Degradação do solo ameaça desaparecimento de importante fonte de água em Sento Sé

por Carlos Britto // 03 de agosto de 2015 às 08:40

fonte limoeiro - sento séA degradação e o uso irracional da água estão colocando em risco uma das belezas naturais mais importantes do município de Sento Sé, no norte da Bahia: a fonte termal da Cabeça D`água, mais conhecida como fonte do Limoeiro da Batateira.  Até a década de 70, o riacho salobro jorrava suas águas a uma distância de 10 quilômetros, no local denominado Monte Alto. Hoje, o seu volume está reduzido a apenas 4 quilômetros; piscinas naturais profundas desapareceram; espécies aquáticas foram extintas e aos poucos o riacho do Limoeiro está morrendo. As nascentes que deveriam ser protegidas são asfixiadas por bombas elétricas; tapagens, assoreamento e plantações no leito do córrego obstruem a passagem da água, impedindo o seu curso; produtos químicos e dejetos são lançados indiscriminadamente, poluindo as vertentes.

Por mais de dois séculos, os moradores retiraram a água para o consumo humano diretamente da fonte. O Vale do Limoeiro é um grande pomar, coberto por mangueiras centenárias, coqueiros gigantes, goiabeiras, canaviais, carnaubeiras, quixabeiras, juazeiro – entre outras espécies – e abriga aves ameaçadas como João de Barro, Sofreu, Casaca de Couro, Asa Branca, Azulão, Pêga, Pássaro Preto, periquitos, Andorinhas, Bemtevis, falcões, pica-paus e rolinhas.

O oásis no meio da caatinga é habitado há mais de 300 anos, e desde os seus primórdios vem sofrendo com a degradação do homem. Os primeiros desbravadores do território surgiram por volta de 1700, procedentes do Piauí, os quais ali se estabeleceram formando lavouras de cana, instalando engenhos rapadureiros e fundando a feitoria Cabeça D`água, em homenagem à nascente de água quente. O solo de massapê é úmido e denso, próprio para as culturas orgânicas. De uma beleza rara e exuberante, o espaço natural sempre foi abundante em água e alimentos.

Intervenção das autoridades

O uso inadequado dos recursos naturais vem provocando um desequilíbrio ambiental preocupante. Por isso, um grupo de moradores acionou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a prefeitura municipal, solicitando intervenções no sentido de que sejam adotadas ações de proteção ambiental. De acordo com o grupo, já foi feira uma investigação pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com o apoio da Polícia Militar, que irá apontar a veracidade das denúncias. Segundo a assessoria da prefeitura, a administração aguarda o posicionamento do MP-BA para realizar ações efetivas como limpeza, desobstrução e drenagem dos canais, palestras educativas, proibição de atividades degradantes e fiscalizações constantes. (foto/divulgação)

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