Representantes do setor econômico de Juazeiro criticam novo fechamento do comércio local e alertam para prejuízos que pandemia deixará

por Carlos Britto // 23 de junho de 2020 às 08:57

Numa nota conjunta, representantes de entidades do segmento econômico de Juazeiro (BA) criticam a decisão do prefeito Paulo Bomfim de fechar novamente o comércio local, alegando aumento de casos do novo coronavírus (Covid-19). Eles também apresentam números assustadores dos estragos que a pandemia deverá deixar no setor.

Confiram:

O comércio de Juazeiro está morrendo

As entidades envolvidas com o comércio de Juazeiro, a saber: CDL, ACIAJ, SINDILOJAS, AEDISF, SINDCOM e SINDHAJ, vem a público apresentar total indignação diante da decisão tomada pelo prefeito deste município, Paulo Bomfim, que promulgou novo Decreto, conforme pronunciamento oficial no último sábado, 20/06, com o novo fechamento do comércio de Juazeiro-BA a partir desta segunda-feira, 22/06, em razão do aumento de casos com Covid-19 na cidade.

Desde o princípio, as entidades buscaram dialogar com a gestão municipal, para que reuniões fossem promovidas com o intuito de definir a data de retorno gradual das atividades ligadas ao comércio, defendendo, inclusive, que as lojas cumprissem todas as exigências básicas de proteção para clientes e funcionários, como a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), redução do horário de funcionamento, uso obrigatório de álcool em gel 70, impedimento nas lojas de idosos com mais de 60 anos ou com doenças crônicas, assim como crianças abaixo de 12 anos e a manutenção do distanciamento social. Rigorosamente, todos esses procedimentos foram observados até o último sábado, enquanto o comércio esteve aberto.

Todavia, a obediência para a manutenção da abertura do comércio foi desconsiderada e o comércio voltou a ser penalizado em razão do aumento de casos entre os dias 1º a 19 de junho, apresentados pela Secretaria de Saúde de Juazeiro.

Ora, no mesmo período que o comércio esteve aberto o número de testagem também se intensificou e, como ainda é ascendente a curva da doença, naturalmente o número de casos com a Covid-19 se ampliaria. Além disso, os casos que surgiram em meados da primeira quinzena de junho foram de testagens anteriores à abertura do comércio, que demoram cerca de 15 dias para se manifestarem, por isso não poderia ser colocado na conta do comércio, que tem sido rigoroso na sua relação de proteção à saúde dos colaboradores e clientes.

As entidades do comércio varejista entendem que a vida está acima de tudo e é necessário agregar à saúde física também a saúde psicológica, mental e funcional dos profissionais (empresários e comerciários), afinal o número de postos de trabalho fechando em Juazeiro é algo nunca antes visto na nossa história. Os lojistas estão assistindo de mãos atadas à falência em massa de empresas e o crescimento vertiginoso de demissões.

Para se ter uma ideia, o cenário que se configura para o mês de julho, conforme dados da CDL, é este: das 11 mil empresas (Micro, Pequenas, Médias e Grandes) da cidade, 30% encerraram ou encerrarão suas atividades, equivalendo a 3.300 empresas fechadas, impactando a vida de 3.300 empreendedores e aproximadamente 9 mil demissões; das 6 mil empresas do sistema MEI, 40% já encerraram suas operações e seus titulares não possuem mais renda, ou seja, 2.400 pessoas que sobreviviam da atividade formal e hoje não têm de onde tirar o sustento.

É notório que a normalidade do comércio vai demorar a acontecer, tendo em vista a crise que pegou a todos de surpresa. Porém, considera-se um ato de irresponsabilidade, manter, por um lado, a aglomeração nos “serviços essenciais”, como lotéricas, supermercados, farmácias e até instituições financeiras (razão da grande movimentação de pessoas nas ruas de Juazeiro) e, por outro, o poder público negligenciar o hospital de campanha, a aquisição de respiradores e EPIs em número condizente com a necessidade e todas as medidas sistemáticas de fiscalização, controle, desinfecção e testagem, colocando pra pagar a conta o comércio varejista, que é, afinal, quem mais emprega e fomenta renda no município e tem contribuído de forma decisiva para a proteção da saúde enquanto esteve funcionando.

É cristalino: o comércio varejista de Juazeiro está morrendo, sucumbindo por erros sucessivos de decisões equivocadas do poder público municipal. Enquanto isso, Petrolina com um número de casos superior, está com o seu comércio funcionando, inclusive o shopping da cidade, valendo-se dos procedimentos sanitários adequados para que a vida, a economia e o emprego possam continuar diante do presente cenário.

Murilo Matos/Presidente CDL Juazeiro

Paulo Fernandes/Presidente da ACIAJ

Paulo Henrique Barreto/Presidente do Sindilojas

Fábio César/Presidente do SINDCOM

Nilton Sampaio/Presidente da AEDISF

Maraiza Carvalho/Presidente do SINDHAJ

Representantes do setor econômico de Juazeiro criticam novo fechamento do comércio local e alertam para prejuízos que pandemia deixará

  1. Leitor disse:

    Falta só decretar a hora da morte do comércio

  2. Pitu disse:

    Leitor, tudo que está ocorrendo é por conta da pandemia. Se todos tivessem feito ou fizessem a sua parte (Poder Público, comerciários e população) com certeza a situação poderia ser outra. O problema é que cada um só pensa no seu umbigo.

  3. Não era hora de reabrir disse:

    A nota é muito boa até o momento que faz a comparação com Petrolina. Em Petrolina a situação da saude é precaria tambem, muito pior do que em Juazeiro. E a prefeitura de Petrolina erra bastante, inclusive agora, em manter o comercio aberto.

  4. Marcos Uchoa disse:

    Assim que a abertura do comércio foi decretada na cidade de Juazeiro, cheguei a ir a algumas lojas do centro da cidade e o que vi não foi esse cuidado todo que é citado na nota das entidades. Vi donos de comércio abrindo seus comércios com máscaras no queixo. Fui atendido por funcionários sem máscara, assim como fui atendido por funcionários que só colocaram a máscara quando entrava alguém no estabelecimento. Se o número de testagem eleva o número de infectados, irresponsabilidades por parte dos comerciantes e funcionários do comércio, também.

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