Terezinha Nunes afirma que escolha pela Frente Popular era único caminho e ressalta ações no Sertão: “Mesmo quem não gosta de mim reconhece meu trabalho”

por Carlos Britto // 01 de setembro de 2014 às 07:20

Terezinha Nunes2 (1)Conhecida por sua postura oposicionista na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a deputada Terezinha Nunes (PSDB) vai caminhar, nas eleições deste ano, ao lado de quem até agora foi uma crítica contumaz. Ao optar pela Frente Popular, no entanto, ela deixou claro não estar sendo incoerente em sua decisão. Na série de entrevistas com os candidatos a estadual promovida pelo Blog, a tucana justifica que só lhe restava apenas esse caminho, uma vez que não comunga com a ideologia petista e seu partido, o PSDB, havia se aproximado com o PSB do então governador Eduardo Campos (morto em acidente aéreo no dia 13/8).

Segundo ela, o que importa ao eleitorado é o político ser transparente em suas decisões, e não apenas “mudar de lado” sem esclarecer esse posicionamento – o que não é o caso dela. Acompanhada pelo ex-prefeito de Santa Maria da Boa Vista, Leandro Duarte (PSDB), Terezinha admitiu que gostaria de ver seu partido com candidato ao governo do estado. Ela ressaltou ainda suas ações em prol dos sertanejos, especialmente nesse em Santa Maria e Lagoa Grande, e se mostrou mais uma vez animada com o reconhecimento do eleitor da região. “Mesmo quem não gosta de mim, reconhece o meu trabalho”, garante.

Confiram:

Blog – Quem acha que a senhora é uma deputada da Região Metropolitana do Recife é porque não conhece suas emendas, pronunciamentos, sua luta pelo Vale do São Francisco, que já acontece há muito tempo. É isso mesmo?

Terezinha Nunes – Exatamente. Eu sempre tive uma vinculação muito grande com o Vale do São Francisco. Primeiro porque, como jornalista, vinha muito aqui fazer reportagens. Eu me lembro que na época em que começou a (produção da) uva, o vinho, eu estava na Veja e fiz várias reportagens sobre o vinho do São Francisco, por que o São Francisco está produzindo vinhos de qualidade(…)Depois Jarbas foi prefeito, governador, e fui secretária dele de imprensa, depois de Desenvolvimento Urbano, e aí foi que me vinculei mais a essa região. Leandro (Duarte) era prefeito de Santa Maria e me procurou. Eu não era nem política, estava trabalhando no governo, e ele me pediu para ajudar na iluminação da entrada da cidade. Eu procurei a Philips, através do Dr.Marcos Magalhães. E depois a iluminação do estádio de Santa Maria. Depois tive o prazer de conhecer Jorge Garziera, quando Jarbas era governador. Todo aquele trabalho que Jarbas fez, da Estrada da Uva e do Vinho, e vários projetos para Lagoa Grande. E em Santa Maria eu tive o prazer de conseguir a primeira unidade de Escola de Tempo Integral no Sertão. Eu sempre ajudando Leandro, e ele sempre trazendo as demandas para mim. Por isso digo sempre que Santa Maria e Lagoa Grande são cidades que moram no meu coração.      

Blog – A senhora sente, então, esse reconhecimento do sertanejo pelo seu empenho, sobretudo nessa região de Santa Maria e Lagoa grande?

T.N – Sinto. Sou sempre bem votada, tanto em Santa Maria quanto em Lagoa Grande. Eu me sinto como representante dos dois municípios na Assembleia Legislativa.

Blog – E suas expectativas para esta eleição?

T.N – São as mesmas. Onde eu trabalhei, eu vou ser bem votada. Tem municípios, inclusive, como o caso de Abreu e Lima, onde fui apoiada pelo ex-prefeito Flávio Gadelha, depois ele virou candidato a deputado, desistiu e hoje está apoiando Raquel Lira. Mas sei que lá eu vou ter votos, independente de político, porque as pessoas me reconhecem como alguém que trabalhou pelo município. Meu trabalho é esse. Mesmo quem não gosta de mim, reconhece que eu trabalho. Então, isso é muito bom na hora de pedir voto.

Blog – Deputada, a senhora nunca fugiu da bola dividida. Vai continuar com essa característica?

