Executivo afirma que ex-tesoureiro do PT teria pedido propina em forma de doação de campanha

por Carlos Britto // 19 de maio de 2015 às 17:06

vaccari netoO executivo Eduardo Leite, ex-vice presidente da Camargo Corrêa, alvo da Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal nesta segunda feira, 18, que em 2010 – ano da primeira eleição de Dilma Rousseff à Presidência – encontrou-se com o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que lhe teria pedido propina em forma de doação eleitoral.

Leite disse a Vaccari que precisava “discutir isso com a sua área institucional, ela responde pela área de doação eleitoral, o vice-presidente institucional é responsável pelo tema.” Na audiência diante do juiz federal Sérgio Moro, que dirige a Lava Jato, foi perguntado a Eduardo Leite quando ocorreu a reunião com Vaccari. “Algo em torno de março a maio de 2010“, ele respondeu.

Ele também citou uma “reunião específica”, na mesma época, com o então diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em um hotel em São Paulo. “Ele (Costa) me chamou para falar sobre doação eleitoral, não propina, mas doação eleitoral. Ele falou: ‘Eu, como diretor da Petrobrás dentro do governo do PT, estou perguntando para as empresas quem é que vai colaborar na campanha eleitoral’.”

Eduardo Leite disse que essa conversa ocorreu “provavelmente em 2010”. Ele relatou ao juiz Moro que explicou a Costa que doação não era assunto de sua competência, mas de outra área da Camargo Corrêa. “Nunca mais ele me cobrou, só voltou a falar desse tema quando já tinha saído da Petrobrás e veio essa solicitação da Costa Global (empresa de Paulo Roberto Costa).”

O executivo é réu da Lava Jato por corrupção ativa e lavagem e dinheiro. Ele assinou termo de colaboração premiada – em troca de revelações sobre o esquema de propinas na Petrobrás almeja redução de pena.

Leite declarou ao juiz Sérgio Moro que, quando assumiu a área comercial da Camargo Corrêa, “lhe foi passado um diagrama de quanto era devido em cada obra”. Ele citou os contratos das obras da REPAR (Refinaria do Paraná), RNEST (Abreu e Lima) e RVAP (Vale do Paraíba). “O que sabíamos é que era um volume de contratos a partir de 2006 e, por todos eles, a gente devia 1% para a área de Serviços.”

Barganha

Segundo Eduardo Leite, para a Diretoria de Abastecimento, sob comando do então diretor Paulo Roberto Costa, o valor da propina também era de 1% sobre os contratos. Um procurador da República indagou se o 1% podia ser negociado. “A gente tinha muita dificuldade em honrar o compromisso, no nosso caso o que a gente tinha que fazer era cumprir o fluxo de pagamentos. No nosso caso específico não tinha essa chance.”

Não tinha uma margem de barganha?, insistiu o procurador. “Não, a Camargo era devedora. Logo que a gente assinava o contrato eles se achavam credores do valor de 1%. Como a Camargo tinha apenas mecanismos parciais para os pagamentos estes eram feitos sobre faturamento.” (fonte/foto: Estadão)

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