Odacy sobre sua candidatura a prefeito no ano passado: “Não fiz nada combinado com ninguém”

por Carlos Britto // 13 de janeiro de 2013 às 17:20

Na entrevista concedida sexta-feira (11) ao Blog, em sua residência no Condomínio Portal das Águas, o deputado estadual Odacy Amorim demonstra-se sereno quanto à hipótese cada vez mais viável de uma aliança política com o prefeito de Petrolina Júlio Lóssio (PMDB). “Não é impossível de acontecer isso, mas não serei eu quem vai discutir, é o meu partido (PT)”, ressaltou.

O que parece incomodar o deputado nem é mais essa questão. Na cidade, os rumores de que a candidatura a prefeito de Odacy só serviu para dividir os votos entre ele e o socialista Fernando Filho, facilitando dessa forma a vitória de Lóssio nas eleições de outubro passado contra a base do governador Eduardo Campos (PSB) na cidade, ganharam corpo a partir dessa aproximação – a qual Odacy garante ser apenas administrativa. Pelo menos por enquanto.

Há quem diga ainda que o próprio Lóssio teria incentivado o PT a manter a candidatura, já prevendo que sairia vitorioso e se aproveitando também da forma como Odacy deixou o PSB para migrar para sua atual legenda. Mas todos os boatos são veementes refutados pelo deputado.

“Minha candidatura nasceu da falta de oportunidade de ser ouvido (dentro do PSB)”, argumenta. A gota d’água para a saída de Odacy do grupo deu-se por causa da escolha do diretório municipal socialista, que acabou dissolvido pelo presidente nacional da legenda, Eduardo Campos. O deputado desejava ter uma ‘fatia’ do PSB de Petrolina na mesma proporção das outras lideranças do grupo, o que acabou não acontecendo.

“Entendi que a construção de forças no PSB seria para me descartarem, mas respeitei a decisão. Percebi que era um ‘corpo estranho’ naquele meio, tanto que a Justiça Eleitoral entendeu meus argumentos, Enviei uma carta a Fernando (Bezerra), a Gonzaga (Patriota), a Ranilson (Ramos) e ao partido. Eu tinha consciência de que não seria candidato (pelo PSB), mas queria uma saída honrosa, para mostrar ao meu eleitor que eu não estava me vendendo”, argumenta.

Fazendo questão de dizer que luta para manter a ética do seu caráter, Odacy lembrou ainda que mesmo quando estava sem mandato, após deixar a prefeitura em 2008, chegou a oferecer ao então secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Fernando Bezerra, o seu lugar para que disputasse uma vaga na Assembleia Legislativa, após o projeto de Fernando para disputar o Senado ter sido inviabilizado. “Faço as coisas em ‘consequência de’, e não em ‘troca de’“, ponderou.

O petista acrescentou também ter sofrido “golpes duros” durante sua campanha de prefeito, no ano passado. Mas garante não guardar ressentimentos. “Fui candidato a prefeito. Fui eleito? Não. Então meu papel agora é o deputado estadual. Recentemente convidei o ministro para uma audiência sobre a PPP do Pontal, na Câmara de Vereadores. Ele não pôde comparecer. Isso não quer dizer que eu esteja voltando pro grupo dele. E estou disposto a discutir sobre água e esgoto com o prefeito Júlio Lóssio. Esse é meu dever. Não fiz nada combinado com ninguém, só com o povo”, disse Odacy, referindo-se a sua candidatura.

Osório e Câmara de Vereadores

Sobre a decisão do PSB em expulsar o vereador Osório Siqueira, Odacy disse não ver semelhança com sua saída da legenda, já que também foi acusado de infidelidade partidária. O deputado argumentou que são situações distintas, mas acredita que no caso de Osório houve uma certa “precipitação” na decisão. Ele garante também que em nenhum momento o PSB procurou o PT para tratar do assunto da Mesa Diretora, apenas Osório, que pretendia formar uma mesa “pluripartidária”. E lembrou que não se deve misturar as coisas.

“Na Assembleia legislativa, o presidente Guilherme Uchôa (PDT) é aliado do governador, mas todos votaram em Uchôa para ser reconduzido ao cargo”, avaliou. Também disse que a Casa Plínio Amorim terá um perfil diferente nesta legislatura, com as presenças de nomes experientes como Ronaldo Cancão (PSL) e Zé Batista da gama (PDT), ao lado de outros novatos a exemplo de Elimar Gonçalves (PMDB) e Geraldo da Acerola (PT).