Advogado afirma que acordos judiciais são melhor caminho para mutuários de imóveis, mas esbarram em burocracia

por Carlos Britto // 08 de junho de 2021 às 11:52

Foto: Blog do Carlos Britto

PAULISTA (PE) – Graças a um trabalho ‘de formiguinha’ iniciado há quase 20 anos pelo vereador Antonio Camelo, o ‘Camelo do Seguro’ (PSB), milhares de famílias pernambucanas conseguiram ter acesso ao seguro referente às moradias que adquiririam, ainda nos anos 80, pelo Sistema Nacional de Habitação (SNH) – através da extinta Cohab. O valor do seguro é referente às falhas de construção nos imóveis comprados pelos mutuários.

Não apenas em Paulista, cidade localizada na Região Metropolitana do Recife (RMR), como em Petrolina e em todo o país, os mutuários vêm aderindo a um acordo de conciliação com a seguradoras para garantirem seus direitos. Em Pernambuco, um projeto-piloto com esse objetivo aconteceu com sucesso em Caruaru, no Agreste. Por lá, 440 mutuários participaram o valor pago referente ao acordo foi de R$ 21 mil.

Conforme advogado João Paulo de Freitas Rodrigues, do escritório Gamborgi Bruno & Camisão Advogados Associados, que representa a Federação das Associações de Moradores dos Núcleos da Cohab e Similares do Estado de Pernambuco (Femocohab-PE), os processos referentes a casos assim costumam demorar. Por isso, os acordos judiciais significam um desfecho rápido e satisfatório para mutuários e seguradoras privadas. Esses acordos do Seguro Habitacional têm a coordenação do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Aldir Passarinho, além de representantes do Judiciário, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público da União, Caixa e Tesouro Nacional.

Os valores das indenizações ficam depositados no Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), que desde 2012 passou a ser administrado pela Caixa. Porém todo o dinheiro é privado, ou seja, não pertence à instituição. Pelo acordo, o mutuário só paga os honorários do advogado no final do processo, e todos saem ganhando. Quem conseguiu chegar a essa etapa, recebeu sua indenização – a exemplo do que ocorreu em Paulista e Igarassu na semana passada.

Burocracia

No entanto, questões burocráticas podem atrasar esses acordos a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que os processos que não haviam sido sentenciados até 2010 passariam para a competência da justiça federal. Somado a isso, as seguradoras passaram a ser mais rigorosas ao contestarem os processos na justiça. Tudo isso acabou interferindo diretamente nos casos que já estavam com a justiça estadual, refletindo consequentemente em atraso na conclusão dos acordos. Segundo João Paulo, apoio de lideranças políticas poderia ser de grande valia para agilizar os processos.

Nosso país é dessa forma, esbarramos um pouco na burocracia. Então, se pudéssemos implementar, se houvesse um interesse demonstrado (da classe política), evidentemente facilitando o caminho regulado, fiscalizado, para que todas as partes tenham certeza de que o que está se fazendo é legal para o mutuário, que é aquela pessoa que pagou geralmente por 20 anos o seguro. E quando a casa apresentou o problema, quando ele mais precisou, não teve acesso ao valor (do seguro)”, pontuou. Na próxima matéria, o vereador Camelo do Seguro faz apelo a lideranças política do Estado para ajudar a destravar esses acordos na justiça.

Por Antonio Carlos Miranda     

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Últimos Comentários

  1. Tem que desapropriar o imóvel onde ficava a casa da criança, atrás do regente, para fazer um terminal de ônibus.

  2. Deu lugar ao mercado turístico? Por que deram esse nome? Bom, acho que já mudou, mas era melhor ser chamado…