Apenas 45 cidades brasileiras tem maioria de vereadores nas câmaras, diz TSE

por Carlos Britto // 10 de março de 2024 às 07:56

Foto: TSE/reprodução

Na semana de homenagens ao Dia Internacional da Mulher, o cenário para elas no meio política ainda mostra uma realidade que não gostariam. Levantamento realizado a partir de dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que somente 45 cidades entre as 5.568 que realizaram eleições municipais em 2020 têm maioria de mulheres na composição das câmaras de vereadores – valor que não chega a 1% do total dos municípios.

A maior parte dessas cidades é pequena, com menos de 15 mil habitantes, e é administrada por prefeitos homens. Em 2016, essa proporção era ainda menor: apenas 24 municípios elegeram mais mulheres do que homens para as câmaras municipais.

Em média, pouco mais de 13% das vagas dos legislativos dos municípios estavam ocupadas por mulheres. Com as Eleições 2020, esse percentual subiu para 16%, mas 933 cidades não tiveram candidatas eleitas ao cargo de vereança e apenas 663 elegeram prefeitas.

Os dados do TSE mostram que, em quase 900 municípios, as candidatas ao cargo de vereador foram as maiores captadoras de votos. Elas se sobressaíram principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste, onde se concentram mais da metade dos municípios em que as mulheres obtiveram os melhores resultados para o cargo.

Crescimento

Doutora em Ciência Política pela Universidade de Essex, no Reino Unido, e pós-doutora na mesma área pela Universidade de São Paulo (USP), Teresa Sacchet observa que o crescimento é tímido, mas importante. “Há problemas ainda, mas já tivemos muitos avanços. A iniciativa vem das mulheres, elas que propõem, mas os grandes avanços nesse sentido vieram por meio do Judiciário, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral. Espera-se que os próximos avanços sejam muito maiores”, afirma Sacchet.

A pesquisadora disse acreditar também que, se de fato houver proporcionalidade de candidaturas e financiamento eficaz, o progresso das mulheres na política pode ser ainda maior. “O problema não é só ter menos dinheiro, mas quando esse grupo tem esse acesso“, pontua Sacchet. Sobre isso, ela ressalta a importância no cumprimento, pelos partidos políticos, do prazo de repasse de financiamento para candidaturas femininas e de pessoas negras, como forma de impulsionar esses grupos na política. As informações são do TSE.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários