Projeto musical em Salgueiro pretende estimular artistas e resgatar cultura do Sertão Central

por Carlos Britto // 13 de outubro de 2014 às 21:35

projeto musical salgueiroprojeto musical salgueiro2Dona Generosa era só alegria. A aposentada de 66 anos, que no passado foi agricultora e auxiliar de serviços gerais, nesta sexta-feira (10), vestiu a saia de algodão cru e saiu da Vila de Conceição das Crioulas para Salgueiro, a 41 km de distância. O motivo foi a abertura do projeto ‘O Tom do Nosso Quintal’, na Casa do Sanfoneiro. Ela e as outras ‘meninas’ do trancelim, devidamente caracterizadas, apresentaram-se nesse primeiro de oito encontros culturais que têm a finalidade de unir o potencial da Casa ao dos grupos de artistas populares e tradicionais dos oito municípios do Sertão Central.

As integrantes do trancelim, na faixa dos 60 anos de idade, vieram acompanhadas da banda de pífanos, um dos símbolos da comunidade quilombola de Conceição. O pifeiro Mariano João da Silva, de 54 anos, está há 23 no grupo, é agricultor e explicou o caráter religioso da manifestação cultural: “É uma cultura da santa Nossa Senhora da Conceição. A festa só é boa, só é animada, se tiver a banda de pífanos”.

Depois da apresentação, que fez o público jovem dançar, Mariano contou sobre o prazer de ser aplaudido em todos os lugares em que toca, entre eles, Brasília, Minas Gerais, Recife, Rio de Janeiro e, claro, Salgueiro. “Acho importante promover esse tipo de evento porque muitas músicas ‘velhas’ o pessoal adora e acha bom”, opinou. Declaração que o estudante do curso de geografia, da Faculdade de Ciências Humanas do Sertão-Central (Fachusc), Filipe Lira (20), confirmou: “A gente tem que bater nessa tecla. Se não resgatarmos o que é cultural, vai acabar. O pessoal, principalmente, dessa nossa geração, tem que ver e conhecer”.

Para dona Generosa, difundir o trancelim e o grupo de pífanos já foi algo bastante difícil, mas depois da década de oitenta, o movimento ganhou força e tem sido elemento de renovação. “É muito significativo. É um exercício. Lá [em Conceição], ninguém fica velho porque quando está dançando, a gente se fortalece”, disse.

As ‘meninas’, como costumam ser chamadas, na comunidade, mostraram, na prática, o vigor sobre o qual falam. Terminando o trancelim, foram para o salão dançar forró ao som de seu Pedro Manú, símbolo da resistência dos oito baixos, que, também, integrou a programação da noite.

O agricultor, que por meio de muito esforço aprendeu sozinho a tocar o instrumento, acordando de madrugada para fazer os treinos antes de ir para a roça ajudar os pais, fez xotes e mazurcas, relembrando o auge da sua carreira como um dos principais tocadores da zona rural de Salgueiro, há, aproximadamente, 47 anos.

Apoio

A iniciativa, que contemplará a apresentação de 16 grupos, tem como idealizadora a produtora cultural Nivaneide Costa e é produzida pela Moinho Produções, com o apoio do Governo do Estado – por meio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e da Secretaria de Cultura e Esportes de Salgueiro. (Fotos/divulgação)

Projeto musical em Salgueiro pretende estimular artistas e resgatar cultura do Sertão Central

  1. Claudius Lima disse:

    Em todo lugar a cultura tem apoio, menos em Petrolina. A sorte de nossa cidade é o SESC que é o maior promotor cultural. Se dependesse do nosso Poder Publico Municipal – a única cultura local é com o São João Sertanejo onde é possível praticar o superfaturamente para enriquecer mais ainda os asseclas do prefeito. A cultura que vá às cucuias.

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Últimos Comentários

  1. Era tão articulado que foi eleito sem voto pelos militares. Não ganhou por mérito próprio, foi imposto.