O leitor Antonio Damião Oliveira faz uma análise, neste artigo, sobre suas expectativas em relação à Copa 2014, principalmente no que se refere ao desempenho da nossa seleção e do craque Neymar. Confiram:

A opção de o Brasil ser candidato único a sediar a copa do mundo de 2014, foi sem dúvida, uma conquista e tanto. Podemos dizer, na linguagem do futebol, um gol de placa. Embora Joseph S. Blatter, presidente da Fifa, em entrevista dissesse que o processo não foi tão fácil assim, mesmo sem nenhum concorrente. Não sei a que compararei esse megaevento, devido a sua importância perante o mundo todo, capaz de mexer com as emoções de bilhões de pessoas do planeta.

Quando chega o momento da competição entre as seleções, até quem não gosta de futebol e não tem preferência por nada, é dominado por uma paixão tão imensurável que toma partido e é contagiado com a mesma intensidade de um torcedor. O entusiasmo a vibração das pessoas, um clima festivo mobilizando ruas, cidades, avenidas, bairros, com cores e bandeiras, o espetáculo fica muito mais lindo e emocionante. Nessa época as vendas de TVs crescem consideravelmente, pois muitos têm o prazer de comprar um eletrodoméstico somente com o objetivo de assistir à copa.

E o que dizer da nossa seleção brasileira, tem uma equipe forte e competitiva? Hoje, certamente podemos dizer que não. Fracassamos numa Copa América e o tão sonhado ouro olímpico escapou das nossas mãos novamente. Por mais que seja importante sediar um mundial dessa magnitude e sentir-se mais à vontade como anfitriã, pesa uma responsabilidade e uma cobrança tal a todos os jogadores. Na cabeça dos torcedores, como o ambiente é favorável, a nossa seleção tem a obrigação de ganhar o mundial. Os pontos positivos é que nossos craques contam com o calor da torcida, não há problema de adaptação, e não sentirão falta disso ou daquilo, em qualquer estádio que chegarem terão a mesma acolhida.

O que pode acontecer é que se jogarem mal as vaias serão inevitáveis, porém se fizerem uma boa apresentação serão aplaudidos. Esse comportamento da torcida brasileira já é parte da nossa tradição. Oxalá que eles entrem em campo com garra e um espírito vitorioso e as jogadas se transforme em gols. Considerando o elenco que temos atualmente, infelizmente não nos inspira confiança.

Algumas atuações relativamente fracas, em função de alguns jogos realizados, deixaram a desejar. Desde que o Mano Menezes assumiu a Seleção Canarinho foram testados vários nomes, mas parece que não temos uma base sólida. É como se tivesse faltando alguma coisa, uma peça-chave para organizar tudo. Esperamos que até lá esses supostos problemas sejam resolvidos, porque improvisar setores com jogador que não é da posição, a tendência é dar errado. Um planejamento tático, uma definição clara de cada posição com um banco de reservas em potencial ao titular, são detalhes importantes que precisam ser vistos, não só pelo técnico, e sim por toda comissão técnica.

Podemos dizer que a seleção brasileira sempre é favorita, devido à forte tradição. Todavia, precisamos ter um elenco que nos garanta conquistar a cobiçada taça de campeão. Gostaríamos de não estarmos desconfiantes, mas diante desses vexames recentemente somos impulsionados a fazer esse julgamento grosseiramente preliminar.

Diante de seleções consideradas fortes, temos sérias dificuldades. Temos deficiências nas finalizações, a nossa zaga apresenta vulnerabilidade, e não temos tanta objetividade no meio campo. Precisamos ser mais enérgicos, o entrosamento entre os artistas da bola precisa ser mostrado com classe e eficiência. O Neymar é gênio, tem todos os requisitos para se transformar num dos maiores nomes do futebol mundial, no entanto tem que fazer pra merecer esse reconhecimento, principalmente em jogos oficiais pela seleção. O craque do Santos precisa mostrar toda a sua genialidade, ele é uma referência no seu clube, tem um repertório de jogadas incríveis, é a sensação do momento e precisa repetir suas lindas jogadas na nossa seleção, porque quando mais se precisa dele nos momentos decisivos, fica escondido, ofuscado e sem brilho. Não temos o prazer de vê-lo maculado por essas coisas negativas.

