Frente Parlamentar da Alepe em Defesa do Rio São Francisco promove audiência pública em Petrolina

por Carlos Britto // 03 de junho de 2019 às 21:00

Foto: divulgação

A Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), promoveu nesta segunda-feira (3) uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Petrolina. Coordenada pelo deputado estadual Lucas Ramos (PSB), a reunião durou mais de quatro horas e teve, entre os temas abordados, os riscos ao Velho Chico após o rompimento da barragem da Vale, ocorrido no dia 25 de janeiro deste ano no município de Brumadinho, em Minas Gerais. O colegiado já promoveu o debate no Recife, em Cabrobó e Floresta.

Na abertura da audiência, Lucas Ramos declarou que tem como uma das bandeiras do mandato a preservação do rio. “Minha geração recebeu o rio saudável e não será a responsável pela morte dele, por isso colocamos como prioridade absoluta o debate sobre a saúde do São Francisco. Assim que ocorreu a tragédia em Brumadinho, nos empenhamos em implantar esta Frente Parlamentar já no segundo dia de trabalho desta legislatura porque sabemos da responsabilidade que temos com o futuro da nossa região“, afirmou.

Lucas ressaltou que a audiência pública é um momento importante para a construção coletiva de soluções. “Levamos informações para a sociedade e autoridades públicas, ouvimos posicionamentos que vão contribuir na elaboração de um documento base para os chefes dos poderes executivos municipais, estaduais e federais, aqueles que detêm o orçamento para realização das ações necessárias para termos garantido os usos múltiplos dos recursos do rio”, observou.

O deputado também cobrou celeridade do Congresso Nacional na análise do Projeto de Lei nº 3729/2014, que trata do licenciamento ambiental no país. “O texto está travado há 15 anos, mesmo tramitando em regime de urgência. Enquanto isso, o Brasil chora as vítimas de acidentes com barragens. Só em Brumadinho, contabilizamos 270 vítimas entre mortos e desaparecidos. É impossível esperar mais“, completou.

A audiência foi presidida pelo vereador Ronaldo Souza (PTB), que elogiou a iniciativa. “A audiência promovida pela Assembleia Legislativa aqui em Petrolina mostra a grandeza do debate. O São Francisco é a vida da gente“, disse. O pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e pós-doutor em Gestão de Risco aos Desastres Naturais, Neison Freire, coordena estudos que acompanham o deslocamento dos rejeitos despejados pela barragem. Ele sublinhou a importância da realização do evento em Petrolina: “As audiências públicas promovidas pela Frente têm a capacidade de mobilizar a população para o problema. Todos nós somos afetados, não apenas aqueles atingidos pela lama de Brumadinho”.

Foto: divulgação

Medidas

Neison alertou que medidas de contenção da poluição devem ser tomadas com rapidez. “Uma parte desse material tende a se depositar nas represas, mas outra parte é levada ao longo da bacia hidrográfica e chegará ao São Francisco. Temos que detectar o deslocamento da contaminação para informar com antecipação, para fins de planejamento de medidas efetivas de proteção“, salientou o pesquisador, que avalia como prioridade a retirada da lama que está depositada em Brumadinho e continua poluindo o leito do Paraopeba.

Um dos presentes ao debate, o prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Cappellaro, demonstrou preocupação com cenário atual. “Estamos empenhados em mobilizar poder público e sociedade porque sabemos do papel que o rio desempenha para o desenvolvimento econômico não só de Lagoa Grande, mas de muitos municípios do semiárido. A empresa mineradora também precisa ser responsabilizada para evitar danos maiores a todos que dependem das águas do São Francisco”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina, Jaílson Lira, cobrou ações que permitam manter a produtividade local, em especial da fruticultura. “É preciso muita responsabilidade, muito critério nas avaliações que são feitas sobre o problema que estamos enfrentando e nós esperamos do poder público o comprometimento com uma região tão importante como a nossa“, declarou. “Daqui, abastecemos o Brasil e levamos até a Europa e os Estados Unidos as nossas frutas graças ao São Francisco“, ressaltou o presidente.

A audiência pública também tratou de temas como a utilização de agrotóxicos e a falta de políticas concretas de preservação ambiental. A deputada Dulcicleide Amorim (PT), que integra a Frente Parlamentar, advertiu: “Hoje a agricultura familiar e irrigada sustentam a economia de Petrolina. Portanto, entre os pontos que devemos levantar está a questão dos agrotóxicos e as consequências que essa utilização tem para o rio e para a saúde da população”.

A situação da população impactada diretamente por acidentes como o ocorrido em Minas Gerais foi tratada pela coordenadora nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, Fernanda Rodrigues, que elogiou a disposição do deputado. “É um tema muito caro para nossa região. Parabenizamos a atitude do deputado Lucas em criar a frente e trazer esse assunto para todo o estado. Precisamos de ações práticas que defendam o rio e a população que depende dele para sobreviver, além de cobrar a punição da empresa responsável“, frisou.

Frente Parlamentar da Alepe em Defesa do Rio São Francisco promove audiência pública em Petrolina

  1. Carlos Martins disse:

    O Rio São Francisco se acabando e eles nesse mimimi.

  2. Petrolina disse:

    Só a compesa pode poluir o Rio. Que negócio é esse de Brumadinho fazendo concorrência?

  3. MARCIUS disse:

    Se essas audiências desse em alguma coisa. Só mimimi e dinheiro do povo gasto

  4. Juscileide Medeiros disse:

    De medidas concretas e boas para salvar o Rio São Francisco e, por sua vez, todas as cidades ribeirinhas e longínquas que tem o seu abastecimento humano, sem falar que a economia destas cidades e das circunvizinhas é mantida pelo Velho Chico, o que foi feito nesta reunião e nas demais? Esclareçam senhores Vereadores e Deputados Pernambucanos, vão deixar Morrer o Rio que ainda dá um pouco de alento ao árido Nordeste brasileiro?????? Depois que os rejeitos chegarem ao leito do rio e sua poluição estiver comprovada, vcs vão ver os consumidores de frutas e quaisquer itens da agricultura irrigada correr léguas de distância. Vi com tristeza os indígenas que habitam as margens do Rio Paraopebas na mais triste situação que pode ficar uma população que perde a sua terra, seus animais, sua diversão e sua fonte de água poluída pela atividade mineradora, que na grande maioria, tem investidores estrangeiros que não estão nem aí para o Brasil. Querem mais é que todas as suas fontes de água sejam poluídas e que a independência do Brasil seja usurpada desta forma. Pq sem água como o Brasil produzirá seus alimentos? o Brasil pelo andar da carruagem desgovernada que temos, daqui poucos anos não terá mais sustentabilidade econômica e nem independência para usufruir de suas riquezas naturais, posto que tudo estará devastada pela ganância de uns poucos ricos, loucos e gananciosos que habitam este Mundo!!! Acordem ou morreremos de sede dentre em breve!!!!!

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