K1: Pequenos produtores do Tourão questionam Codevasf por “tratamento diferenciado”

por Antonio Carlos Miranda // 12 de maio de 2025 às 11:51

Foto: divulgação

Responsáveis por colocar os alimentos do campo na mesa dos juazeirenses, os pequenos produtores do Projeto Irrigado Tourão não escondem a revolta por conta de uma medida determinada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Uma resolução da Companhia isentou duas grandes empresas do Tourão do pagamento da tarifa de água conhecida por K1. O valor dessa taxa, referente a 31 de janeiro deste ano, é de R$ 1.247.172,04.

Mas o pacote de bondades oferecido pela Codevasf aos dois grupos empresariais remonta ainda ao final de 2024, quando órgão federal lançou mão do montante de R$ 39.932.116,83. Pelo que os produtores entenderam, numa assembleia realizada recentemente na Associação dos Usuários do Perímetro Irrigado de Tourão (AUPIT) – que contou inclusive com um representante da Codevasf -, as empresas já teriam atingido o prazo de 50 anos para quitar os investimentos feitos pelo governo federal no Tourão. O detalhe é que eles também reivindicam os mesmos benefícios, já que estão no perímetro desde quando foi implantado.

Ao Blog, um grupo de produtores cobra da Codevasf os devidos esclarecimentos, o que não aconteceu até agora. Proprietária de lote, Benedita Solange de Souza deixa claro que o problema não é com as empresas, mas com as medidas diferenciadas por parte da Companhia. “Queremos uma explicação, porque fomos pegos de surpresa. Se pra uma empresa pode (isenção do K1), por que pro pequeno produtor não pode?”, desabafou. Ela lembrou ainda que, inicialmente, o Tourão deveria ter 20% de sua área destinada aos pequenos, mas apenas 1% é reservado a esse público. “Onde estão os outros 19%?”, indagou.

Interdição

Vice-presidente do Conselho da AUPIT, o produtor Francisco Félix da Silva lembrou que se os pequenos não pagarem o K1, têm seus nomes negativados e não conseguem sequer crédito junto às instituições bancárias. No entanto, essa é apenas uma das batalhas que os produtores do Tourão estão dispostos a travar. Francisco revelou que a Codevasf teria montado uma comissão para interditar o perímetro irrigado, com o intuito de voltar aos moldes de quase 30 anos atrás, quando as empresas estavam à frente do Tourão.

Até 2016, o perímetro era controlado pelos grupos empresariais, mas desde então os pequenos se uniram e passaram a gerir o Tourão. Para Silvestre Nunes Gonçalves, a administração do perímetro ‘mudou da água para o vinho’, e talvez por isso esteja contrariando interesses. “Ficamos 27 anos sem nenhuma informação, sem balancete. Hoje temos 99,54% de adimplentes no Perímetro Tourão”, afirmou.

Na mesma linha segue a produtora Edineide Gonçalves Mendonça. Ela é uma das mais indignadas com o que considera “política de dois pesos e duas medidas” implementada pela Codevasf. Edineide lembrou que nas assembleias de antigamente, quando os grupos empresariais estavam à frente do Tourão, “não havia nenhuma transparência”. Hoje, tudo é repassado aos pequenos. Juntamente com os demais produtores, ela disse que vai lutar não apenas em relação à isenção do K1, como também a manter a gestão do perímetro da forma como está – incluindo a permanência do gerente Walter Farias Gomes Júnior, cuja atuação é aprovada por todos. “Se precisar, falaremos até com o presidente Lula”, pontuou a produtora.

O fato é que o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) está levantando informações acerca da decisão tomada pela Codevasf, já que não teria sido comunicado do fato. A reportagem do Blog já entrou em contato com a Companhia sobre o assunto.

K1: Pequenos produtores do Tourão questionam Codevasf por “tratamento diferenciado”

  1. Ivanildo Elias de Araújo disse:

    É o governo do amor, o quê governa para os pobres. Quem quiser que se iluda!

  2. Mariano Nunes Aquino disse:

    Uma situação revoltante! Como a Codevasf dá uma isenção desse porte a empresários de grandes empresas e deixa os pequenos produtores excluídos desse benefício? Algo muito estranho! A lei garante isonomia! Vamos lutar até o fim!

  3. José Nunes de Aquino disse:

    Não é de hoje que a CODEVASF deixa de apoiar o pequeno produtor. Somos esquecidos, benefícios vindo da CODEVASF nenhum, mas as tarifas pra pagar não deixam de chegar. Está claro de qual lado a CODEVASF está que é dos grande produtores!
    Continuaremos firmes nessa luta porque a agricultura familiar é o que move nosso país.

  4. Suzana Lima disse:

    O grande sempre quer mais e quando acha uma instituição do Governo Federal pra passar a mão na cabeça aí que a coisa fica melhor!
    Até quando o Brasil aguenta essa corrupção?!
    A união faz a força! Nunca desistir! Juntos somos mais fortes!

  5. Defensor da liberdade disse:

    É por que eles não viram os milhões que a Codevasf usou para asfaltar ruas em Petrolina, enquanto no interior não tem água encanada, quanto mais asfalto nas ruas. Esse órgão deixou de ser incentivador de desenvolvimento faz tempos, virou curral de meia dúzia de políticos e empresários ricos.

  6. Jucelio Lira disse:

    Inadmissível um benefício desse extendido aos mais privilegiados e os demais excluídos!
    A Codevasf empresa que deveria em tese apoiar o pequeno produtor mais uma vez mostra que é madrasta, tira do pequeno para dar ao grande!
    Até quando essa injustiça?!

  7. Silvestre Nunes Gonçalves disse:

    Mostrem os comprovante de 1988 a 1999.

  8. Joder Azevedo disse:

    Revolta! Essa é a palavra. Como acreditar numa instituição pública que privilegia a maior empresa da região! É aquela coisa: todo mundo tem seu preço!

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