Em carta de repúdio, comunitária fala de “peregrinação e humilhação” na Promatre de Juazeiro

por Carlos Britto // 10 de dezembro de 2014 às 14:04

DENUNCIA NA OUVIDORIAIndignada com o atendimento recebido no Hospital Promatre, em Juazeiro, a leitora Ioná Pereira enviou um desabafo ao Blog. EIa conta que desde quando precisou de atendimento, vem sendo “humilhada”.

Acompanhem:

Meu nome é Ioná Pereira da Silva, 43 anos, Soteropolitana morando em Juazeiro/BA desde 2007, Pedagoga, Teóloga, cursando especialização em dança educacional e artes cênicas, atualmente trabalhando como Conselheira Tutelar eleita por voto direto para um mandato de 2012 a 2016. Estou Coordenadora Territorial da Associação Nacional de Preservação da Cultura Bantu (ACBANTU), desenvolvendo um trabalho de fortalecimento e valorização dos Povos de Terreiro, conselheira Estadual de segurança alimentar e nutricional (Bahia), presidente do conselho municipal de segurança alimentar e nutricional, membro do conselho municipal de Promoção a Igualdade Racial (Juazeiro-BA).

Em novembro deste ano completou exatamente 2 anos em que foi detectado um quadro  de miomas em  meu útero e  que precisava ser cuidado. Neste tempo comecei um tratamento orientado por Drª Jane,  uma ginecologista/cirurgiã do serviço de saúde do município de Juazeiro/BA, tratamento  que consiste em tomar um anticoncepcional ininterruptamente. Isso porém não evitou que frequentemente e sem motivos aparentes eu tivesse crises terríveis de cólicas, que já  me levaram a recorrer ao serviço de emergência por três vezes no hospital CLISE.

Esse processo é seguido de hemorragia, que já chegou a durar  até quatro meses sem parar. Seguindo este processo doloroso  há um ano foi  me informado  que precisaria passar por uma histerectomia (cirurgia que retira o útero). Desde então comecei a fazer exames pré-operatórios e  quando estes ficaram prontos comecei uma dolorosa, humilhante e cansativa  peregrinação em busca de marcar a consulta com um(a) médico(a) cirurgião(ã) para receber o documento de nome AIH (Autorização  de Internação Hospitalar).

Depois de  muita luta a consulta  foi marcada para o último dia 08.12.2014, às 17:00, no Hospital Promatre, com o Doutor Valquirio Albuquerque de Jesus – ginecologista, obstetra e cirurgião geral. Ao deixar a guia de autorização para o atendimento, às 13:30 na recepção do citado hospital,  fui informada que  o médico só começaria  a atender no final da tarde; retornei então às 16:00 e  levei um susto ao ser informada que  só são feitos 3 atendimentos de pacientes do SUS por dia e que estes são os últimos, pois primeiro ele atende os pacientes particulares e os pacientes de convênio. Que  eu retornasse  então a partir das 18:30, e  foi o  que eu fiz. Retornei e fiquei lá esperando à mercê da vontade do atendimento, pois se chegasse depois de mim algum paciente particular ou de convênio, passaria na minha frente, e quando perguntei que horas eu seria atendida e  se havia muita gente na minha frente, ouvi de uma das atendentes  que eu tivesse paciência pois os pacientes do SUS são os últimos. Quando  questionei este sistema, a atendente disse: “TENHA  CALMA SENHORA, POIS OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS!”.

Eu então  me sentei e esperei. Mais ou menos às 20:00 fui  atendida. Ao entrar no consultório cumprimentei o dr.Valquirio e  contei minha trajetória,  disse que estava ali para que ele me desse uma  AIH, pois o sistema de marcação de consulta havia me encaminhado para ele, pois  a médica que me acompanha está de férias e não estou mais conseguindo esperar pela cirurgia. Ele então me disse que não daria o documento pois estava muito sobrecarregado com os atendimentos do SUS  e  ia dar um tempo nas cirurgias. Que se eu pudesse esperar para o final de janeiro ou a partir do  mês de fevereiro, bom. Caso contrário que eu procurasse outro meéico pois ele estava fazendo 3 a 4 cirurgias pelo SUS e ganhando mal.

