Jornalista e escritor compara a Petrolina dos anos dourados com a dos tempos atuais

por Carlos Britto // 21 de setembro de 2011 às 20:31

O jornalista e escritor Jota Mildes não poderia deixar de enaltecer sua querida Petrolina no dia dos seus 116 anos de fundação. Nesta artigo enviado ao Blog, ele faz uma interessante comparação entre a cidade de uma época que deixou saudades e a dos tempos atuais. Confiram:  

 As Petrolinas que eu vejo

A minha homenagem à Petrolina aniversariante é um pouco diferente. Diferente porque nela faço uma sincera comparação entre o que vi ontem e o que hoje eu vejo: a Petrolina bonita, calma, bucólica, romântica, que vivemos em um passado não muito distante, e a Petrolina do presente, bonita, atraente, fervilhante, indiferente.

A primeira, saudosista, cheia de lembranças, de recordações que não acabam mais. A segunda, atual, buliçosa, embalada pela pressa que faz a gente passar pelas pessoas sem as reconhecer, sem parar para um cumprimento. Começo falando da Petrolina de antes, onde todos se conheciam, se cumprimentavam; onde se podia sentar e prosear na porta de casa ou dormir nas calçadas, em noites calorentas, sem medo de assaltos.

Uma Petrolina em que o ponto alto da moçada era passear de mãos dadas na Praça Dom Malan, refrescar-se com as guloseimas das Sorveterias Calípso e Nossa Senhora Auxiliadora. A Petrolina do Ponto Chic, das Pharmácias Rocha e Santa Therezinha, da Sapataria Me Calça e das lojas A Principal, A Primavera, Bazar Útil e Armarinhos Petrolina e Caruaru, assim como dos armazéns Maniçoba, São João, Dois de Julho, Pedro Dias, Zé Moxotó, João Barracão, Teodomiro Araújo, José Cristóvão, João Nascimento, Casa Carlos, Bar e Sinuca de Simplício, Baninho Móveis, Lojas Pernambucanas e Narciso, Alfaiataria Mangabeira, Oficina Mangabeira, Papelaria Kuka, Ourivesaria de João do Ouro, de Bastinho e muitos outros estabelecimentos à moda da época que ficaria cansativo enumerar.

Também uma lembrança da Agência da Varig, do antigo Aeroporto, do Instituto e Patrimônio São José, dos Jornais O Pharol e O Sertão, dos Serviços de Alto-Falantes de Sissí e Menininho, da genuína Emissora Rural A Voz do São Francisco cujo surgimento acompanhei desde a festiva chegada dos transmissores e montagem dos equipamentos e da torre até a sua inauguração (a triunfal entrada no ar com a música ÊXODUS, escolha feita por mim, a quem desde o início de todo o processo Dom Antonio confiou a gerência e nesta permaneci por longo tempo até me transferir para a Rádio Juazeiro a convite dos seus proprietários – um fato praticamente desconhecido por conta da história mal contada que se ouve hoje em dia sobre a trajetória inicial desta importante radioemissora – e sobre o quê estou preparando um livro referente ao papel de alavanca de progresso que os meios de comunicação trouxeram para a nossa região! E não podemos esquecer, quando se fala de progresso, do benefício trazido pela construção da redentora rodovia asfaltada Recife/Petrolina pelo Governador Nilo Coelho.

Junte-se a estas lembranças a recordação das concorridas festas natalinas, do Mês de Maio na Matriz, das tardes dançantes na Sociedade 21 de Setembro e no Petrolina Clube, dos carnavais cuja tônica eram as Escolas de Samba, onde se destacavam no gosto popular a Pirata Reis do Samba (de Expedito) e Escola de Adão, a Escola de Dona Mariquinha, entre outras.

A outra Petrolina é esta de hoje, sempre pujante, ascendente, encantadora – embora ainda com muito a desejar quanto a infraestrutura e planejamento. A cidade conhecida como grande celeiro e exportadora de frutas, possuidora de importante aglomerado de meios de comunicação, destacando-se entre estes as suas emissoras de rádio e sem dúvidas este moderno sistema de divulgação web – o Blog do Carlos Brito. Uma cidade bela de se ver e se morar, com um rio a molhar-lhe os pés nos dias de calor de mais de 30 graus.

Cidade generosa que não para de crescer, que se abre para receber milhares de famílias que aqui aportam em busca de melhora de vida, vindas de cidades e regiões vizinhas, de outros estados, de qualquer lugar, de muito distante, de além-mar. Petrolina é como coração de mãe: sempre cabe mais um (e mais muitos) e aceita a todos com carinho, embora nem sempre a recíproca seja verdadeira! Hoje, da Petrolina do passado restam “pouco” e “poucos”, mas esse pouco é ainda o que mais lhe identifica, e esses poucos são os que mais lhe enobrecem: são os alicerces do futuro e os construtores de uma memória que não pode ser apagada pelo passar do tempo!

É assim que hoje vejo Petrolina, duas em uma – surpreendente igual ao vinho que já se produz em suas entranhas e que para degustação e consumo quanto mais velho melhor ficam o aroma, o seu bouquet, o seu paladar.

Pena é que não posso estar hoje presente nas festas dos seus 116 anos (a ausência de resposta às cartas e e-mails que enviei para o poder público oferecendo-me para restaurar as esculturas de minha autoria instaladas na orla do rio e no Bodódromo fizeram-me comprometer-me aqui com a execução de trabalhos no Distrito Federal justamente neste período). Outras oportunidades virão, por certo.

Saudações, Petrolina. Parabéns.

Jota Mildes/Jornalista e Escritor (foto/Google)

Jornalista e escritor compara a Petrolina dos anos dourados com a dos tempos atuais

  1. Mazarello dos Santos Silva disse:

    Olá jmildes voce me fez chorar com tanta recordação da minha petrolina naqueles tempos de paz em que as pessoa se respéitava mais e nossa petroloina era tão calma. parabens pelo que voce ewsecrteveu. voce e um grande artista e escritor.

  2. José Calixto Cláudio disse:

    Eu admiro Jmildes desde o tempo das rádia que ele trtabalhava ee como artista que ele é agora escrevendo essas coisa linda. Sou fan da sua estauta da justiça na frente do prédio do forum de Petrolina. J voce é privilagiado parece que estou vendo vendo petrolina dos ano setenta e oitenta.Petrolina meus abraço.

  3. Isabel disse:

    Sou petrolinense de corpo e alma. Amei o texto e a forma como tudo foi descrito. Senti-me como se tivesse sido transportada para o passado. Saudades de tudo : da minha infância e dos amigos que aí deixei. Salve, salve, nossa querida Petrolina.!

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