Agricultor critica processo de implantação do Refúgio do Tatu-Bola

por Carlos Britto // 13 de outubro de 2015 às 18:08

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Mal saiu do papel, o Refúgio de Vida Silvestre do Tatu-Bola – criado por meio de decreto do Governo de Pernambuco – vem gerando, por enquanto, muito mais controvérsia do que consenso. Localizado numa área de 110 mil hectares entre Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do estado, o parque ecológico ficou no ‘olho do furacão’.

O motivo é que, ao mesmo tempo em que pretende se voltar à preservação de espécies nativas da região (a exemplo do tatu-bola), o parque deverá desalojar algo em torno de 3,5 mil famílias da zona rural dos três municípios nos quais abrangerá.

De acordo com o agricultor Nilberto Baldomiro Ribeiro (foto), que representa a Associação de Pequenos Produtores da Baixa Verde, em Petrolina, as famílias estão completamente “à margem” desse processo. A revolta é tamanha que não está descartada uma mobilização de agricultores locais no Recife, no próximo dia 27, quando uma nova reunião sobre o assunto será realizada pelo governo.

Nilberto conta que antes mesmo de elaborar o projeto, era necessário ouvir as pessoas que moram na área escolhida para abrigar a reserva ambiental. Mas isso, segundo ele, não ocorreu. Para completar, nas reuniões realizadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), CPRH e Univasf – parceiros na iniciativa – foi decidido ampliar os quase 80 mil hectares iniciais do parque para os atuais 110 mil, sem uma consulta aos moradores.  A consulta até estava prevista, segundo ele, para os dias 19 e 20 de agosto, mas isso também não houve. “É como se não tivesse ninguém morando na área”, lamenta.

Conflitos

O objetivo das famílias é reverter o futuro Refúgio do Tatu-Bola – que seria reservado exclusivamente para estudos e pesquisas – numa Área de Preservação Ambiental (APA), o que possibilitaria às famílias rurais, nos três municípios, continuarem exercendo suas atividades agrícolas. No caso de Nilberto (que também é agente comunitário de saúde), sua família possui uma área de 45 hectares destinados ao cultivo de mandioca, feijão, milho, capim de corte e mamona. Desde 2010, no entanto, outros 187 hectares de mata nativa já estão sendo preservados. “Temos a consciência de que se destruirmos a mata, nós mesmos seremos prejudicados”, argumenta.

Na luta para garantir o parque como uma APA, Nilberto afirma que só tem apoio dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs) dos municípios envolvidos e também da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA). Ele também enaltece o vereador José Batista da Gama, que recentemente promoveu uma audiência pública sobre o assunto na Casa Plínio Amorim, além de Ronaldo Cancão e sobretudo de Cristina Costa – a única, segundo ele, que vem acompanhando o impasse.

Mas não poupa críticas às demais lideranças políticas da região. “Estamos sendo expulsos, sem direito a nada, e ninguém se pronuncia”, alfineta.

A maior preocupação, conforme Nilberto, é a possibilidade de eventuais conflitos em torno do parque. Ele informa que o decreto 41.566, do governo do estado (de 16 de março deste ano), previa um prazo de 180 dias para que fosse enviado um grupo de trabalho que teria intuito de elaborar um plano de manejo com o objetivo de levantar todas as informações sobre a área. Outro compromisso, segundo ele, não cumprido. “Tem gente que não está nem dormindo direito, com depressão, e já quer partir para cima do pessoal que está fazendo a topografia. Mas sabemos que violência também não resolve o problema”, ponderou Nilberto.

Agricultor critica processo de implantação do Refúgio do Tatu-Bola

  1. Tatu bola disse:

    Meu caro Nilberto.. Esse refúgio de vida silvestre Tatu Bola, tem o objetivo de garantir as condições de existência e reprodução desta espécie. Os proprietários não serão expulsos das suas terras, eles apenas teram que compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Agora não havendo sintonia ou o proprietário se negar as condições propostas pelo órgão responsável pela unidade. Será desapropriado mas com a devida indenização.

    1. Pacato Cidadão disse:

      Tatu Bola diz que os proprietários serão bem indenizados. kkkkk pergunte aos proprietários de terras onde passam os canais da transposição. Valores irrisórios. Não paga nem uma bola de arame.

  2. Pedro Henrique disse:

    Do jeito que vai, daqui a pouco o ex-parque vai virar uma área de caça. O poder público sempre incompetente!

  3. Pacato Cidadão disse:

    Muita gente cresce o olho quando sabe que uma obra pública, principalmente federal, vai passar por sua propriedade. Acreditam que ganharam a sorte grande, e vão ficar milionário. Um bom exemplo são os proprietários das terras onde passam os canais da transposição do rio São Francisco. A maioria das indenizações fica em mais ou menos 300 reais, o que inundou o judiciário de processos. Todavia em vão. O valor ficou mesmo o determinado pela governo federal.

  4. Contra o projeto Tatu Bola disse:

    Antes repeitar os animais e o meio ambiente, é necessário respeitarmos os seres humanos e suas sobre existência, pois a área que dizem que será para a utilização do parque tatu bola, são áreas que residem pessoas de pessoas dignas, que retiram sua renda da produção de caprinos agroecológico, na mesma reside pessoas idosas, que ali nasceram, cresceram criaram seus filhos, netos, bisnetos e outros, trabalhando na lida diária neste sol ardente do nordeste que são poucas pessoas que teriam esta coragem ou ousadia, devido a vida do nordestino ser tão difícil. Mas o mais difícil saber é que os ensinamentos que houve com relação a preservação não lhes serviram de nada já que os governantes não enxergam o lado das pessoas que ali passaram, que vivem ali e as futuras gerações. Vergonhoso saber que as leis neste País não funcionam cadê o usocapeão. Cadê os políticos que vão só buscar votos na região que não fazem nada. (vereador, prefeito, deputados, senador e governar) este País é uma vergonha só esta certo quem anda errado.

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