Artigo do leitor: “Levar a cruz até o Calvário, como Cristo”

por Carlos Britto // 21 de abril de 2025 às 22:00

Foto: Divulgação

Neste artigo, o advogado Rivelino Liberalino enaltece a força que o Papa Francisco teve até o fim do seu ciclo, movido sobretudo pela sua vocação.

Confiram:

Ontem, ao ver o Papa Francisco tão fragilizado, vencido no corpo mas inabalável na fé, algo profundo me comoveu. Ele, de respiração ofegante, puxando o ar com ajuda de oxigênio, ali estava… cumprindo seu chamado até o fim. Sem reclamar. Sem fugir. Apenas entregando-se.

Não estava apenas representando a Igreja. Estava encarnando o Cristo que sofre, o Cristo que persevera.

Quantos de nós teríamos parado? Quantos buscaríamos um descanso, um alívio?

Mas ele ficou.

E ali, em sua cadeira de rodas, ele pregou o mais poderoso dos sermões:

“É possível levar a cruz até o Calvário com fé, com dignidade, com amor.”

Quantas vezes nos perguntamos:

“Por que ele não descansa?”

Mas e Cristo? Descansou durante sua via-crúcis?

Não. Ele caiu, sangrou, mas não largou a cruz.

Confiou no Pai. E levou até o fim.

A fé que nos move…não é uma fé de explicações.

Fé é entrega inexplicável. É seguir mesmo sem compreender.

Mesmo o próprio Cristo, no Horto das Oliveiras, sentiu angústia.

Mesmo os apóstolos — que com Ele conviveram — vacilaram.

Imagine nós, que não o tocamos, que apenas o intuímos…

Somos seres sensoriais. Queremos ver, ouvir, tocar para crer.

Mas os sinais estão aí, gritando em silêncio todos os dias:

O dom da vida, o milagre de acordar, o respirar, o amor que nos visita, o perdão que nos alcança.

Tudo isso são vestígios de Deus, ainda que nossa fé oscile.

E ontem, o Papa Francisco, com seus gestos silenciosos, nos recordou:

a cruz é nossa estrada, e ela só ganha sentido quando levada com fé.

Não é sobre força física. É sobre coragem espiritual.

Ele está cumprindo seu ciclo terreno como quem sabe que o Calvário não é o fim, mas a passagem.

A semente da eternidade brota ali, no sacrifício silencioso dos justos.

Que possamos aprender com ele.

Que possamos olhar para nossas próprias dores e cruzes e lembrar:

é possível carregá-las até o fim, mesmo frágeis… se formos fiéis.

Rivelino Liberalino/Advogado militante nas áreas cível e trabalhista, pós-graduado em Direito Tributário pelo IBPEX- Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão

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