Eu sei que as cobranças são constantes, a pressão é um tanto forte, mas um trabalho precisa ser feito com esse jogador, ele é apenas um garoto em ascensão e crescimento. Talento, potencial, qualidades e ousadia o mesmo tem de sobra, o que não podemos é jogar toda uma responsabilidade na pessoa dele, precisamos evitar esse tipo de situação. Além disso, julgá-lo ao ponto de achar que ele não tem lugar na nossa seleção é no mínimo uma precipitação. Não desmerecendo qualquer jogador, se Neymar não tiver vaga na seleção brasileira, então ninguém tem. Ele é um jogador extraordinário, repito, precisa de um trabalho que lhe dê confiabilidade nas suas atuações em jogos mundiais. Entretanto, ainda acredito que o mesmo fará muito mais bonito e melhor, a exemplos de grandes nomes que brilharam em nossa seleção brasileira, mas que inicialmente não mostraram um grande futebol e deram a volta por cima. Que as críticas concernentes à pessoa dele o sirvam de incentivo.

Eu não poderia encerrar esse artigo sem fazer justiça a um grande jogador, grande não na altura e sim na sua ética profissional e dignidade humana. Ele continua atuando brilhantemente como se fosse um garoto, dando alegria aos torcedores do seu clube. É considerado o Chillaver brasileiro. Não sou torcedor e nem defendo as cores do time a qual ele pertence, mas creio que temos um débito para com a pessoa dele. É um profissional de mão cheia, que para mim é exemplo em campo e fora de campo. Eu o considero um dos maiores cobradores de falta da atualidade, quando se posiciona próximo à área adversária, a cobrança é feita com perfeição e maestria, bem como um excelente cobrador de pênalti. Nessa hora vêm à tona as lembranças do nosso inesquecível ‘Galinho’ de Quintino, o Zico.

Digo, sem pedir segredo, concordando com os comentários de Neto, ex-jogador e comentarista esportivo da Bandeirantes, “Rogério Ceni tem todas as condições para ser titular da atual seleção”. (Esse artigo é fruto desse comentário, escrevi em função das palavras do Neto). Se fosse convocado, faria bonito e não nos decepcionaria. Além de ser um grande goleiro, era uma opção a mais nas suas excepcionais cobranças de faltas. A argumentação contrária é que o mesmo está com a idade avançada e suas condições físicas comprometeriam seu rendimento. Esse preconceito de idade e discriminação a gente só vê no Brasil. Roger Milla, lembram-se dele? Se levasse em conta o fator idade ele jamais teria sido convocado por seu país, no entanto, ele mostrou em campo que a idade não o impediu de fazer história com lindos gols.

Milla atuou até aos 45 anos de idade, foi convocado aos 42 anos e brilhou como se fosse um garoto de poucos anos. Embora representasse as cores da seleção dos Camarões, até hoje é uma referência no futebol africano, entrando para a galeria da história com seu futebol-arte. Em relação ao Rogério Ceni, não estou culpando ninguém, porém essa injustiça precisa ser corrigida. Se dependesse de mim, do Neto, e todo o torcedor do São Paulo, e muitos amantes do futebol, Rogério Ceni seria convocado. Sou torcedor do Flamengo, mas admiro a postura desse jogador e as suas brilhantes atuações em campo, se ele tivesse uma chance, faria uma grande diferença nessa copa de 2014.

Esperamos que Felipão, o novo técnico que assumiu o comando do grupo recentemente, corrija algumas deficiências nos diversos setores e que possamos ver a nossa Seleção Canarinho ocupar uma posição confortável no ranking da Fifa, ou seja, no topo. Sempre foi a nossa característica e, que possam repetir a brilhante atuação de 2002, quando Ronaldo Fenômeno fez bonito e honrou a nação brasileira com o título mundial. E o título de 1994, com a fantástica atuação de um baixinho chamado Romário, hoje atuando como deputado federal. Sem dúvidas, fruto de um trabalho organizado de toda a equipe de jogadores e comissão técnica.

Antonio Damião Oliveira da Silva/Guarda Municipal de Petrolina e Professor de Matemática