Pediatra petrolinense alerta para casos de automutilação entre adolescentes e orienta pais sobre depressão infanto-juvenil

por Carlos Britto // 23 de setembro de 2019 às 17:31

Foto: Blog do Carlos Britto

Jogos mórbidos como o polêmico ‘Baleia Azul’, que incita adolescentes à automutilação e ao suicídio, são mais comuns do que se imagina. Quem assegura é a pediatra do Hospital Dom Malan (HDM)/Imip em Petrolina, Jamily Pereira. Integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Jamily atua desde 2012 no setor de Emergência da unidade médica e, pela sua experiência profissional, já percebeu um aumento no número de casos desse tipo. “Há crianças, inclusive, praticando automutilação”, revelou, em entrevista ao Programa Carlos Britto, na Rural FM, nesta segunda-feira (23).

Jamily conta, no entanto, que os casos mais comuns são jovens entre 13 e 14 anos (idade máxima de atendimento no HDM/Imip). A pediatra citou uma adolescente de 13 anos, em crise, a qual deu entrada no hospital com marcas de cortes feitos com gilete.

Perguntei à mãe sobre o WhatsApp da filha, mas ela me disse que não tinha a senha. Então, conseguimos alguém para desbloquear o aparelho e quando acessei o WhatsApp dessa adolescente, percebi que havia vários grupos instigando a automutilação”, contou.

Especialista em depressão na infância e adolescência, Jamile argumenta que os pais precisam estar mais presentes na rotina dos filhos e manter uma relação amigável, mas sempre tomando as rédeas da situação. “Temos de ser amigos dos nossos filhos, mas precisamos saber liderar. Se um filho esconde algo do pai, é porque sabe que está errado”, analisou.

Sintomas

A pediatra assegura que a depressão acontece em qualquer estágio da vida, mas é a partir dos 12 anos que pode ocorrer com mais frequência. Ela assegura que esse problema sempre existiu, mas com o advento da internet e das redes sociais, as informações sobre o assunto tornaram-se mais acessíveis.

Em relação aos sintomas, Jamily deixou claro que o quadro de depressão numa criança ou adolescente é completamente distinto do de um adulto. Ela conta que, no caso do público mirim, é possível os pais notarem algo suspeito quando seu filho tiver dificuldade para tomar simples decisões, tem alterações no apetite, prefere o isolamento e não demonstra estar feliz, o que aumenta a tendência para o suicídio.

Jamily ainda mencionou uma recente pesquisa no Recife, a qual apontou que 60% dos adolescentes da capital pernambucana têm algum sintoma de depressão. “Talvez muitas crianças estejam sendo sub-diagnosticadas”, pontuou. Este mês, batizado de ‘Setembro Amarelo’, é dedicado a debater sobre prevenção ao suicídio.

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