Representante dos policiais militares no Sertão do São Francisco, Robson Patrício (PTB) parte para sua primeira candidatura a deputado estadual, sem esconder a empolgação com sua caminhada. Acreditando que vai ao encontro de uma política “sem vícios” que o eleitorado pernambucano espera dos candidatos nas eleições deste ano, ele se diz “preparado” para discutir e lutar por melhorias para a região na Assembleia Legislativa.

Aliado de Armando Monteiro Neto (PTB), da coligação “Pernambuco Vai Mais Longe”, ele no entanto faz dobradinha com o deputado federal e candidato à reeleição, Gonzaga Patriota (PSB), da Frente Popular. “Acredito nas pessoas”, justifica.

Confiram:

Blog – Sua esposa foi candidata à vereadora, na última eleição, e não logrou êxito. O senhor é candidato a deputado estadual e, como já disse, ainda está sem estrutura de campanha. O que o senhor espera desse projeto?

Robson Patrício – Na verdade, um sentimento de mudança não só da pessoa de Robson Patrício, mas uma sociedade inteira no Brasil busca mudanças. Na eleição de 2010 a gente viu que 320 mil pessoas votaram em branco, 220 mil votaram nulo e 1,2 milhão se abstiveram de votar. São números expressivos, quase 2 milhões de votos perdidos para deputado estadual. As pessoas estão nas ruas, buscando nomes novos, alguém em quem possam acreditar. Então, estamos trazendo essa verdade para levarmos esse discurso para a Assembleia (Legislativa de Pernambuco) e mostrar que a gente ainda pode acreditar em política. Os partidos estão desacreditados. Então, não há legislação nenhuma que possa mudar essa discussão de melhoria na política brasileira. Enquanto o povo não se dirigir até as urnas e der um ‘basta’ a tudo que se encontra aí, a gente não vai mudar nunca.

Blog – O senhor é um militante de bairro, participa das discussões administrativas e políticas de Petrolina. Como o senhor espera que isso possa ajudá-lo em seu projeto?

R.P – Primeiro, porque a gente vem trabalhando nosso nome há muito tempo. Nós construímos uma história dentro da cidade. Fui presidente da associação do bairro Rio Corrente, fui ouvidor da Federação das Associações do Município de Petrolina (Feamup), blogueiro que discutiu e botou o dedo na ferida da política petrolinense e da região. A gente acredita no nosso potencial e em toda a história que a gente construiu, e do que a gente tem de levar para se discutir. Petrolina, hoje, está estagnada, somente esperando todo o desenvolvimento dela em cima do projeto Nilo Coelho, em cima dos projetos de irrigação da região. É hora da gente dizer ao Governo de Pernambuco que a nossa região precisa de indústrias, para desenvolver o potencial turístico que tem o Vale do São Francisco, para que a gente possa trazer novas alternativas de arrecadação de recursos para essas cidades.   

Blog – O governo do estado diz que Petrolina, por ser longe demais dos portos, é um complicador para trazer indústrias. Mas, e esse incremento do turismo, como o senhor pensa que isso pudesse acontecer?

R.P – Há alguns anos a gente viu que foi criada a Ride (Região de Desenvolvimento Econômico), vieram os investimentos, mas a gente não viu a aplicação desses recursos como potencializador, mesmo. A gente acredita que trazendo o governo do estado para esse papel de desenvolver o turismo na região, propriamente dito, a gente consegue investimentos. Tivemos um projeto, que já foi discutido em campanhas passadas, mas não vimos ainda sair do papel, que é a estrada da Tapera, que desenvolve aquela região, pois tem muitos atrativos e ajuda aquelas comunidades ribeirinhas(…)Então, o turista vem para Petrolina  e você tem o Rodeadouro, as Pedrinhas, o Bodódromo…e se estagna por aí. Então a gente precisa criar novas alternativas de atrativos. E temos muitas alternativas, desde o turismo para conhecer os projetos irrigados, as ilhas…Tem muita coisa para se ver em Petrolina. Precisa só a gente vender esse produto que a gente tem.

Blog – Na área da saúde o município tinha dois importantes equipamentos e acabou repassou a responsabilidade de geri-los: o Hospital Dom Malan (HDM) e o Hospital de Traumas. Qual sua proposta para o setor?

R.P – Eu acho que falta investimento no lugar certo. O sistema público de saúde do nosso município foi praticamente desmontado. A gente precisa fortalecer de novo isso para que a população tenha o atendimento. Nós temos na região três deputados estaduais e dois federais. Eles têm, juntos, de emendas ao Orçamento, cerca de quase R$ 45 milhões. É preciso que nossos legisladores venham de público dizer aonde esse dinheiro está sendo aplicado. Porque, se aplicar no lugar certo (educação, saúde, segurança…) a gente vai ver melhorias.      

Blog – O senhor é um servidor da área de segurança. Como avalia a segurança no Sertão e quais perspectivas o senhor tem para melhorar?

