“Nós entramos para Classe média“. Com essas palavras, a agricultora Maria Verônica definiu o sucesso do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) em Pernambuco. Com 31 anos, casada, mãe de dois filhos, Maria é assentada na Fazenda Poço da Cruz (239 ha), município de Ouricuri, junto com mais seis famílias. Sem alternativa de sobrevivência, durante uma das secas que assolou o Araripe, Maria migrou para o Rio de Janeiro onde trabalhou como empregada doméstica. Após quase três anos, fez o caminho de volta e conheceu o PNCF. “Hoje temos nossa própria terra, criamos cabra, galinha, plantamos milho, feijão e uma série de outras culturas. Comemos melhor e geramos renda com a nossa produção. Entramos para a classe média”, afirmou, emocionada, a agricultora. Toda a criação de ovinos e caprinos do assentamento é enviada para o abatedouro comunitário “Aprisco”, em Parnamirim, onde a carne é comercializada para grandes indústrias. A propriedade foi adquirida em 2006.
De Lagoa Grande, Sertão do São Francisco, veio outra bela experiência. A fazenda Malhada Real (180 hectares) tem 15 famílias assentadas e fica na beira do Rio São Francisco. Através de irrigação, produz 2 colheitas de uva de mesa por ano. “Só este ano, produzimos e vendemos mais de 80 toneladas de uva, gerando uma receita de R$ 110 mil,” afirmou o agricultor Francisco Ferreira Lopes, mais conhecido como “Chicão”.
Estes e mais 14 outros exemplos foram apresentados durante a 2ª Oficina de Assistência Técnica para a áreas do PNCF, promovida pelo Iterpe, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário. O evento aconteceu de 21 a 23 de dezembro, no Viver Hotel Fazenda, em Moreno.
Através do crédito fundiário, executado em Pernambuco pelo Iterpe, os agricultores podem financiar a compra da própria terra e ter acesso aos investimentos produtivos. O financiamento tem juros baixos, prazo de carência de 03 anos, e 20 anos de prazo para pagamento da propriedade. No período de 2007-2010, o Governo de Pernambuco já assentou 1.152 famílias em 68 propriedades rurais, 65 destas, adquiridas através do PNCF. Os recursos para investimento produtivo, incluindo a construção de casas, não são reembolsáveis. Ou seja, os agricultores precisam apenas apresentar a prestação de contas.
Além das já citadas, foram apresentadas experiências de sucesso na área de manejo da caatinga, apicultura, produção de licores e doces artesanais, bovinocultura de leite, produção de orgânicos, dentre outras. “Eventos como esse mostram a força econômica da agricultura familiar, sua diversidade e riqueza produtivas. Um importante setor da nossa economia que tem retirado da pobreza milhares de agricultores familiares em nosso Estado.” Afirmou o Presidente do Iterpe, José Estevo Barbosa (Mantena). Segundo ele, até o final de 2011, o Iterpe irá adquirir 98 propriedades rurais e assentar mais de mil famílias. “Serão investidos mais de 73 milhões de Reais, incluindo recursos do Pronaf, na agricultura familiar pernambucana,” finalizou Mantena.
Presente à oficina, o secretário nacional de Reordenamento Agrário, Adhemar Almeida, apresentou um balanço das ações da Secretaria no Governo Lula e as perspectivas para o futuro governo Dilma Roussef. A 2ª oficina contou a participação do poder público (IPA, Prorural, CPRH, Projeto Dom Hélder, Banco do Nordeste) e sociedade civil (Fetape, Federação dos Agricultores Familiares e empresas de assistência técnica).



Fui consultor do PNCF no núcleo de Serra Talhada durante 03 anos; Quando vejo essas informações e depoimentos fico feliz em saber que as ações do programa vem atingindo seu público alvo e fazendo a diferença na vida dos agricultores familiares. Parabenizo todos que fazem parte do ITERPE e dos parceiros envolvidos neste processo; Um grande abraço aos amigos.