Vinhos do Vale rumo à França

por Carlos Britto // 03 de julho de 2011 às 22:20

Esse texto foi escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e mostra o potencial dos vinhos produzidos no sertão do São Francisco. Confiram: 

Entro no táxi do Valdir e ele me diz:

– Que tacada essa do Abílio, hein seu Paulo Henrique ?

– Qual tacada?,  pergunto assim, meio distraído.

– Então , tomar uma grana do Governo para não vender o Pão de Açúcar.

– Que é isso, Valdir ? Onde você ouviu essa história ?

– Ué, é o que todo mundo que entra aqui no carro tá dizendo. Uma vergonha, seu Paulo Henrique !

Fiquei entre atônito e perplexo, diria o Mino Carta.

Liguei de imediato ao Oráculo de Delfos e falei do Valdir.

Sempre sereno e com um certo enfado, disse o Oráculo.

– Meu filho, o Renato Machado não vai para Londres ?

– Sim, respondi. Vai ser o embaixador do Ali Kamel junto à Rainha Elizabeth. Mas, Oráculo, o que tem isso a ver com o Abiliô ?

– A sua limitação intelectual chega a me irritar.

– Lamento, mas, como o Jorge Benjor, sou uma pessoa de mentalidade mediana.

– Não são os ingleses quem mais compram vinho francês ?

– Pelo menos foram eles.

– Vinho Bordeaux, não é isso ?

– Sim, repondo impaciente.

– O Renato vai vender o vinho do São Francisco, lá de Petrolina, aos franceses.

– O que ? Você ficou maluco ?

– Um momentinho. Se tem alguém maluco nessa história é o Coutinho .

– O do BNDES ?

– Claro.

– Mas, Oráculo, e o Abiliô ?

– O Renato foi para Londres lançar os vinhos de Petrolina em Bordeaux.

– Mas, como ?

– Com o supermercado do Abiliô. O Renato vai personificar a refinada enologia brasileira para os consumidores franceses. Desde Londres e de Petrolina.

– Não entendi nada, Oráculo.

– Nem jamais entenderá.

Pano rápido.

Vinhos do Vale rumo à França

  1. Joaquim Florencio Coelho disse:

    Nao tenho a confirmação oficial, mas fontes irrefutáveis para mim ( ligadas à produção de vinho da região ), em off, relatam que uma quantidade enorme do vinho regional do Vale do S. Francisco já é exportado, através de tonéis para a França, Itália e outros países.É de se acreditar, pois pouco vinho da nossa região é consumido no Brasil.
    Está na hora de, através de mídia competente, quebrar com esse paradigma,qual seja de que só os vinhos da Italia (região de Toscana e Vêneto) e da França ( Bordaux ) são os únicos de excelencia e os preferidos pelo Mundo.
    Estou convicto de que as governanças do país estão relegando uma alternativa de vetor econômico forte para a nossa região.Afirmo isso com muita veemência, depois de ler o livro de Michel Porter,editado em 1990 “Competitive Advantages of Nations ” ( As Vantagens competitivas das Nações). Nele esse autor, que também é professor da Havard, define o cluster industrial de divesos setores, em diversos países,que poderia ser implantado no setor de vinho aqui, na região do Médio S. Francisco, inserindo aí diversas cidades de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais.Um cluster industrial é formado por um conjunto de industrias que complementam outras de produtos similares ou não.A industria de vinho (vitivinicultura} exige outras,tais como: industria de garrafas,de rótulos,de rôlhas,de selos, de suportes para tampa,etc afora outras de diversos serviços.
    Portanto, como se vê, faltam os incentivos arrojados para transformar mais ainda a nossa região.Até quando ?

  2. Osvaldo disse:

    Se os vinhos estão sendo exportados para a Europa, e se eles se vendem lá não é por serem vinhos de excelência que competem com vinhos de França, Itália, Espanha ou Portugal mas porque são mais baratos e são loteados com outros vinhos e vendidos sem marca própria.
    Se os vinhos do Vale do São Francisco não tiverem mercado no Brasil será muito dificil eles serem reconhecidos no resto do mundo.

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