A primeira explicação que surge quanto se trata de crise hídrica é a falta de chuvas. Mas, o problema vai além da estiagem. A destruição da Mata Ciliar – vegetação que fica às margens de rios, igarapés, lagos, nascentes e represas -, é elemento chave na problemática da falta de água.
Seja pela construção de moradias na área ribeirinhas, seja para a produção agrícola, as áreas que margeiam os rios estão cada vez mais dizimadas. E, embora sejam áreas protegidas por leis federal e estadual, sequer há dados sobre essa ocupação irregular.
Professora do Departamento de Ciência e Floresta da Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE), Isabele Meunier, enumera os problemas causados pelo desmatamento da Mata Ciliar. As nascentes secam, as margens dos rios e riachos solapam, o escoamento superficial aumenta, a infiltração da água no solo diminui, reduzindo as reservas de água do solo e do lençol freático.
“Assim, os rios, lagos e reservatórios artificiais são assoreados, a poluição difusa chega facilmente aos mananciais, a vida aquática é prejudicada, a ocupação desordenada chega às margens de rios e reservatórios, transformando-os em grandes esgotos ou lixões”, explicou.
Com o Estado sob ameaça de enfrentar o quarto ano consecutivo de estiagem, um pacote de ações hídricas no valor de R$ 1,5 bilhão está sendo negociado pela Compesa junto ao Ministério da Integração Nacional. Porém, a professora da UFRPE, Isabele Meunier, adianta que apenas obras não vão solucionar o problema de escassez de água. (fonte: Folha de PE)