T.N – Claro. A minha característica é, primeiro, fiscalizar. Deputado tem que fiscalizar, seja do governo, seja da oposição. Claro que na oposição você fiscaliza mais. Quando você está no governo, tem que fiscalizar porque é uma responsabilidade do deputado. As pessoas votam na gente porque sabem que nós estamos representando essas pessoas na Assembleia Legislativa. Se o deputado só faz aprovar projeto, não se pronuncia, vai cair no descrédito. E depois, para se eleger tem de comprar voto. Eu não tenho dinheiro para comprar voto. Sou de classe média. Desde quando entrei na política eu só perdi em patrimônio. Eu, quando jornalista, vivia muito bem. E como política, meu patrimônio diminuiu. Mas me sinto bem sendo deputada, e acho que você tem de sentir bem no que está fazendo.

Blog – Deputada, a senhora sempre foi uma das mais ferrenhas críticas à gestão do ex-governador Eduardo Campos. Agora, caminha com a Frente Popular. Seu eleitorado vai entender essa transição?

T.N – Na verdade, eu nunca apoiei Eduardo. Nunca. Eu fiz oposição a Eduardo todo o tempo em que ele foi governador. Então, eu segui a orientação do meu eleitor, que me elegeu para ficar na oposição. Então, eu tinha que ir até o final caminhar na oposição. Até o último dia em que Eduardo foi governador, eu fiz oposição a Eduardo. Depois Eduardo saiu para ser candidato a presidente. Veio João Lyra (Neto). É uma pessoa que eu me entendo muito bem, um governador de transição. E já não tive muita dificuldade com João Lyra. E agora meu partido apoiou Paulo Câmara, e eu não tenho porquê não apoiar. Até porque difícil era eu subir no palanque do PT. Nós só temos duas opções em Pernambuco: o palanque do PT e o do PSB. O do PT eu não posso subir porque é um partido que não faz parte da minha ideologia. E até gosto do senador Armando Monteiro (Neto), acho que seria um bom governador, mas ele está com o PT e não posso apoiá-lo.

Blog – Então, a senhora está disciplinadamente com o partido?

T.N – Exatamente. Porque também não sou dissidente. Não tenho vocação para ser dissidente.

Blog – Mas a senhora gostaria ter um candidato do seu partido?

T.N – Gostaria. Mesmo quando eu fiquei como ‘independente’ na época, na Assembleia, eu tive autorização partidária. O PSDB nos autorizou a mim, a Betinho Gomes e Daniel Coelho a continuarmos uma linha independente do governo, porque o partido se vinculou a Eduardo, mas entendia que nós três, que tínhamos feito oposição a ele, tínhamos o direito de ficar independentes. Continuamos criticando, mas isso foi autorizado pelo partido em convenção. Eu acho que o povo entende qualquer posição que você tomar, desde que ela seja coerente. Se você, por alguma necessidade, tiver que deixar de ser oposição, tem que ter uma posição clara para o eleitor. É um desrespeito você estar numa posição política, e no dia seguinte o eleitor abre o jornal e vê que você mudou de posição. Aí é uma traição que eu acho que não tem perdão.

Blog – Como a senhora vê a evolução dos números da Frente Popular?

T.N – Eu sempre disse que a eleição em Pernambuco ia ser muito dura, porque eu analisava o seguinte: Eduardo e Dilma. A gente sabe do apoio que Dilma tem em Pernambuco, sobretudo por conta de Lula. Então na hora em que Eduardo foi candidato, ficando em um palanque, e Dilma no outro, continuou isso. Paulo Câmara não era conhecido, ninguém sabia que ele era candidato. Muita gente achava que era Armando o candidato de Eduardo. Com a televisão (guia eleitoral) ficou claro que o candidato era Paulo. Ainda teve a morte de Eduardo, que criou uma comoção no estado. Mesmo assim eu ainda acho que não vai haver uma disparada. Hoje eu acho que Paulo vence, porque ele vai ficando conhecido, é uma pessoa muito simples, muito afável. As pessoas gostam do jeito dele. E depois porque toda essa comoção em torno de Eduardo, que está levantando Marina, é natural que levante Paulo Câmara. Mas Lula também está na televisão pedindo votos para Armando. Dilma hoje, junto com Marina em Pernambuco, estão empatadas na pesquisa. Então veja que não vai ser fácil desatar esse nó.

Blog – Deputada, além da fiscalização a que se propõe o deputado, qual a sua bandeira de luta?

T.N – Eu sou conhecida na Assembleia Legislativa como a deputada que defende os direitos humanos. Sou cristã, católica, inclusive tenho apoio, em todas as minhas eleições, da igreja católica. Esse ano, o apoio está maior porque todos os movimentos da igreja fecharam com o meu nome. Promovo na Assembleia todos os debates em relação à questão da mulher, de gênero, das crianças, dos adolescentes, os problemas das drogas, da violência. E tenho projetos beneficiando a população. Por exemplo, a meia passagem aos domingos na Região Metropolitana do Recife foi eu quem criei; o Código Estadual de proteção dos animais. A primeira lei do Nordeste de proteção aos animais é de minha autoria na Assembleia; criei a Data Magna de Pernambuco; fiz um projeto que proíbe a construção de presídios em áreas urbanas, já que população vivia assoberbada, com receio da construção de presídios em áreas urbanas. E para compensar os municípios que recebem os presídios, eu também aprovei um projeto pelo qual os municípios que tiverem presídios vão receber um ‘plus’ de ICMS. Atualmente sou presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia, debato muito a questão dos incentivos para a ciência e tecnologia, porque Pernambuco é um estado que tem vocação pra isso. O Porto Digital é um grande projeto, hoje reconhecido nacionalmente. Foi um grande trabalho que Jarbas fez, a exemplo de outros projetos que ele fez e que vão permanecer, como a Feneart, que é considerada hoje a melhor feira de arte do Brasil. Então, essas coisas todas eu participo, eu debato, e atendo as pessoas que me procuram. Sou a deputada que está com o gabinete sempre aberto, estou sempre aberta a ouvir sugestões, frequento as redes sociais…Então, eu tenho um trabalho intenso.

Blog – Deputada, a classe política anda desgastada, o guia eleitoral está com audiência baixa. A que a senhora atribui esse desgaste e o que fazer para reverter a imagem da classe política perante o eleitor?

T.N – O político se afastou muito do eleitor. O poder econômico entrou na política de uma forma que hoje, por exemplo, metade ou mais da metade dos deputados da Assembleia usam dinheiro para se eleger. Então, isso criou na população uma certa ojeriza à classe política. Porque as pessoas que compram voto não têm compromisso. Se você compra o voto do eleitor, quando termina a eleição é ‘tchau’. Isso afastou os políticos da população e a população estão num nível que não suporta mais. Há a possibilidade de uma grande abstenção nessa eleição, ou de voto nulo e branco. Eu inclusive acho que isso deve ser combatido, que a imprensa deveria fazer um trabalho sobre isso. Porque se menos gente vota, a democracia começa a correr perigo. Se só uma pequena parcela da população escolhe deputado, os deputados escolhidos não vão ter a representação da sociedade. As pessoas dizem ‘eu não vou votar, porque eu não acredito’. Mas não vai continuar tendo política? Então, se você não vota, você vai ser substituído por outro que vai escolher por você.  

Blog – Deputada, suas considerações finais.

T.N – Como já disse, gosto muito dessa região. As pessoas daqui são trabalhadoras, são persistentes, são independentes, exatamente porque têm mais oportunidades de trabalho. Então, essa região toda Pernambuco tem de se curvar a ela. Eu queria deixar um grande abraço ao povo do São Francisco e dizer que tenham em mim uma defensora na Assembleia. Tudo o que tem relação com o São Francisco, eu procuro saber, eu me pronuncio. Todo mundo aqui que me conhece, os políticos, sabem que sou uma deputada que tem muito apreço por essa região, e tenho recebido compensações em termos de voto.

Terezinha Nunes afirma que escolha pela Frente Popular era único caminho e ressalta ações no Sertão: “Mesmo quem não gosta de mim reconhece meu trabalho”

  1. PABLO disse:

    Diferente de muitos políticos que conhecemos, não fica no blá, blá,blá… trás ações concretas. É o que tem feito em Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande. Parabéns também pela sua lucides e preparo parlamentar.

  2. PETROLINA NO CORAÇÃO disse:

    É verdade tem uma penca de deputados que só se elegem na base do dinheiro. Depois dão as costas ao povo. A culpa é nossa, pois se ninguém votar em quem compra votos, extirpamos da política esse bando de sangue sugas. Quem gasta comprando votos vai querer tirar do poder público, aí é onde começa a CORRUPÇÃO, MENSALÕES, MENSALINHOS etc. VOTE CONSCIENTE.

  3. MARIA JOSÉ disse:

    Somos testemunhas dos trabalhos de Terezinha Nunes em Santa Maria. Ela trouxe muitas coisas importantes para nós, mas trazer para nossa terra a PRIMEIRA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL DO SERTÃO foi SENSACIONAL. Só por isso já vale receber nossos votos. Tive uma filha que estudou no EREMPEM e hoje cursa faculdade e está muito bem. Enquanto deputados compram votos Terezinha traz escola de qualidade. Eu e minha família estamos com ela. Deus te abençoe Terezinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários