Representantes afrodescendentes de várias cidades do Sertão do São Francisco estiveram reunidas nesta segunda-feira (22), na Câmara de Vereadores de Petrolina, para discutir políticas públicas direcionadas às mulheres negras. A discussão envolveu temas relacionados às áreas de saúde, educação, emprego e renda.
O seminário foi organizado pelo Coletivo de Mulheres Negras de Pernambuco e acontecerá esta semana em mais quatro cidades do Estado (Paulista, Araçoiaba, Recife e Escada). De acordo com a deputada estadual Isabel Cristina (PT), todas as questões levantadas pelas participantes serão aprofundadas junto ao governo e aos órgãos públicos.
“Enquanto política e mulher negra, tenho o compromisso de levar estas questões para os governos e aprofundar este debate porque é uma luta que não cessa. Mesmo com tantos avanços iniciados no governo Lula, ainda temos muito caminho a percorrer”, afirmou.
Para Edna Paixão, moradora do Sítio Araçá (comunidade quilombola de Afrânio), as mulheres da comunidade ainda são vítimas do preconceito. “Fomos participar da Conferência municipal de Educação e pontuamos a necessidade de falar sobre a nossa história, mas a organização do evento disse que não seria necessário. Outro ponto é em relação à saúde da mulher negra. No quilombo, as mulheres jovens não recebem tratamento adequado para a retirada de miomas uterinos e por isso precisam fazer histerectomia. Algumas até morrem”, denunciou.
Doenças como hipertensão arterial e anemia falciforme, recorrentes da população negra, também foram citadas. No encontro, as mulheres pediram ações da rede pública de saúde na tentativa de prevenir e agilizar os diagnósticos da doença.
Segundo a representante do Coletivo de Mulheres de Pernambuco, Lindacy Assis, o seminário é importante porque pode ajudar na efetivação das políticas públicas já existentes. “Sabemos que existe uma Secretaria de Promoção da Igualdade Racial a nível nacional, sabemos do avanço, mas temos a clareza de que muita coisa ainda não saiu do papel. Sendo assim, continuamos na luta para buscar melhores condições de vida para mulher negra e, consequentemente, para a sociedade em geral”, destacou. (Fonte/fotos: divulgação)