O nordestino, o Aedes e o estigma de povo sofredor

por Carlos Britto // 06 de dezembro de 2015 às 19:58

Foto: arquivo/reprodução

aedesO nordestino ficou estigmatizado durante décadas por ser o povo que corria para o Sudeste, fugido da seca, em busca de melhores condições de vida. Nem o fato de ter colaborado para o desenvolvimento de São Paulo, principal cidade do país, quebrou essa sina. Agora, mais uma vez o nordestino volta à vitrine.

Mas não é pelos avanços na qualidade de vida da região, comprovados nos últimos anos, como deveria ser destacado. Novamente o destaque é negativo.

Uma reportagem do Portal UOL mostrou que o Sertão de Pernambuco vive às voltas com o Aedes aegypti, que além de causar a dengue, também está associado à febre chikungunya, zika e microcefalia.

A imprensa sulista quer mais uma vez mostrar apenas o lado de um nordeste que, de fato, ainda tem problemas. Mas esquece de dizer que deixou de ser há tempos uma região vista como subdesenvolvida.

A questão do Aedes não é restrita apenas a Pernambuco, ao Sertão ou ao Nordeste. O Rio de Janeiro, cartão-postal do país, por exemplo, também vive esse drama. Pode até não ser na mesma proporção, mas vive. Somente para ficar nesse exemplo.

Além disso, não se pode negar as conquistas do semiárido na convivência com a seca, a partir do programa de cisternas do governo federal, entre outras melhorias. Ao contrário do Estado de São Paulo, que passa por uma crise hídrica sem precedentes em sua história.

Mesmo assim ainda se prefere destacar os fatos negativos da região. Mas não é (ou não deveria ser) surpresa alguma. Seria se fosse o contrário.

O nordestino, o Aedes e o estigma de povo sofredor

  1. José Carlos disse:

    Carlos Britto, dessa vez você está errado do meu ponto de vista. Sou paulista e não é assim que muitos conhecidos meus enxergam nossa região (Petrolina e Juazeiro). E também, veja as inúmeras reportagens feitas sobre a fruticultura local. Acho que não é por aí não.
    O que acontece é que – no Brasil inteiro – falar sobre coisas ruíns dá IBOPE.
    Veja os telejornais… Datena e companhia… puro sangue.
    Existia um jornal em são paulo que, se o apertássemos, escorreria sangue… pois era só sobre assassinatos que ele falava.
    Você próprio em seu BLOG, veja quantas notícias sobre acidentes, assassinatos e tantas outras coisas ruíns.
    Infelizmente os mosquitos do Aedes aegypti estão em toda parte e devemos sim termos cautelas e a imprensa faz bem em divulgar isso.
    Agora, querer banalizar e dizer que estão apenas mostrando o lado negativo, não.
    Fique um mês inteiro sem falar sobre as coisas ruíns que acontecem aqui na região. Não poste nada sobre os assassinatos. Não poste nada sobre as infestações de dengue. Não poste nada sobre as faltas de infraestruturas.
    Poste apenas as coisas boas! Um mês inteiro. Será que conseguiria?
    Seu texto, acima apenas dá forças para que o povo local crie rixas com o sudeste.
    A região cresceu e crescerá mais ainda por conta da força externa que veio para cá.
    Com dinheiro e conhecimento técnico.
    Agora sim, está formando mão de obra qualificada, mas depois de décadas.
    Volte aos anos 80 e início dos 90, será que a região estaria como está agora não fossem os paulistas, cariocas, mineiros, sulistas que vieram para cá?
    Seu BLOG existiria?
    Você próprio, não teria ido para outras cidades procurar melhores condições de vida.
    Por favor. Se muitos de seus leitores, que vão me criticar, não respeitam os que vêm do sul (e isso para mim já é normal), eu não me importo.
    Mas você, enquanto formador de opinião, incitar ou reforçar essa idéia imbecil de que o nordeste só é visto como sofredor. Isso não é mais verdade. O nível de seus leitores é muito superior a isso. Petrolina cresceu. Juazeiro mudou para melhor também. O intelecto atual é outro, muito superior.
    Mantenha o nível.
    Seja grande Carlos Britto.
    Honre esse posto que alcançou.
    Deixe o trabalho sujo para outros BLOGS ou pessoas sem caráter.
    Seus leitores o consideram digno.
    Abraço!

  2. Maria Joaquina disse:

    a situacao eh gravissima. e tende aumentar os casos haja visto uma gravidez demora 9 meses. ou seja quem gerou em abril, vai ter filho em janeiro e assim sucessivamente. paulo camara disse em uma entrevista que por conta da seca (uma das piores ja enfrentadas) as pessoas tao “guardando” agua em casa e isso ajudou a aumentar a proliferacao do inseto. uma pena !
    pernambuco esta enfrentando o caso com a devida seriedade, mostrando os numeros reais, e nao maquiando as estatisticas. paulo camara ainda disse em entrevista ao canal livre que eh uma doenca nova e nao existe “literatura”/bibliografia que possa ajudar. cientistas americanos estarao visitando para realizar pesquisas.
    Nao podemos nos omitir !!!!!

  3. Francisco Rios disse:

    Caro leitor,

    A imagem que a maioria das pessoas de outras regiões têm do Nordeste é exatamente a que o blogueiro ressaltou em seu texto (ou pior). Pois, quando eu revelei na minha rede social que sairia de Santa Catarina para morar em Petrolina, perguntaram-me como eu iria acessar internet no Sertão, tamanho era o desconhecimento da realidade.
    Os amigos citados por V.S.ª só sabem da verdade que relatas, porém, a maioria ainda acha que todos aqui são miseráveis, que o chão é sempre rachado e que comemos calango… Crível!
    Deixe o moço divagar e que seu praguejar atinja o alvo correto, para que se sintam envergonhados de semear a burrice e a intolerância regional.
    Decerto que há muitos investidores de fora da região, mas, o desenvolvimento local é o que menos esperam conseguir com isso! Eles visam o lucro fácil, com mão de obra barata e o alto índice de insolação que propicia duas colheitas por ano… Vi muitos gaúchos, japoneses, mas, nenhum carioca.

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