Artigo do leitor: “O conto do Mariz. Há quem acredite …?”

por Carlos Britto // 09 de dezembro de 2019 às 09:58

Foto: reprodução internet

Pelo jeito a usina nuclear para Itacuruba, sertão de Itaparica, ainda vai render muito. Nesse artigo enviado ao Blog, o professor, Heitor Scalambrini Costa, da UFPE volta ao tema e joga luz sobre a última reunião sobre o tema.

Em encontro realizado nesta sexta-feira (6/12), no auditório do Espaço Ciência, a Academia de Ciência de Pernambuco, com o apoio da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) foram discutidos os prós e contras da implantação de usinas nucleares no sertão Pernambuco.

Este evento contou com a presença de pesquisadores, estudiosos da questão energética em seus impactos sociais, ambientais, econômicos, antropológicos, éticos, culturais. Para debater foram convidados Carlos Henrique Mariz, conselheiro da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Heitor Scalambrini Costa professor aposentado da UFPE e membro da Articulação Antinuclear Brasileira, a professora Vânia Fialho da UPE e membro da Articulação Sertão Antinuclear, e o professor da UFPE e ex ministro Sergio Resende.

Com a moderação do secretario da SECTI, Aluísio Lessa, o encontro teve auditório completo, mostrando assim o grande interesse, que tal decisão tomada pelo governo federal de instalar usinas nucleares no município de Itacuruba, desperta não somente na academia, mas também de todos pernambucanos.

O que chamou a atenção, e destaco, foram duas declarações do também professor aposentado da UFPE, e ex funcionário da CHESF Carlos Mariz, que comandou o escritório do Nordeste da Eletronuclear (já não existe mais), e que agora pertence a uma entidade lobista das atividades nucleares. A ABDAN constituída no Rio de Janeiro em 27 de outubro de 1987, é uma entidade sem fins lucrativos, que congrega a maioria das empresas de bens de capital, de construção e montagem, do setor de consultoria e engenharia, de operação de usinas e de unidades fabris de sistemas e equipamentos, que participam das atividades nucleares no Brasil.

Na ocasião argumentei que a tecnologia nuclear é cara, e que o MWh da nucleoeletricidade custa hoje R$ 480,00 o que corresponde 4 a 6 vezes mais caro comparada aos preços finais por fonte que ocorreu no leilão A6 de outubro/2019. Neste leilão a hidroeletricidade alcançou R$ 157,08/MWh, a energia eólica R$ 98,89/MWh, e a solar R$ 84,39/MWh.  Diante do maior preço do nuclear sem dúvida, acarretaria aumento nas  faturas para o consumidor. Ai  o Mariz, em uma das suas intervenções, no afã em defender seus pontos de vista, e de afirmar as amplas vantagens e as consequências positivas de tais usinas em Itacuruba, veio com esta “pérola” afirmando “com a construção de usinas nucleares no pais, e com a oferta de energia elétrica por tal tecnologia, os custos da energia elétrica para os consumidores iriam diminuir”.

Em outra oportunidade do debate, e diante da afirmativa de que o Nordeste em particular, tem outras opções mais apropriadas e menos polêmica para a geração elétrica, como a energia solar e eólica, e que no Brasil os consumidores já pagam a 3ª maior tarifa de energia do planeta,  o dobro da média mundial (segundo a Agência Internacional de Energia);  Mariz argumentou “ hoje é o uso da energia solar e eólica é quem encarece as contas de energia”.

Bem, diante de tais afirmativas,  podemos avaliar que os defensores da energia nuclear estão dispostos a tudo, inclusive a vender ilusões para que novas usinas sejam instaladas em território brasileiro.

Heitor Scalambrini Costa/Professor aposentado (não inativo) da UFPE

Artigo do leitor: “O conto do Mariz. Há quem acredite …?”

  1. Defensor da liberdade disse:

    Só que a usina nuclear não é intermitente professor, como a eólica e a solar, e até mesmo a hidráulica, que vive tendo queda de produtividade por causa das constantes mudanças climáticas, então no longo prazo o preço da energia nuclear tende a ficar mais em conta, por que não há perda de produtividade como as outras.

    Há de convir também que tanto a solar, como a eólica e a hidráulica requerem grandes grandes áreas para serem instaladas, uma perda considerável de área que possa ser habitada ou cultivada no futuro.

    Poxa professor, não custava nada pesquisar mais um pouquinho.

  2. Edilberto disse:

    Isso é ridículo absurdo, em tempos que se fala em fontes de energia limpa vem com essa de usina Nuclear e, o resíduo nuclear manda pra Brasília, porque eles não discutem a criação de uma usina em Brasília? Esses babacas que demonstram tanto interesse, estão apenas visando o montante envolvido de R$ 132 bilhões de reais e o povo que se dane. O nordestino já sofre com a indústria da seca, agora eles vem com essa pérola de usina nuclear. Pensando pelo lado crítico da coisa um acidente nuclear levaria a morte definitiva do São Francisco, como Chernóbil, Goiânia com o césio, a radiação nuclear é uma reação em cadeia podendo se propagar durante centenas de anos e, não possibilita nenhuma espécie de vida no local contaminado. Isso não traz benefício algum, logo eles estariam taxando, como já estão arrumando formas de taxar a energia solar.

    1. Defensor da liberdade disse:

      Senhor Edilberto, não insista neste erro de questionar a segurança das usinas nucleares, pois menos de 1% dos reatores existentes no mundo sofreram acidentes. Em nenhuma área da mecânica, da engenharia, se tem uma taxa de erro tão baixa como esta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários