O vereador governista Aero Cruz (PSB) e o líder da bancada de oposição, Paulo Valgueiro (PMDB), continuaram ontem (17) na Casa Plínio Amorim a troca de farpas iniciada entre ambos na semana passada. O pivô dessa discussão é uma empresa terceirizada pela Autarquia de Mobilidade Urbana de Petrolina (AMMPLA), que presta serviço de guinchos – a Rodando Legal.

Tudo começou após Aero questionar, na sessão plenária da última terça (10), as taxas “abusivas” cobradas pela empresa, a qual passou por um processo de licitação no ano passado ainda na gestão passada.

Para entender melhor essa questão, a Rodando Legal atua recolhendo veículos em situação irregular, quando acionada pela AMMPLA – seja referente à documentação, como o IPVA, ou estacionados em locais proibidos. Após ser rebocado, o carro fica no depósito da empresa, cabendo o dono arcar com uma taxa de R$ 33,00 por dia – sem falar no valor do guincho, que fica em R$ 207,00 para veículos de pequeno porte, e R$ 595,00 para os de grande porte. “A população de Petrolina está refém dessa empresa”, disparou Aero.

O governista, no entanto, disse ter estranhado o fato de apenas Paulo Valgueiro, dos 23 vereadores da Casa, sair em defesa da Rodando legal. “Ele defendeu essa empresa como uma mãe que defende um filho”, alfinetou. O comentário de Aero levantou suspeitas de que Valgueiro tivesse algum tipo de ligação com a Rodando Legal. O vereador deixou claro que não fez qualquer ilação desse tipo.

Aero lembrou, porém, que à época de um projeto de lei (2.787/16) enviado ao Legislativo pelo então prefeito Julio Lossio, Valgueiro ocupava o cargo de diretor-presidente da AMMPLA, e as atuais taxas em vigor aplicadas pela Rodando Legal já constavam nesse projeto.

‘Carteirada’

O líder da oposição rebateu as alfinetadas do governista. Segundo Valgueiro, a revolta de Aero contra a empresa seria porque o governista teria tentado dar uma ‘carteirada’, fazendo impor sua condição de autoridade pública em cima de uma equipe de agentes municipais de trânsito, para evitar que uma senhora tivesse seu veículo recolhido no Centro da cidade, após esta deixar o carro em cima de uma faixa de pedestres.

Aero informou ao Blog que esse fato ocorreu no último dia 7/10. Ele assegurou que em nenhum momento se utilizou da sua condição de vereador para ‘livrar a barra’ da mulher. “Os agentes me atenderam muito bem, como sempre. Apenas discordei do carro ser guinchado porque a senhora estava no local, reconheceu seu erro e estava com toda a documentação em dia do veículo. Mesmo assim eles disseram que o veículo só poderia ser retirado do depósito na segunda-feira”, explicou.

O líder oposicionista disse que sua defesa, em relação ao episódio, não foi à empresa, mas ao trabalho correto do agente de trânsito, até porque também é concursado da AMMPLA. “Tenho 26 anos de vida pública, como servidor, e nunca foi repreendido por nenhum superior”, declarou Valgueiro. Ele acrescentou também que, se a empresa em questão, ou qualquer outra, apresentar um mau serviço, cabe somente ao atual prefeito Miguel Coelho rever isso. “Ele é o dono da caneta”, justificou.

Valgueiro inclusive informou a este Blog ter apresentando uma solicitação à AMMPLA sugerindo um serviço de plantão para agilizar a liberação do veículo que estiver com a documentação em dia, como aconteceu no caso da mulher citada por Aero.

Quanto ao projeto de lei, Valgueiro reconhece que comandava a autarquia quando a matéria foi votada em 2016, na Casa Plínio Amorim. Mas em relação à licitação das empresas, ele já tinha se desincompatibilizado do cargo para se candidatar a vereador, assumindo o cargo em seu lugar Ryan Pedro, o qual ficou à frente do processo. Esse ponto também foi questionado pelo governista, que revelou que a Rodando Legal ficou em segundo lugar na licitação, e portanto, não poderia estar atuando. Mas a assessoria de Valgueiro forneceu ao Blog dados de um processo pelo qual a justiça desclassifica a vencedora da licitação – a Barradas & Queiroz Guarda e Transporte de Veículos LTDA, por não preencher um dos itens do edital.