Plantas da caatinga viram esperança na luta contra a covid-19

por Carlos Britto // 14 de fevereiro de 2021 às 17:00

Já imaginou que a cura ou tratamento da covid-19 pode estar plantado no seu quintal ou no vaso da sala? O cordelista Carlos Aires mostrou, em versos e prosas, a riqueza e diversidade das plantas da caatinga: “Eu por ser um catingueiro, vou falar do seu bioma. E pra isso me transformo, num biólogo sem diploma…”. Os cientistas, estes devidamente diplomados, levaram a sério o cordel e descobriram algo que pode ajudar no combate ao vírus que parou o mundo. Plantas da caatinga, encontradas nos jardins sertanejos, se tornaram objetos de pesquisa para a criação de novos medicamentos no combate ao coronavírus.

A largada foi dada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais (Neplame) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Além da instituição genuinamente nordestina, a Universidade de Bergen, da Noruega, também entrou no projeto. Pesquisadores das duas instituições  encontraram moléculas em algumas plantas nativas do Nordeste com potenciais suficientes para inibir o vírus causador da pandemia.

Entre as espécies, duas famílias de plantas chamam atenção. Uma delas, inclusive, foi coletada em solo baiano, na cidade de Jaguarari, a 400 km de Salvador: a  Annonaceae (da mesma família da pinha e da graviola). As plantas da família  Passifloraceae, como o maracujá, também são analisadas no estudo.

Insumo
A pesquisa  tem ainda outra importância. “Um estudo como este  serve como pilar na criação de insumos farmacêuticos para medicamentos e vacinas. Investindo na ciência, nosso país tem potencial para exportar insumos, reduzindo a dependência externa, como tivemos com os chineses e indianos na produção de vacinas contra o coronavírus. Sem ciência, não existe futuro”, ressalta o coordenador.

Para o botânico Ricardo Cardim, o Brasil tem potencial para ser o número 1 na fabricação natural de insumos, medicamentos e vacinas para diversas doenças, não apenas contra o coronavírus. O problema é que nós mesmos estamos destruindo esta capacidade.

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