Artigo do leitor: “O ofício de ser um policial militar”

por Carlos Britto // 17 de setembro de 2019 às 21:37

Neste artigo, o titular do Comando de Policiamento Regional Norte (CPRN), Coronel José Anselmo Moreira Bispo, descreve em poucas – mas suficientes – palavras o duro ofício de ser um policial militar.

Boa Leitura:

Cada um sabe a delícia e a dor de ser o que é…

Me apropriando desse trecho da letra da canção “Dom de iludir”, do cantor e compositor baiano Caetano Veloso, e ainda tomando como base esses meus longos 35 anos de serviço ativo nas fileiras da Polícia Militar da Bahia, todos após 1986, quando fui declarado Aspirante a Oficial pela Academia da Polícia Militar da Bahia, após concluir o nível superior em Formação de Oficiais, hoje Bacharel em Segurança Pública, exercidos no “front” operacional, no combate ao crime e no exercício da proteção à vida e o patrimônio material dos cidadãos baianos, mesmo com risco da minha vida, como está explícito no nosso juramento, a todo instante me surpreendo a perguntar o que um homem e/ou uma mulher pensa quando faz a opção de  ingressar nas corporações policiais militares: se na delícia ou na dor de fazer parte dela.

Nós, policiais militares, vivemos num ambiente em que, parte da sociedade, muito influenciada por setores da imprensa que insistem em diariamente, a cada ação dos nosso profissionais nas ruas, procurar exaltar apenas as falhas ou mazelas, além de tentar incutir no olhar coletivo que  somos seres de capacidade intelectual diminuta, numa análise feita por “especialistas” de Segurança Pública, desconhecedores da nossa estrutura institucional e da capacidade do nosso capital humano, “especialistas”. Esses, forjados numa teoria adquirida nos bancos acadêmicos, sob o conforto do ar condicionado, sem sequer se dar ao cuidado de analisar que, naquela ação tem como parte um fator preponderante: a existência do Ser Humano, com todas as suas fraquezas, medos e limitações emocionais, oriundo não de outro planeta, mas do seio da sociedade a qual serve.

É muito fácil apedrejar o Ser Humano policial militar, é muito fácil apedrejar corporações que são quase bicentenárias, como a Polícia Militar da Bahia, é muito fácil transformar a nós todos na “Geni”. Sim, aquela da música de Chico Buarque, cortejada para  se submeter ao sacrifício de se entregar para salvar uma comunidade e que, após a salvação dessa, é apedrejada.

“Cada um sabe a delícia e a dor de ser o que é…” , mas nós, policiais militares, criados para servir e proteger, continuaremos cumprindo a nossa missão, nos alimentando da delícia e nos resignado com a dor de ser o que somos.

Meu sangue é PM positivo.

José Anselmo Moreira Bispo – Coronel PM Comandante do Comando de Policiamento Regional Norte/Juazeiro (BA)

Artigo do leitor: “O ofício de ser um policial militar”

  1. Defensor da liberdade disse:

    Não sei que ofício duro é esse, ganha uns 4 mil para ficar rodando de carro na viatura com ar-condicionado, uma penca de benefícios da categoria, se aposenta cedo, direito de andar armado em grupo e com proteção balística, além de poder usar a arma para se defender sem ter que responder processo em liberdade.

    Duro meu nobre comandante, é não ser funça público e ser civil neste país, não ter a penca de benefícios que vocês tem, não poder ter uma arma sem burrocracia e ter 300 vezes mais chances de ser vítima da violência. Vem para à iniciativa privada e a vida de civil que o senhor verá o que é dureza.

  2. Péricles Antonio Maria de Nazaré Alcântara de Oliveira disse:

    Palavras ditas, são palavras praticadas no dia a dia do Centurião Amigo, filho de outro Centurião José Bispo, que não se encontra presente conosco, mas espiritualmente Eterno.

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