Recife: Geraldo forte, oposição fraca

por Carlos Britto // 14 de outubro de 2012 às 16:38

Assim como ocorre no estado com o governador Eduardo Campos (PSB), fortalecido nessas eleições e tendo uma oposição enfraquecida, no Recife – que a partir de janeiro será o principal reduto político do PSB – não há indicativo de problemas graves para o prefeito eleito Geraldo Julio (PSB) com as oposições. Embora tenha enfrentado intensos ataques durante a campanha, desferidos pelos três principais adversários – Humberto Costa (PT), Daniel Coelho (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) – nenhum deles deverá incomodar, de fato, a gestão socialista.

O resultado obtido por esses três concorrentes e seus respectivos partidos nas urnas indica que não há força suficiente para confrontar a máquina da Frente Popular. Na avaliação do cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, os principais adversários do PSB saíram do pleito sem condições de fazer uma oposição consistente.

O PSDB, pela relação “dúbia” que mantém com o PSB, não deve reativar o tom duro usado por seu candidato na campanha. “Embora Daniel tenha aparentemente saído da disputa com um campo de oposição bem demarcado contra o PSB, as alianças firmadas entre os dois partidos em outros municípios e a amizade entre Eduardo, Sérgio Guerra e Aécio Neves impedem seu crescimento na oposição”, analisa.

O caso do DEM é ainda mais complicado. Segundo o especialista, antes de pensar em se posicionar como oposição a Geraldo, o partido precisa rediscutir seu futuro político. “Tanto no Recife como no estado e nacionalmente, o DEM tem encolhido a cada eleição. Agora, mais do que nunca, a hipótese de fusão com o PSDB não pode ser descartada, porque o partido perdeu muitos quadros e sua identidade. No Recife, com a dura derrota de Mendonça, o DEM perdeu o terreno que lhe restava”, sentencia Barreto.

PT enfraquecido

Quanto ao PT, o cientista político corrobora a avaliação que vem sendo feita após o fracasso eleitoral de vários candidatos em cidades importantes do País, inclusive no Recife. “O partido vai enfrentar uma dura crise interna. No Recife, com a derrota de Humberto e João Paulo, essa crise será bem maior que aquela que marcou o período da pré-campanha”, prevê.

Segundo ele, para dar a volta por cima o PT vai ter que trabalhar bastante internamente, e não sobrará muito tempo para se dedicar à oposição. “Além disso, mesmo sem crise o PT em Pernambuco já era historicamente fraco. Nunca conseguiu se estadualizar, nunca teve mais que dez prefeitos, apesar dos doze anos de hegemonia na capital. Agora que as suas duas principais estrelas foram derrotadas, a situação se agravou”, afirma.

Barreto adverte ainda que não se deve esperar que Humberto e João Paulo mantenham a parceria que marcou a campanha. A expectativa é de que eles retomem a antiga rivalidade, que remonta há mais de duas décadas de disputa por espaço interno. “João Paulo só foi o vice de Humberto para pagar a dívida que tinha com Lula, que em 2008 avalizou a sua imposição do nome de João da Costa como candidato”, conclui Barreto. As informações são do JC Online. (Foto/reprodução)

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