Morre um dos sobreviventes de tragédia em boate no Sul. Número de vítimas vai a 235

por Carlos Britto // 30 de janeiro de 2013 às 06:40

tragédia boate santa mariaInternado em Porto Alegre, Gustavo Marques Gonçalves, 21 anos, teve morte encefálica confirmada pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul na noite de terça-feira (29). Com a nova vítima, de acordo com dados do órgão estadual, sobe para 235 o número de mortos no incêndio da boate Kiss durante uma festa universitária em Santa Maria.

A morte encefálica foi verificada às 18h01 desta terça, de acordo com a Secretaria da Saúde.

Gustavo teve 70% do corpo queimado, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele era irmão de Deives Marques Gonçalves, 33 anos, também vítima do incêndio.

Ainda há 117 feridos no incêndio durante uma festa universitária na boate Kiss na madrugada deste domingo (27) sendo atendidos em hospitais do Rio Grande do Sul, informou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em entrevista coletiva no Hospital de Caridade, em Santa Maria, na noite desta terça, ele informou que há 64 internados em Santa Maria e 53 em Porto Alegre e na Região Metropolitana.

Entre os pacientes em Santa Maria, 27 estão em ventilação mecânica. Dos pacientes em Porto Alegre, apenas três foram retirados da ventilação mecânica. “Estamos confiantes de que outras pessoas possam ter uma evolução no estado de saúde”, disse Padilha.

Ainda conforme o secretário, há 30 leitos de UTI disponíveis em Santa Maria.

Sinalizador proibido e extintor falso

O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva ontem que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).

“Eles compraram um sinalizador de pirotecnia mais barato, que sabiam que era exclusivamente para ambientes abertos, porque falaram que era mais barato. O sinalizador para ambiente aberto custava R$ 2,50 a unidade e, para ambiente fechado, R$ 70. Eles sabiam disso, usaram este modelo para economizar. Usaram o equipamento para ambiente aberto porque era mais barato”, disse o delegado.

Segundo ele, os integrantes da banda admitiram o uso do sinalizador em depoimento. A banda teria inclusive usado o mesmo modelo de sinalizador em outras apresentações.

O delegado elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.

Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado. “Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.

Ainda segundo o delegado, a espuma utilizada no revestimento da casa noturna não servia como revestimento acústico. “Esta espuma nem faz isolamento acústico, apenas evita eco e é inflamável. Pode ter produzido o gás tóxico”, diz o delegado. Entre os outros problemas apontados por Arigony estão reformas realizadas na boate Kiss que não tinham sido notificadas ou autorizadas pela prefeitura de Santa Maria e pelo Corpo de Bombeiros. A porta de entrada do local também não teria capacidade para dar “evasão de fuga” ao público.

Responsabilidade

O Corpo de Bombeiros, segundo o delegado, informou que o local tinha 615 metros de área e capacidade para 691 pessoas. O alvará de funcionamento estava vencido desde 10 de agosto e o laudo sanitário, desde 31 de março.

Também foi apontado por Arigony falhas na sinalização interna do estabelecimento. “A boate não tinha iluminação para crise. As pessoas podem ter corrido para o banheiro, ao ver a luz ligada lá, achando que era uma saída de emergência e acabaram morrendo asfixiadas lá dentro”.

Até ontem, 44 pessoas já foram ouvidas pela polícia e 10 ofícios de informações foram expedidos a órgãos públicos pedindo explicações e documentos. Segundo o delegado, apenas a Brigada Militar já respondeu aos questionamentos. O delegado afirma que abriu um processo para investigar a responsabilidade do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura de Santa Maria, e se houve improbidade administrativa. (Fonte: G1/foto Reuters)

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