Luiz Eduardo homenageia primo Rafael Coelho: “Um cara como meu pai”

por Carlos Britto // 27 de abril de 2024 às 21:35

Foto: divulgação

Neste artigo, o empresário Luiz Eduardo Coelho rende uma singela homenagem ao seu primo, também empresário Rafael Coelho, falecido aos 56 anos neste sábado (27), em São Paulo.

Confiram:

Dia desses recebi uma ligação de tio Augusto. Coisas assim são corriqueiras e acontecem quando queremos conversar. Sendo que esta feita ele me disse que seria um “papo cabeça”, forma de dizer que ele estava meditativo. No dia seguinte, me atrasei para o encontro no Curtume. Pouco depois, encontrei-o no Hospital Dom Thomaz (HDT), que tem sido “a menina dos olhos” dele e razão maior de sua missão de soerguer o maior núcleo beneficente do VSF. Na sala de reunião, ele estava com a diretoria preparando a visita da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco.

 Era um ‘entra e sai’ danado de gente trazendo dados e elementos que embasariam as demandas por novos investimentos do setor público. Num determinado momento indaguei sobre a construção do núcleo oncológico, quando de pronto ele sugeriu que uma de suas assistentes me levasse para percorrer a unidade hospitalar inteira. Fiquei impressionado. A unidade está montada com equipamentos de primeira linha e a equipe preparada pelo melhor quadro médico de que se tem notícia por aqui. No meu retorno ao seu escritório, a pergunta foi direta: “Você está satisfeito com a maneira como estamos aplicando os recursos dos doadores? Pois, anime-se! Aqui ainda há muito o que se fazer”.

Conversa vai conversa vem, ficamos apenas nós dois na sala e ele pediu que a secretaria “segurasse” o atendimento para que pudéssemos conversar. Tio Augusto estava bem, mas com um semblante cansado e, mal começamos a falar sobre assuntos familiares, ele recebeu uma ligação. Era de familiares que estavam em São Paulo e reportavam notícias sobre a saúde de Rafael, que já havia pegado uma dengue. A ligação nos desnorteou e logo em seguida a chamada de um vereador desviou o rumo de nossa conversa. Saí dali certo de que não havíamos tratado sobre o que me levara até lá.

Na mesma semana fui a São Paulo para acompanhar minha esposa num tratamento, quando em pleno domingo fomos surpreendidos por notícias desalentadoras sobre a saúde de Rafael.

Desde a morte e o passamento de dona Cléa (minha mãe), tio Augusto tinha me pedido que não escrevesse mais. Que ali batera o melhor possível na capacidade de sintetizar sentimentos. E, no entanto, vou contrariar a recomendação porque meu primo Rafael Araújo de Souza Coelho, 56, mais conhecido como Rafa, filho de tio Augusto e tia Mariza, merece levar umas poucas palavras para a posteridade, pois, da minha geração, foi uma pessoa ímpar. Ontem, hoje e amanhã vou me lembrar de episódios de sua vida onde sensibilidade, análise crítica e capacidade realizadora estiveram presentes como em poucos. Exímio jogador de xadrez, Rafael era um poliglota estudioso, gostava de matemática e era conhecido por resolver problemas. Conciliador nato, tinha fino tino comercial e estava sempre disponível para oferecer os melhores aconselhamentos a quem precisasse.

Lembrado em vários pleitos municipais para ocupar cargos públicos, soube ser equidistante do poder, mas fez muito à frente da diretoria na FIEPE. Seu trabalho em prol da comunidade, mais especialmente na APAMI, abriu caminhos de muitos ao voluntariado. Na “Feira da Família”, ao lado da esposa Erika e dos seus 3 filhos (Victor, Daniel e David), arrecadou recursos para os desfavorecidos e, na sequência, para o HDT (Hospital Dom Thomaz – de câncer) idealizado por seu pai. Ironicamente, o câncer o acometeu e o levou.

Rafael sabia que sua missão aqui era outra. Sua vida profissional foi profícua no desenvolvimento imobiliário e urbanístico de Petrolina, construindo verdadeiros bairros planejados; brilhou na administração do negócio de couros e peles, onde conservou os amigos deixados por Zé Coelho, e cativando tantos outros. Na realidade, acho que ele foi um cara como meu pai, pois na família soube ser exemplo de otimismo, generosidade, perseverança e alegria. Compará-lo ao meu pai, vale dizer, é o maior elogio que eu poderia fazer a alguém.

Luiz Eduardo Coelho é hoje apenas um primo saudoso.

Luiz Eduardo homenageia primo Rafael Coelho: “Um cara como meu pai”

  1. Cidadão disse:

    Um jovem que se vai e deixa boas obras aqui na terra, cumprindo sua missão e agradando a DEUS.

  2. Jose Florencio Coelho Filho disse:

    Conheci mais de perto Rafael Coelho trabalhando no voluntariado da Diocese de Petrolina. Cidadão decente e de fala mansa, tal qual seu pai Dr Augusto Coelho. Perde muito Petrolina com seu precoce desaparecimento. Oremos por ele.

  3. Rogério Manoel Lemes de Campos disse:

    Fui professor da Univasf (2008-2016) da disciplina de Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal e todos os semestres fazia 2 visitas ao Curtume Moderno (com o Curso de Medicina Veterinária e com a Zootecnia) e era recebido pelo Dr. Augusto, pelo Rafael e pelo sr.Lins. Rafael exemplo de pessoa educada, respeitosa, honesta e trabalhadora. Nos tornamos amigo e conversamos à algum tempo atrás, mesmo eu hoje eu sendo professor da UFSC e não morando mais em Petrolina. Hoje, lendo esse site, fiquei sabendo dessa inesperada notícia, fiquei muito triste pela partida do meu amigo: DEUS vai recebê-lo de braços abertos e dar por mim esse abraço de despedida que não pude te dar. Sentimentos à todos os familiares e amigos, Forças e Fé.

  4. José Valto disse:

    Sempre admirei o trabalho de Dr. Augusto e família em Petrolina e região. Por ironia do destino em 2013 passei por um grave problema de saúde e Dr. Augusto, através de um pedido de um familiar interveio e me ajudou muito. Não o conheço pessoalmente, e nem os familiares dele, mas sinto hoje a dor por a perda desse jovem filho dele, sei que diante de seu sentimento é apenas um grão de areia no mar. Um dia qd Dr. Augusto partir dessa, o VSF vai chorar muito e ficar um buraco sem tamanho!

  5. Piet Ottevaere disse:

    Durante 6 anos tive a sorte de ser professor de alemão de Rafael. …um aluno excepcional, inteligente, dedicado e determinado. Eu perdi muito, eu como um Belga encontrei nele um grande conhecimento cultural e uma pessoa de refinada educação , além de ser uma pessoa muito carismática e de uma alegria contagiante. Desejo à família condolências e sentiremos bastante sua partida precoce.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários