Artigo do leitor: Senador FBC reforça alerta para ameaça da desertificação do semiárido

por Carlos Britto // 04 de agosto de 2015 às 19:31

fernando bezerraO processo de desertificação do semiárido brasileiro vem preocupando não apenas especialistas, mas também lideranças políticas. É o caso do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), que conhece como ninguém esse problema. Neste artigo enviado ao Blog, ele reforça o alerta:

Confiram:

Nascido em Petrolina – hoje, o maior aglomerado urbano do Semiárido Brasileiro – sou um nordestino que vê de perto, e com muita tristeza e preocupação, o avanço de um triste fenômeno: a desertificação do semiárido e de outras regiões do nosso Nordeste. Como alertei nesta última semana, na Tribuna do Senado Federal, mais de um milhão de hectares do semiárido em oito estados nordestinos e também no norte de Minas Gerais estão susceptíveis à desertificação, resultado do baixíssimo índice pluviométrico combinado com as queimadas, as erosões, o manejo inadequado da agricultura e da pecuária e a destruição da microfauna.

Esse fenômeno – com causas climatológicas e resultado de intervenções humanas equivocadas ou irresponsáveis – agrava-se em razão da seca mais severa que atingiu a Região Nordeste nos últimas 40 anos. E é no Semiárido, cujo processo de desertificação avança dia a dia, que vivem cerca de 28 milhões de brasileiros em 1.133 municípios. É lá, também, que se concentra a maior parte de cidadãos de baixa renda e socialmente vulneráveis.

Lembro que quanto mais o processo de desertificação avança, mais difícil, mais demorada e mais cara se torna a recuperação do solo; quando não, irreversível. Esta foi, inclusive, uma das questões destacadas por especialistas da Embrapa e do Ministério da Ciência e Tecnologia que convidamos para a recente audiência pública da Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC) do Congresso Nacional, da qual sou presidente.

Segundo nos apontaram os especialistas do governo, 20 núcleos territoriais do Semiárido Nordestino já apresentam alto grau de degradação do solo, totalizando 21 mil hectares. Nestes locais, os riscos são agravados pelo tradicional sistema de agricultura itinerante e o uso de insumos tecnológicos inadequados. Nestas condições, depois de duas ou três colheitas, o solo perde os nutrientes, deixa de ser produtivo e, então, é abandonado.

Durante a audiência da CMMC, realizada no último dia 9, em Brasília, vimos imagens de propriedades inteiras onde restam apenas vestígios da caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro e nordestino. E este patrimônio biológico nunca mais poderá ser recuperado se ele chegar ao nível da desertificação: um processo real, grave e que demanda políticas públicas capazes de conter e reverter esse desequilíbrio ecológico enquanto ainda há tempo.

Por isso, a recente aprovação, pelo Senado, do Projeto de Lei 70/ 2007, que estabelece a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, chega em excelente e urgente hora. Estou otimista de que, quando sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a Política impulsionará a implementação de medidas capazes de reverterem este triste cenário. E para que elas se materializem e de forma célere, vamos encaminhar, por meio da CMMC, uma pauta de trabalho à Presidência da República para que seja estabelecida uma agenda conjunta entre o Legislativo e o Executivo.

No meu entendimento, é preciso que o governo invista em um sistema integrado de monitoramento, na capacitação de técnicos em extensão rural e na criação de centros de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias que possam prevenir e conter os processos de desertificação. Vejo, ainda, a necessidade de se implementar sistemas de captação e uso da água da chuva, de irrigação das regiões vulneráveis, de recuperação de solos salinizados ou alcalinizados e de estímulo ao reuso da água, além do reflorestamento.

A desertificação é um fenômeno que deve preocupar e chamar a atenção de governantes, especialistas, parlamentares e de toda a sociedade. Com a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, o Brasil aumenta as chances de ganhar maior protagonismo na Conferência Mundial do Clima, a COP 21, que ocorrerá em Paris, na França, em dezembro deste ano. Diretamente relacionada a questões climáticas e à degradação da natureza, a desertificação extrapola o Semiárido Nordestino e as fronteiras brasileiras: é um problema global.

Fernando Bezerra Coelho/Senador-PSB

Artigo do leitor: Senador FBC reforça alerta para ameaça da desertificação do semiárido

  1. Gloria disse:

    quero ação… conversar menos e vá agir mais…principalmente não deixar este prefeito louco fazer seu sucessor! e poque não pega o Juiz Moro para algemar este oportunista barato , que é o prefeito?
    o que vc está fazendo?
    não aguento mais olhar para cara deste prefeito nem da sua, pq não toma providencias ?????…..

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