R.P – Nós precisamos na verdade reestruturar a Polícia Militar, a Polícia Civil, Bombeiros…Falta investimento. Hoje na Assembleia nós não temos ninguém que coloque emendas no Orçamento para garantir melhorias(…)É preciso dar estrutura à Polícia Militar. Hoje o Batalhão em Petrolina tem 600 homens. O nosso comandante, e eu confesso em qualquer lugar, nasceu para ser líder, nasceu para comandar. Ele é um bom comandante, mas precisam dar estrutura a ele. Em Petrolina ele faz quase um milagre em manter uma cidade com quase 300 mil habitantes com quatro, cinco homicídios por mês. Já pensou se fossem dados a ele 1,5 mil, 2 mil homens para ele tomar conta da segurança em Petrolina? talvez nós zeraríamos o número de homicídios numa cidade dessas.

Blog – Mas se o senhor fizesse um comparativo na segurança pública entre os governos Jarbas e Eduardo Campos? Melhorou, piorou ou está igual?

R.P – Melhorou, mas tem muita coisa a melhorar ainda. O sistema de rádio praticamente está sem funcionar. Eu fui rádio operador da Central de Operações e antes nós nos comunicávamos com Afrânio, Dormentes, Lagoa Grande, Jutaí, Santa Maria da Boa Vista, Rajada. Hoje  a gente não consegue, por rádio, falar com o bairro João de Deus(…)um telefone celular dentro de uma viatura é de um prejuízo tamanho não só para a sociedade, como também para o policial militar, porque quando você se comunica com uma guarnição de polícia pelo telefone, só ela sabe daquela ocorrência. Se você precisar de um suporte de apoio, não só o cidadão, como o próprio policial militar, numa ocorrência com maior demanda, mesmo que tenha outra ocorrência perto, ele não vai saber(…)o colete, a gente trabalha 24 horas e no outro dia a gente tem de passar pro outro policial. Aquilo é de uso individual. A gente precisa que a Vigilância Sanitária do estado possa fiscalizar isso. Por isso é que numa pesquisa que fizeram agora, os policiais militares apontaram pelo fim da militarização. Se tivéssemos uma polícia desmilitarizada, nós estaríamos dizendo o que estava errado, lutando por melhorias e quem ia ganhar com isso era o povo.  

Blog – Quais os apoios que o senhor tem em Petrolina e fora daqui?

R.P – Quem vota conosco é o povo. São as pessoas que estão buscando mudanças. E a mudança vai acontecer agora. O que houve em 2013, quando as pessoas foram às ruas dizer que o serviço público estava errado, que a política não prestava, essas pessoas vão votar agora. A gente tem andando pelo Sertão, onde a gente está ficando bandeira, e temos visto a revolta do povo. As pessoas estão procurando um nome novo, alguém que não venha do vício dessa política, para que possamos levar um discurso novo.

Blog – Os palanques este ano estão inusitados. Há políticos de um partido apoiando candidatos de outro, e vice-versa. O senhor, por exemplo, é do PTB de Armando Monteiro, mas faz dobradinha com Gonzaga Patriota (PSB). Isso não pode confundir ainda mais a cabeça do eleitor?

R.P – Eu digo sempre que voto por acreditar nas pessoas. Eu voto no governador (sic) Armando Monteiro por acreditar na expectativa de que ele possa trazer investimentos para a nossa região e as indústrias para cá. E a gente vai estar na Assembleia, mostrando a ele que é necessário se trazer indústrias para nossa região. Voto em Dilma Rousseff para presidente, Armando Monteiro para governador, João Paulo para senador e Gonzaga Patriota para deputado federal.

Blog – É sua primeira candidatura a estadual. Como está sendo essa caminhada, a recepção do eleitor ao seu nome?

R.P – Tem sido boa. É como eu digo: as pessoas estão vindo com sentimento de mudança. Muita coisa nova vai surgir nessa eleição. Nós vimos o resultado numa eleição mais recente para prefeito, com toda a estrutura, com toda a bancada das autoridades do nosso estado, e mesmo assim a coligação não conseguiu êxito na eleição. Então, as pessoas querem mudar.

Blog – Quando o senhor fala em mudança, como avalia os parlamentares da nossa região? Estão a contento ou deixam a desejar?

R.P – Deixam a desejar, porque você mesmo disse que a saúde de Petrolina, e não é segredo para ninguém, está um caos. Então, onde está parando o dinheiro das emendas orçamentárias desses legisladores? Sete anos se passaram  e a gente não viu ninguém fazer oposição a esse governo. Será que tudo estava bem? Eu não acredito que um legislador, quando assume o mandato e assume um posicionamento de ir contra ou a favor do governo, perca o discurso naquele dia.

Blog – Candidato, suas considerações finais.

R.P – Quero levar uma mensagem ao meu povo sertanejo. Dizer a ele que estamos preparados para discutir as melhorias necessárias  a nosso estado de Pernambuco. Melhorias para nossa classe policial militar, os bombeiros. Dizer ao nosso povo que iremos para que ele não seja esquecido, para que não só o carro-pipa chegue a sua localidade, mas levando a adutora, porque a gente não pode ver essa transposição partir daqui para outros estados e o nosso povo pernambucano ficar morrendo de sede. Estamos prontos para discutir uma nova política no estado de Pernambuco.