povo do meu país, pelo seu bem estar”, declarou.

Inocência

A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma “ruptura democrática”.

Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do poder, disse que a “ruptura democrática” se dá agora sob pretextos constitucionais “embasados por uma frágil retórica jurídica”.

O que está em jogo no processo de impeachment não é o meu mandato”, afirmou. Segundo ela, “o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos“, e listou iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria. (fonte: G1 Brasília/foto: Evaristo Sá/AFP)

Em sua defesa no Senado, Dilma diz ser alvo de “um golpe de estado”

  1. José J. Mateus disse:

    As penitenciárias estão cheias de gente inocente.

  2. Fábio disse:

    E o Senado também…

  3. Fábio Gilney disse:

    Graças a Deus, Dilma será julgado pelos anjos da perfeição política e paladinos absolutos da moral.

  4. Maria do Socorro - Fora PT disse:

    Se fosse golpe, não teria o presidente do STF na mesa. E ele é do PT.

  5. Marcio disse:

    Política podre. Ladrão julgando ladrão. Inocente nessa história, só a população.

  6. mary disse:

    Nossa! a justiça da perfeição faz me rsrsrsr……. ela esta sendo julgada por ter assinado decretos e porque um como Eduardo Cunha e outros embolsaram o nosso dinheiro (ROUBARAM) e nem se quer julgado foi e muito menos preso……difícil de entendo se é ou não um golpe.

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