Enquanto outros fazem uma cirurgia e ganham bem, que eu procurasse outro profissional. Eu então tentei negociar com ele para que me desse o documento (AIH) pois eu  me comprometia a pedir  no ato da marcação  que fosse indicado outro profissional para a realização da minha  cirurgia. Ele voltou a me dizer que não daria a  AIH, pois se desse o sistema colocaria para ele fazer a minha cirurgia e que ele já sabia como eram estas coisas, pois ele sempre esta lá na clínica atendendo, e agora é final de ano e ele está muito cansado. Olhou meus exames e disse que o caso era sério mesmo, mas que  não podia fazer nada. Ele não iria fazer a cirurgia e que eu procurasse outro médico. Eu agradeci  e sai  da sala aos prantos, me sentindo um lixo, me sentindo agredida como cidadã, contribuinte e como paciente, pois se ele está sobrecarregado, cabe a ele comunicar à Secretaria de Saúde do município e entrar num acordo com ela. Eu não tenho nada a ver com isso e não posso ser penalizada pelos problemas profissionais dele.

Se fosse um exame simples ou uma consulta qualquer até dava pra esperar, mas não é nada disso. É uma cirurgia com um quadro de urgência. Imagine…tivemos de mover céus e terra para conseguir marcar o atendimento com ele, agora tenho que começar  de novo para marcar com outro profissional, sem falar na humilhação que foi o período de espera pela consulta. Só em ouvir  várias vezes que os pacientes do SUS são por último e  quando se questiona que tem de ter  paciência, sinceramente não entendo por que os pacientes do SUS  são por último. Por que tem que ter paciência? e tem que  ficar à mercê do atendimento, se chegam ou não mais pacientes particulares ou de convênio? .

Isso é um absurdo, pois eu sou uma  cidadã e contribuinte que pago impostos o tempo todo, por isso acredito que pago até  mais do que quem paga uma vez pelo serviço de forma particular (já que estes têm o serviço deduzido no imposto de renda), melhor seria que fosse atendido um paciente de convênio, outro  do SUS e outro particular ou vice- versa, mas que todos fossem tratados de forma igualitária, afinal eles não estão fazendo favor aos pacientes do SUS. Eles são pagos para isso e se acham  que o valor que  recebem é  pouco, então saiam e dêem lugar a outros, mas não nos tratem assim. Eu me senti desde o processo de espera e durante toda  a conversa com este doutor  como se estivesse mendigando, pedindo um favor, por isso após chorar muito tomei a decisão de fazer este registro e publicitar, pois estou me sentindo muito desrespeitada, muito humilhada. Já não basta todo o sofrimento causado pela doença, ainda tenho que passar por uma situação como esta.

Esta carta de Repúdio vem para ser  instrumento de protesto também para  SOLICITAR UMA SOLUÇÃO, no intuito de  dar um fim a minha peregrinação em busca da cirurgia Histerectomia e também para acabar com o  atendimento humilhante que é dado aos pacientes do SUS, hoje especificamente atendidos pelo Dr.Valquirio na clínica Promatre. Espero que este instrumento consiga cumprir seu papel e contribua para a Humanização do atendimento prestado pelo SUS em nosso município.

 Ioná Pereira da Silva/Leitora

Em carta de repúdio, comunitária fala de “peregrinação e humilhação” na Promatre de Juazeiro

  1. Maria disse:

    engraçado! Esses comerciantes da saúde reclamam que recebem pouco, mas não largam o SUS, porquê? Depois reclamam quando os governantes tomam uma atitude, como foi feito com o Mais Médico.
    D. Ioná, coloque esse comerciante da saúde no Ministério Público.

  2. Yasmim Mirelle disse:

    Um absurdo isso sim,esse cidadão é a prova de que tem sim médicos que só exercem a função por causa do dinheiro,nós dependentes da saude publica não tem nada a ver se os profissionais ganham pouco ou muito isso é problema deles,se estão dentro de um hospital e atendem pelo SUS eles tem que fazer o trabalhos dele lá dentro e não dizer que não vai fazer porque ganha pouco,parece até piada a pessoa com uma doença séria dessas ter que ouvir certas baboseiras da boca de quem diz ser um profissional,não merecia nem exercer a função quanto mais ganhar algo pelos pacientes que atendem pelo SUS.

  3. Rogério Espíndula disse:

    Procure o Dr, Francisco Otaviano e faça a sua cirurgia pois com certeza foi, é e sempre será o melhor ginecologista de juazeiro, em 1986 ele operou a minha companheira e foi um sucesso. Me desculpe nunca gostei dos médicos que atendem na Pro-Matre, tanto é que Dr.Rogério e sua equipe de urologistas e proctologistas hoje não mais atendem nesse infame hospital.

  4. coewlhos disse:

    Podre todos eles, médicos medíocres !!!

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Últimos Comentários

  1. Era tão articulado que foi eleito sem voto pelos militares. Não ganhou por mérito próprio, foi imposto.